MALDADE

MALDADE

Ronaldo José de Almeida

Genebaldo, rapaz muito bem apessoado, embora não fosse rico, vivia como tal.

Passava a noite nas rodas de jogo carteado, onde raramente ganhava, mas tinha como meio de vida explorar mulheres.

Ao descobrir a vítima, o rapaz a encantava com gentilezas e amabilidades, se mostrava como o homem perfeito, educadíssimo, um verdadeiro gentleman.

A mulher, quase sempre já em idade avançada, a que se chama popularmente de coroa, diante de uma figura tão ímpar a despertar paixão, entregava-se de corpo e alma.

Com a mulher dominada pela paixão, sentimento que levado a um alto grau de intensidade, sobrepõe-se à lucidez e à razão, o conquistador passava então à segunda parte de seu plano.

Ameaçava ter que procurar uma antiga namorada para pedir um empréstimo, pois estava sem dinheiro no momento.

Movida pelo ciúme, para não deixar o príncipe encantado falar com a ex-namorada, a vítima prontificava-se a lhe favorecer o empréstimo.

Aberta a primeira conveniência, o malandro tinha à sua disposição todo o patrimônio da mulher e tomava-lhe tudo, dinheiro, imóveis, talão de cheques, poupança, jóias, enfim tudo que pudesse transformar em dinheiro.

Alcançado o seu objetivo, Genebaldo desaparecia, deixando a namorada em desespero.

Assim aconteceu com Das Dores, uma mulher simples, que vivia com sua filha de cinco anos e tinha somente a casa em que morava e uma modesta pensão do marido falecido.

Genebaldo, após um breve período de namoro, fez com que Das Dores vendesse a casa e, de posse do dinheiro, o cafajeste sumiu para nunca mais aparecer, deixando a pobre viúva e sua filha à míngua.

O tempo passou e o conquistador escroque sempre aumentando o número de mulheres ludibriadas.

Certo dia, quando se encontrava hospedado num luxuoso Hotel Fazenda, Genebaldo conheceu uma linda moça chamada Luciana.

A garota deixou transparecer ser muito rica, o que animou mais ainda Genebaldo que se desmanchava em galanteios.

Daí em diante não se separaram mais, foram cinco dias de muito amor. O namorador sentia-se nas nuvens.

Na segunda-feira, ao acordar, ao acordar, não viu a morena na cama, levantou-se e foi procurar por ela no saguão do hotel.

Indagou do atendente sobre a moça.

--- Olhe, Dr. Genebaldo, a dona Luciana partiu e pediu para lhe entregar este envelope.

Ao abrir o envelope, Genebaldo empalideceu, continha, um retrato de uma família feliz, ou seja: a namorada Luciana quando menina, sua mãe Das Dores e Genebaldo abraçando as duas, com um bilhete dizendo: LEMBRA-SE? BEIJINHOS!

Anexo um exame médico da namorada, acusando ser Luciana portadora de HIV POSITIVO.

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 27/09/2007
Reeditado em 18/12/2007
Código do texto: T670958
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