A REVOLTA DO CÃO-POETA

"Com que então, coração,

Poesia-aflição…

Antes poesia-cão

Que é melhor posição!"

Alexandre O´ Niell

- Impensável tal ocorrência:

Um belo Parque interdito a cães!

Nem quero crer em tal demência,

Nem que disso sejamos reféns…

- Dizem que é um Parque de Poetas (?)

E que ali se respira Poesia…

Tudo isso não passa de tretas

E, a mim, só me dá agonia!

- Aquilo é Parque de poetas-mortos,

Por aí … até eu bem entendo,

Mas, os vivos, serem tão tortos

Isso é que eu não compreendo!

- Dizem qu´ há direitos d´ animais…

Logo, tenho direito a ser poeta

Como esses todos, tantos que tais

Mas… fazerem-me esta desfeita!…

- Dizia o poeta: antes poesia-cão

Do que esta poesia-aflição!

E é por ser melhor posição

Que se m´ aguenta o coração…

- Parque de Poetas! Parque de Poetas,

Corpos de natureza-madrasta,

Se suspeitassem de tais dietas

Açoitá-los-iam co´ uma vergasta!

- Fizeram crer qu´ isto era Paraíso

Para animais de estimação

Mas, agora, perderam o juízo

E tratam-nos abaixo de Cão.

- Que exijam isso a quem é gato

Tanto se me dá, como se me deu,

Sujeitarem-me, porém, a este trato

Não sei que cão é qu` lhes mordeu!...

- Ser Poeta também eu quero,

Nada no mundo mais eu gosto.

- Abaixo os tiranos, qu´ eu desespero,

E não abdico deste meu posto!

- Poesia-cão até está na moda

E ocupa excelente posição.

Venham cá, todos para a roda

E acabemos co´ este mundo-cão!

Frassino Machado

In ODIRONIAS

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 03/06/2019
Reeditado em 03/06/2019
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