OS BURACOS DA MEMÓRIA
“Aos destituídos de Senso”
- Não me recordo, não me recordo!
Resposta típica de alguém
Questionado, com pundonor,
Sobre atitudes de vai-e-vem.
Não há terra ou país como este
Em que os “potentados”, à priori
Frente à verdade, fiquem a leste:
- Não me recordo, não me recordo!
Há projectos que são comuns
Assumidos, como convém,
Responsáveis, quase nenhuns…
Resposta típica de alguém.
Se algo, porém, ocorre mal
Há que saber se o seu autor
É responsável, e como tal
Questionado, com pundonor.
Estranhe-se, pois, a frieza
Com gestos e olhares de desdém,
Descartando-se com subtileza
Sobre atitudes de vai-e-vem.
Pergunta o ingénuo cidadão,
Perante esta questão inglória,
Como é possível ter-se galardão
E tantos buracos de memória?
Aos destituídos de Senso
Solicita-se se podem dizer
Qual será o melhor consenso
Pra segurarem o seu poder…
Pois é, assim vão os da Ginjeira
Que nunca assumem a factura…
Aplicam logo, sem tremedeira,
Uma no cravo, outra na ferradura!
Frassino Machado
In ODIRONIAS