Ninho de morcego
Para muita gente o morcego é um animal repulsivo, asqueroso, demoníaco. Compreendo a aversão (mas eu não compartilho dela) que tal gente sente por tal criatura, pois conheço a lenda de Drácula, da Transilvânia, o vampiro mais famoso do universo, lenda que, ensina-nos a história, foi inspirada no morcego - ou é a má fama do morcego inspirada na biografia de Conde Vlad III Dracul, famoso personagem da história romena.
O morcego, entendo, é um animal fascinante, e tão fascinante que me despertou o desejo de estudá-lo. E ao estudo de tão extraordinária criatura dedico-me há vinte anos. E hoje decidi compartilhar com todos os que me lêem de alguns dos conhecimentos que reuni em duas décadas de estudos de animal tão difamado, animal cuja imagem se confunde com a do crudelíssimo Drácula, imortalizado, este, pelo escritor Bram Stoker.
Sem delongas, digo: nos estudos de ornitologia aprendi: cada casal de morcegos, constituído de um macho e uma fêmea, durante os meses de acasalamento, reprodução e cuidado com os filhotes, constrói, nas árvores, ou nas cavernas, um ninho - composto de pequenos galhos, folhas e terras - de ponta-cabeça. A fêmea, fecundada, põe, em cada ninhada, três pequenos ovos, cada um deles dotado de dois minúsculos pés, cujos dedos, finíssimos, engancham-se nos galhos que compõem o ninho. Assim que os ovos eclodem, os filhotes, deles retirando-se, largam-se no espaço, abrem as asas e voam livremente, com a desenvoltura de voadores experientes. Encerro aqui o meu artigo, pois não pretendo estendê-lo a ponto de emprestar-lhe as dimensões de um tratado ornitológico. Pretendi, unicamente, dar a público algumas curiosidades a respeito de animal tão deslumbrante.
Em outra oportunidade, que se me oferecer, compartilharei com vocês que me lêem o conhecimento que acumulei da vida das baleias jubarte nos dez anos durante os quais dediquei-me ao estudo de ictiologia.
Nota de rodapé: um esclarecimento: o morcego fêmea põe ovos, e não bota ovos, pois botar é verbo intransitivo, sinônimo de fabricação de botas, sabe todo herdeiro dos lusitanos conhecedor do idioma de Camões.