POLÉMICA GALINÁCEA
“No reino da lusa poesia”
Entre as duas margens do Mondego
E as bordas do Tejo com arrozais
Gladiam-se dois vates em desassossego
Mas bicando-se cada vez mais…
Ninguém vislumbra qual o segredo
Nem qual a razão de tais sinais
Temendo-se que, d´ enredo em enredo,
Se acabe o “milho” dos pardais…
Já foram notáveis “garnisés”
No distinto ofício de versejar
Hoje em “galos” se querem tornar
Pondo-se, hora-a-hora, em bicos de pés.
Há que pôr ordem na “capoeira”
Mas ninguém vê mestria na praça,
Nem Macedo ou Bocage – de sua graça –
Teriam, em tal tarefa, jeiteira.
Anda neste Parnaso o vil Diabo,
Embaciando a ingénua inspiração…
- Ó Vates – se vos prezais! – atenção:
Ide fazer o inferno pra outro lado!
(Nesta polémica galinácea,
Inquira-se, serão conflitos d´ interesse?
Se tal é, todos temos pena – vê-se! –
Lamenta a Poesia e a … eficácia!)
Frassino Machado
In ODIRONIAS