Meu pacto com o... Lucrécia
Estava sentado num banco a beira-mar. Senti que alguém sentou-se ao meu lado e virei o rosto para cumprimenta-lo com um aceno de cabeça. Era uma mulher atraente. Até hoje não sei como descrever a beleza dela.
- Bom dia. Sou Lucrécia. O senhor não me conhece, mas sabemos tudo, tudo desde quando o senhor nasceu!
Estranhei a afirmação sobre minha pessoa e lhe dei um ligeiro olhar de "cara de paisagem" já me preparando pra levantar e ir embora.
- Bom... sem rodeios. Lúcifer não pode vir pois o pai dele o convocou pra que ficasse atento porque ele (o pai) iria criar um novo tufão nas Bermudas.
"Cada maluco, no caso, maluca que me aparece"- pensei e ao mesmo tempo me levantei.
- Sente-se e scuta! Vou levar tua alma. Lógico que voce tem que morrer primeiro!
Algo me fazia ficar imóvel e encarar aquela mulher de beleza indefinida.
- Posso te matar a qualquer momento. Teu coração não aguenta voce atravessar a rua, dando aquela corridinha. Por outro lado voce continua socializando e de vez em quando "enchendo a lata" com os amigos. Portanto, vou te dar a benesse de voce escolher qual das duas opções voce quer que eu te mate.
Foi então que percebi através do claro sadismo incluído na sentença, quem era aquela senhora que me fazia tremer e temê-la. Ao mesmo tempo estava fascinado com a presença de uma anjo das trevas incorporada como uma mortal comum, perguntando-me como eu queria ser morto.
- Vamos! Teu tempo está acabando! Queres morrer atravessando a rua ou bebendo com teus amigos!?
Bom, e aí? o que eu podia fazer? Não cheguei a surtar, mas fiquei amedrontado de tal forma que nunca mais atravessei uma rua e, ainda bem, meu bar favorito fica na mesma calçada da minha casa.