Sindrome de Tourrete
A Fragata-437 navegava em mar 7; é um mar de ondas de quase dois metros, vento forte. Esperava o helicóptero Guerreiro 3008 que se aproximava para cumprir missão antissubmarino. Na fragata o comandante era um reconhecido chefe naval, exigente, rigoroso e excelente profissional. No helicóptero, o jovem tenente tinha na sua bagagem muitas horas de voo, uma personalidade descontraída, um militar enquadrado e muita competência.
Guerreiro 08, você está nos nosso radares. Desça para 500 pés e inicie o procedimento para pouso. Respondeu o helicóptero: Positivo! Iniciando o procedimento.
Guerreiro 08, está na final. Pouso autorizado. Respondeu: Positivo.
O mar não estava para peixe. O pouso foi feito com muita precisão na popa do navio, e como última informação a torre de controle informa: O comandante da aeronave deve se apresentar ao comandante do navio, no passadiço. O Tenente respondeu: positivo, estarei lá imediatamente.
O tenente chegou ao passadiço, apresenta-se ao Comandante: continência formal, enquadrado, ainda de macacão verde e não dissimula o orgulho de ser da Marinha e um aviador naval. Seja bem-vindo, disse o comandante da fragata. Temos muito trabalho pela frente. Positivo, senhor. Estamos prontos, foi a resposta do tenente. E haja respostas carregadas de 'positivo, senhor'. Após este primeiro contato e terem sido acertados os detalhes da operação coordenada navio versus aeronave, o comandante liberou o tenente, mas antes o alertou: tenente, aqui na Marinha do mar, só usamos afirmativo e negativo, ok. Está dispensado. Vamos trabalhar... O tenente, incontinente, dispara, sem querer, o seu: Positivo, senhor. Pediu permissão para se retirar, deu meia volta e saiu.
O comandante sorriu para si mesmo e pensou jocosamente: esse daí deve ter a síndrome de tourrete.