OS BIFES REDIOS
“O Requiem das vacas-voadoras”
Dos velhos tempos do país
Chegou até nós a festança
Hoje, nem à frente do nariz
Se vê um bife de confiança.
O meritíssimo Reitor
Da Universidade, feliz
Acabou com o bife-mor
Dos velhos tempos do país.
Ser carne ou peixe, eis a questão,
Anda pela rua brava dança,
Todos apostam ter razão,
Chegou até nós a festança.
Nos velhos tempos d´ outrora
Não havia fartura de raiz,
Ninguém zurze a “velha senhora”
Hoje, nem à frente do nariz.
Se é vaca ou se é bacalhau,
Cada opinião se balança
Entre o ser bom ou o ser mau
Se vê um bife de confiança.
Se correm perigo as “voadoras”?
Venham apostas e desafios…
Mas, de momento, fora-de-horas
Já se vêem voar os bifes redios.
Na torre da Universidade
Já chora triste o “Cabrão”
Pois só se vê andar p´ la cidade
A abóbora, a salsa e o agrião.
- Carne de vaca, isso é qu´ era bom,
Antes coelho-à-caçador ou perdiz,
Com cenoura ou tomate-mijão
E, pra beber, água do chafariz!
- Ai vaca, ai minha companheira,
Em cada esquina há um sarilho,
O bife anda sem eira-nem-beira
E já nem há erva pro novilho…
- Ai, ó boi, ó meu camarada,
Pelo andar da carruagem,
Vai para a mesa a entremeada
E a nós, resta-nos a viagem…
- O quê? Sugeres a emigração?
Eu nasci com um par d´ adornos…
Nem sabem eles pra onde vão,
Ou não tenha eu os melhores cornos!
- Vacas-voadoras de todo o mundo,
Ó bifes-redios que vos prezais,
Se atacardes já de prego a fundo
Mostrareis quem É qu´ vale mais!
Frassino Machado
In ODIRONIAS