CRÔNICA DE UMA FEIRA DE SÁBADO
Radioso sábado, há feira,
Belos e belas feirantes
Anunciam produtos bastantes
De suas formas costumeiras.
Bancas de frutos, flores, verduras,
Legumes: Festa da Agricultura.
Pessoas transitam, desse desfile
Negócios, sustento a exigir-lhes.
Dona Sebastiana lança seus perdigotos.
Prega a Palavra como rufião alcovitaria.
As gotas de sua baba são mísseis.
Prega a mendigos, velhos, garotos
E isso desde o nascer da luz do dia.
Todos fogem de suas gotas, são uns difíceis.
Há até algumas freiras naquela feira.
Só Deus sabe o que vai sob aqueles hábitos
Delas de escolha de berinjelas e pepinos,
Azo que distrai de suas vidas em pasmaceira.
Quando do convento saem, aos sábados,
É como se empinassem pipas feito meninos.
Barnabé trôpego por duas pingas cambaleia.
Dona sebastiana denuncia-lhe essa coisa feia
De beber, falta de fé. A freira não aprecia esse canto,
Falta de fá. Um grego diria, falta de fi, portanto
(Nenhum deles lera Fó) o chinês diria:"Fu,fu"
Mas Barnabé pensou mandá-los tomar nalgo que rima em u.
O cantor dá uma de cantar jogral.
sebastiana sugere-lhe canto gospel.
Ele pede palha do som, ela cospe-o.
A freira, sorrindo, diz "nada mau".
Um rabino escolhe rabo de porco para a feijoada.
Uma freira quer casar com Cristo e mais nada.
Um islâmico afirma praticar a castidade.
Dona Sebastiana quer converter toda a cidade.
Tomates , pepinos, batatas , cenouras
Riem-se das impossibilidades humanas.
A menina pobre aguarda pela xepa.
A cadela prenhe vê a banca de carne e agoura
Para que elas caiam ao chão ao menos nesta semana
E eu na dúvida atroz: Alface lisa ou crespa ?