O CORDEL DO REI DA RIMA
(SOU REI?)
Era uma vez um rei chato
Desses bem impertinentes
Amava fazer repentes
Achava o maior barato
Certo dia deu-se um fato
Um tanto quanto esquisito:
Mandou baixar um edito
Pondo o reino em polvorosa
Chamou a escrivã Dona Rosa
E foi ditando o bendito...
– “A quem possa interessar
Fica de hoje pra diante
Todo súdito falante
Morador desse lugar
Na hora que for falar
Conversar ou escrever
Terá que em tal proceder
Do menor vassalo ao nobre
Fazer rima rica ou pobre
Sob pena de morrer...”
Diferente do esperado
A coisa degringolou
E o próprio Chattus notou
Que o reino andava calado
Nunca antes num reinado
Reinou tão grande silêncio
Disse ao Ministro Inocêncio
– “Convoque meu ministério
Vou desvendar o mistério
Ou não sou Chattus Jumêncio...”
Reunido aos pés do trono
O ministério tremia
Todo mundo ali sabia
Da firmeza do patrono
Viraram a noite sem sono
Coube ao Primeiro Ministro
Que trouxe escrito o registro:
– “Meu rei o edito é perverso
Nem todo mundo faz verso
Nem quer destino sinistro...”
O rei deu um sorrisão
E disse – “Mas é tão fácil
Chegue pra cá Lorde Inácio
Chegue mais perto Seo João
Pegue aqui na minha mão
Maria e Zé, meus amados
Segurem aqui nos meus lados”
Foi quando espantou geral
Raimunda e Dom Nicolau
Fugiram desesperados...
(Dedicado a mim mesmo, que vivo enchendo o saco dos colegas com minhas rimas. E ao reizinho de Jô Soares.)
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