A água lava, lava tudo
Não chovia, fissuras na terra seca engoliam as lágrimas da donzela que já não amava, riscos no chão desenhavam a senda dos desafortunados, nada era esperança, nada prometia.
Cavaleiros passavam, ao largo, e nem viam; donzelas desanimadas nem mais se ofereciam, e as margens dos antigos rios, hoje secos, apenas eram encostas, não continham.
Abrupta se fez a tempestade, chegando, quando por ela ninguém esperava, enchendo de água o colo, deixando que a semente vazasse.
Como um caleidoscópio, a paisagem se transformou: o viajante carregava água no cantil, a lavadeira levava a bilha cheia para casa, os peixes voltaram a viajar pelos rios... os príncipes voltaram a colher flores, as donzelas voltaram a ser agraciadas com flores, e as alcovas voltaram a gemer... AS PERERECAS ESTAVAM DE VOLTA ÀS LAGOAS