A CONTA DE ONTEM

Simeão era um homem de muitas posses, no entanto muito seguro com suas coisas, principalmente quando se trata de dinheiro, é daqueles que dá a benção com a mão fechada. Tem o costume de fazer compras no comercio em pequenas quantidades e sempre a prazo, o suficiente para consumo de poucos dias. No pensamento de Simeão, enquanto tivesse seu dinheiro no bolso, satisfazia seu ego. Na padaria de seu Jorge era cliente diário e comprava da seguinte forma: fazia a compra de pães e às vezes de umas fatias de bolo para o café da manhã das pessoas da casa e pagava no dia seguinte quando iria fazer nova compra e conta. E assim foi por muitos anos. Para Simeão inflação era uma palavra que não existia em seu dicionário e o aumento no valor dos ingredientes usados na padaria também não lhe diziam respeito. Aconteceu de muitas vezes, no momento do pagamento da conta do dia anterior o dono da padaria cobrar o valor atualizado da conta motivado pelo aumento de impostos e Simeão recuava, pechinchava e no final acabava pagando um valor menor que o devido. Assim os prejuízos de seu Jorge iam se acumulando. Oportunidades é de aparece, pensava o dono da padaria.

Certo dia Simeão foi a padaria fazer compras de seu café da manhã e levou uma nota de cem reais para pagar a conta do dia anterior no valor de R$ 8,50, claro que a intenção dele era que na padaria, ainda não tivesse troco no momento e voltasse com o dinheiro para casa. O dono da padaria achou a oportunidade que esperava e acabou convencendo Simeão que no pagamento da conta no dia seguinte, lhe daria o troco.

Na manhã seguinte Simeão chegou até mais cedo que de costume, fez sua compra e foi até o caixa onde estava Sr. Jorge, cobrar seu troco.

- Jorge meu troco do pagamento da conta de ontem.

O dono da padaria se fazendo de desentendido e uma cara de surpresa, respondeu:

- Que troco? Desculpe seu Simeão mas, a conta de ontem o senhor ainda nem pagou.