COMO FAZER UM DISCURSO SEM ABUSAR DO TEMPO DAS PESSOAS

“Inicialmente, eu quero dizer-lhes que é um prazer enorme estar aqui presente neste ambiente, nesta hora, neste momento e poder abrilhantar a abertura com essa minha fala inicial, primeva, que abre de par em par as janelas mágicas da torrente objetiva de palavras que vou proferir a partir de agora, sem mais delongas. Asseguro-lhes que, serei breve, pois sei a importância do tempo para cada um dos que aqui, de novo, estão presentes. Mais do que ninguém, sei que o tempo é dinheiro, e, por isso mesmo, não vou expropriar-lhes mais do que alguns minguados momentos e lhes asseguro que serei realmente breve. Não vou ficar volteando, dando voltas e mais voltas, circunavegando, repisando e girando sempre em torno de assuntos intermináveis, como sói acontecer na maioria dos discursos, esses longos e cansativos discursos. Não, senhores, não vos farei passar por esse sofrimento, podem estar certos disso. Serei econômico, preciso, conciso, objetivo, direto, claro como essa luz que nos alumia neste momento mágico de profícuas trocas prazerosas de informações pertinentes ao tema que vós aguardais tão ansiosamente e que eu, sinceramente, espero poder corresponder à altura.. Reafirmo que não vou ocupar mais do que um átimo do vosso precioso tempo, em respeito, num profundo respeito ao tempo em que estás aqui para desfrutar de algo realmente relevante, importante e, - por que não dizer? – MARCANTE para o resto de vossas sagradas e preciosas vidas... Não quero me alongar muito, porque o tempo, como vós mesmos sabeis, é algo sagrado. Por essa razão, prometo que vou me esmerar na economia de palavras e não vou ficar me alongando e nem vou me estender por demais no tema, por mais que ficasse tentado, pois sei a importância da concisão. Sei, por experiência própria acumulada ao longo do tempo – eis aí, de novo o nosso vilão, nosso herói, nosso motivo maior de estar aqui, o tempo – sei, que é necessário o exercício da capacidade de síntese, que não é outra coisa senão a habilidade, a ciência de ter a sabedoria de dizer muito com poucas palavras. Portanto, senhores, procurarei abreviar o sofrimento de vocês, buscando dizer apenas o essencial, apenas o que precisa ser dito. Desculpo-me, de antemão perante todos vocês por alguma falha que possa vir a decorrer da brevidade do meu discurso, que, infelizmente, não poderá se aprofundar tanto no tema como eu gostaria... Tudo em prol da compreensão, do entendimento e da objetividade perseguida com tanto denodo e aplicação. Que me perdoem aqueles que gostam de discorrer longamente sobre a periferia dos assuntos, sem entrar direto no fulcro, no cerne, no âmago verdadeiro daquilo que nos interessa. Isto não é incrível? Não é de se admirar? Mas tem gente que é assim mesmo. E o pior é que eles nem se mancam... Falam pelos cotovelos pelo prazer de falar sem medir as conseqüências, sem ter o mínimo compromisso com a precisão, com a exatidão, enfim, com o poder da síntese. Comigo as coisas são diferentes, vocês já devem ter notado pelo pouco tempo em que puderam desfrutar dessas minhas humildes e despretensiosas palavras.... Eu não poderia, de jeito nenhum, deixar de tocar nesse assunto, de abordar essa questão. Sejamos breves, portanto. Façamos o exercício do resumo. A brevidade é de ouro, e a economia de palavras é de prata. Deixemos o bronze para os que não conseguem subir ao pódio da concisão. Da minha parte, detesto os arrodeios, volteios e palavras secundárias. É sempre bom ir direto ao ponto, sem maiores delongas. Precisamos ser precisos em nossas falas. Não vamos nos deter naquilo que não é essencial, pois a vida é breve. Reafirmo, portanto, que tempo é dinheiro e nós não podemos nos dar ao luxo de desperdiçá-lo nos tempos de hoje, tão rápidos, tão velozes, tão assim... como diria... tão assim, vocês já sabem como é... Portanto, creio que já é hora de eu me despedir, lamentando que não tenha podido me estender um pouco mais, em respeito, puro respeito ao sagrado tempo de todos vocês... Muito obrigado pela vossa atenção e, mais uma vez, desculpem-me por não ocupar tanto o tempo de vocês... E para encerrar, serei curto e grosso: tenho dito! E, devido ao avançado da hora, nada mais direi... Afinal...

José de Castro
Enviado por José de Castro em 26/09/2007
Reeditado em 27/12/2019
Código do texto: T669165
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