O CÃO DANADO
“No Dia mundial do Cão” (*)
- Foge, foge, ó cão danado
Que ainda te fazem deputado!
Para onde, senhor doutor,
Se me querem comendador?
Consagrou o insigne poeta
Sobre o “cão” chistoso ditado,
Ao vê-lo cirandar na roleta,
- Foge, foge, ó cão danado.
O poeta tornou-se ecologista,
Ao ver um cão marginalizado:
- Ai, cão, vê se baixas a crista
Que ainda te fazem deputado!
Esse tal cão nunca pensou
Que a sua vida tinha valor
Pois, de imediato, ripostou:
- Para onde, senhor doutor?
- O Parlamento é o teu lugar
Já que tu és bom palrador…
- Que melhor poderei eu esperar
Se me querem comendador?
- No «Dia mundial do Cão»
Haverá festa de arromba
Se não ganhares esta eleição
Terás logo de andar de tromba.
- Nos tempos que correm, o que vemos?
Só tratamentos abaixo de cão…
Sendo assim, concluiremos
Qu´ este mundo não tem solução:
- Em cada esquina “ferra-se o cão”
E o caloteiro goza contente;
Na vigarice, de chão em chão,
Esta “vida de cão” que aguente!
Se um Cão de elite tudo pode
É porque se soube habilitar:
Ser um cão que ladra e não morde
É porque aprendeu a ladrar!
Não tem currículo um cão danado
Já que deixou de ser “barão”
Mas se subir a Deputado
Passa a ter mais reputação…
Se um pardal chateia muita gente
Um bando chatearia muito mais,
Havendo promoção a quente
Terá de haver espanta-pardais.
Ser Cão-deputado é mordomia,
Cão-danado seria bem pior,
Deixar de ser danado é alforria
Melhor qu´ isso, só Comendador!
Frassino Machado
In ODIRONIAS
www.frassinomachado.net
(*) – Parafraseando Almeida Garrett