CARA e COROA
Sentado na cadeira do caixa consultando o preço de algumas mercadorias,eis que surge uma " tropa de elite", meia dúzia de meninas,que juntas pareciam um lindo buquê de flores. Meus olhos antes atentos no computador passaram a consultar outras mercadorias,outros detalhes.Uma delas dispensou-se das demais e dirigiu-se a sessão de perfumaria.Acompanhei-a com os olhos.Levantei e,assim como um beija flor que vai de flor em flor,eu, de produto em produto - arrumando,puxando-os para frente,fui aproximando...Educadamente, perguntei:
- Posso ajudar ?
Ignorou minha pergunta. Mesmo assim, insisti:
- Você é da Lagoa das Flores ?
- Sou. Por quê ?
- Só mesmo sendo de lá para encontrar uma flor tão bela assim,
- E só mesmo,aqui em Anagé, para ouvi uma cantada tão barata como essa.
Envergonhado, dei as costas e "voei" de volta para o caixa.
Após alguns segundos,ela, chega com um condicionador Dove.Coloca em cima do balcão,não pergunta o preço - tem no produto, R$ 7,95 -, tira o dinheiro da algibeira, 8 reais, não me dá nas mãos;embalei o produto,peguei as 4 tartarugas,guardei na gaveta e, ao contrário dela, entreguei o troco em sua delicada mão direita.A moeda mal pousou na palma da mão e, logo, estava em cima do balcão.Desprezada. Antes da "rosa" sair, agradeci a preferência, e por um instante ficamos,eu e a moeda. nos olhando, eu para sua COROA ; ela, para minha CARA. Ambos desprezados por uma mulher que: por fora era uma rosa, mas por dentro, uma urtiga, um cansanção.