NAS NUVENS

“Amanhã eu descubro o Brasil e aproveito para também me inscrever num desses cursos de corretor de imóveis que estão bombando na Inglaterra, acho que vou precisar” — Isso teria pensado o Cabral se a sua reprogramação mental não tivesse sido conduzida a partir de uma visão humanista ou se pelo menos tivesse a sorte de o Adam Smith ter sido contemporâneo seu. Assim, preferiu ir pro varejo, se meter com aquelas especiariazinhas que não pegavam ar de nenhuma commodity. Deu no que deu.

É logico que todo esse processo acabou mesmo nos fudendo, porque a nossa terra brasillis foi, como um bife, inicialmente dividida em quinze pedaços, as tais Capitanias Hereditárias. Pra chegar no nosso quintal, mano, rolou muita treta. Daí pras lajes...

Vamos mudar de assunto: Uns amigos meus, vietnamitas, estão desenvolvendo um novo conceito de “nas nuvens”, diferentemente do já conhecido armazenamento de dados. Trata-se agora de morar literalmente nas nuvens, ou melhor, acima delas. É isso mesmo. Segundo eles, todo o metal necessário, classificado como sucata espacial, mas que de grande resistência e durabilidade para esse tipo de empreendimento, já se encontra em órbita da Terra e vem se acumulando desde o início da Guerra Fria. Segundo os cálculos desses meus amigos, o custo de uma enorme plataforma no espaço sideral com milhares de quilômetros quadrados torna-se irrisório, por conta da ausência de gravidade. O resto sobre esse projeto são detalhes que, por questões de segurança e de direito de propriedade intelectual, ainda não me foram repassados.

Ah, mas o melhor mesmo vocês já podem saber: eles me querem como garoto propaganda. Como não sou bobo, já estou fazendo um curso avançado de marketing de produtos; me manda uma lista de e-mails aí, vai!