Arthur e seu Flu
Arthur Moreira Lima é um craque. De nascença e de formação. Pianista conhecido mundialmente. E torcedor enfermo em último grau do Fluminense, o Flu.
A arte interpretativa de Arthur ganhou dimensão exponencial a partir de sua segunda colocação num concurso Chopin na Polônia, anos setenta. Houve dificuldade de jurados e de público para a decisão final que favoreceu a também espetacular pianista argentina, Martha Argerich.
E Arthur realizou um sem-número de apresentações para platéias das mais diversas partes do mundo, e, com justa razão nos países da chamada Cortina de Ferro, que vivia sob o domínio político-econômico e militar da União Soviética.
Como a Brasil vivia sob regime militar radicalmente anti-comunista, os artistas brasileiros sabiam que suas apresentações eram monitoradas para se evitar a contaminação...A espionagem corria solta e desbragada.
Durante uma apresentação de Arthur em Moscou, ele interessou-se, como de hábito, em saber do resultado de seu Fluminense. Ligou do hotel para a mãe, no Rio e perguntou pelo placar do jogo, que poderia tanto ser contra o inespressivo Madureira quando contra o temível arqui rival Flamengo. A mãe não tinha noção do que era futebol. Arthur apelou para que ela chamasse a doméstica para fornecer-lhe o resultado, mas a doméstica estava de namorado novo e não viera naquele dia...
Diante do desespero e angústia de Arthur, alguém se compadeceu dele e , em linha, bradou:
- Nosso Fluzão ganhou de 3 a 1!
Era a voz do secreta brasileiro que lhe fazia sombra. Anttes, silenciosa...