PASSEIO
Eu ia passear com minha amada
Num sábado de sol;
Mas de repente, veio uma geada,
Peguei meu cachecol.
Usava um velho terno sem formato –
O qual meu pai usou.
Então fui amarrar o meu sapato,
Meu paletó rasgou.
Estava já um tanto atrasado,
Em casa estava só,
Lembrei-me d’outro terno, então, guardado –
Comprado num brechó.
Saí em dispara rua afora –
C’um maço de jasmim,
Cheguei na praça em cima da hora
Diss’ela: “Até qu’enfim...”
E fomos passear nos arredores
Da Vila dos Confins...
E vimos borboletas multicores
Nas flores dos jardins...
Um grande ator nós vimos na calçada,
Sentado sobre a ardósia,
Correu minha querida em pavorada
Mas era só um sósia.
Ao ver a sua gafe eu ri somente
Não ri, mas, gargalhei,
Não vi a saliência à minha frente...
Andando tropecei...
Caí com tudo numa poça d’água –
Ali perto da praça,
Meu rosto só fogo, era só frágua,
Fiquei muito sem graça.
Bateu-me fome; fomos almoçar
Um frango com arroz,
E minha amada quis bebericar
“O vinho só depois...”
Depois do apetite saciado –
Quase o cardápio inteiro –
Eu percebi meu bobo, então, furado
Estava sem dinheiro...
Vi minha amada toda satisfeita
Pois eu vi limpos os pratos
“Garçom! Um cafezinho”, eu disse, “aceita?”
Eu lá sem aparatos.
Já não sabia mais o quê fazer
Pra mim era uma afronta.
Ela falando eu rindo sem prazer
Até que veio a conta.
Fiquei por um momento imaginando
Nas louças, nas panelas,
Nos pratos, sim! – eu vi nós dois lavando
Sujando as mãos tão belas.
Eu quase que falei pra minha vida
D’um jeito mais formal
Pois percebi qu’estava sem saída
Mas eu passei tão mal.
Acometeu-me então ajuda dor –
Uma dor de barriga –,
Agradeci a Deus – amém Senhor!...,
Pensei: “Venci a briga!”
Fiquei lá no banheiro meia hora
Com uma diarréia...
Mas logo levantei e fui-me embora,
Sentindo cefaléia.
Passamos num vinhedo; colhi uvas
Bem doce, bem melada,
Olhei pro céu; caiu terrível chuva
E a sola, então, furada
Daquele meu sapato velho, escuro
Molhou a minha meia,
Só percebi quando subi no muro
Gelou a minha veia
A minha amada deu uma risada –
Risada de vingança –,
Roubei goibadas para goiabada
Para minha criança...
Com a sacola cheia até as alças
Joguei pro meu amor,
Um prego, então, rasgou as minhas calças,
Que raiva! Que furor!...
A minha amada só ficou sorrindo,
Dei-lhe flor dourada,
Mas uma abelha veio, então, zumbindo,
E deu-lhe uma picada.
Olhei pro seu nariz – vermelho, inchado...
Fiquei com pena dela,
Mas achei tudo aquilo engraçado
Brinquei: “Ficou tão bela!...”
E passeamos muito pela vila
Até não poder mais,
A tarde estava terna e tão tranqüilo
Trazendo-nos só paz...
Foi muito agradável passear
Deixou-nos mui contente.
Foi mais que agradável, apesar
De todos incidentes.
Ela me disse, então, que adorou
Uma alegria veio
E de repente ela me beijou
Marquei outro passeio...
12/03/99
Eu ia passear com minha amada
Num sábado de sol;
Mas de repente, veio uma geada,
Peguei meu cachecol.
Usava um velho terno sem formato –
O qual meu pai usou.
Então fui amarrar o meu sapato,
Meu paletó rasgou.
Estava já um tanto atrasado,
Em casa estava só,
Lembrei-me d’outro terno, então, guardado –
Comprado num brechó.
Saí em dispara rua afora –
C’um maço de jasmim,
Cheguei na praça em cima da hora
Diss’ela: “Até qu’enfim...”
E fomos passear nos arredores
Da Vila dos Confins...
E vimos borboletas multicores
Nas flores dos jardins...
Um grande ator nós vimos na calçada,
Sentado sobre a ardósia,
Correu minha querida em pavorada
Mas era só um sósia.
Ao ver a sua gafe eu ri somente
Não ri, mas, gargalhei,
Não vi a saliência à minha frente...
Andando tropecei...
Caí com tudo numa poça d’água –
Ali perto da praça,
Meu rosto só fogo, era só frágua,
Fiquei muito sem graça.
Bateu-me fome; fomos almoçar
Um frango com arroz,
E minha amada quis bebericar
“O vinho só depois...”
Depois do apetite saciado –
Quase o cardápio inteiro –
Eu percebi meu bobo, então, furado
Estava sem dinheiro...
Vi minha amada toda satisfeita
Pois eu vi limpos os pratos
“Garçom! Um cafezinho”, eu disse, “aceita?”
Eu lá sem aparatos.
Já não sabia mais o quê fazer
Pra mim era uma afronta.
Ela falando eu rindo sem prazer
Até que veio a conta.
Fiquei por um momento imaginando
Nas louças, nas panelas,
Nos pratos, sim! – eu vi nós dois lavando
Sujando as mãos tão belas.
Eu quase que falei pra minha vida
D’um jeito mais formal
Pois percebi qu’estava sem saída
Mas eu passei tão mal.
Acometeu-me então ajuda dor –
Uma dor de barriga –,
Agradeci a Deus – amém Senhor!...,
Pensei: “Venci a briga!”
Fiquei lá no banheiro meia hora
Com uma diarréia...
Mas logo levantei e fui-me embora,
Sentindo cefaléia.
Passamos num vinhedo; colhi uvas
Bem doce, bem melada,
Olhei pro céu; caiu terrível chuva
E a sola, então, furada
Daquele meu sapato velho, escuro
Molhou a minha meia,
Só percebi quando subi no muro
Gelou a minha veia
A minha amada deu uma risada –
Risada de vingança –,
Roubei goibadas para goiabada
Para minha criança...
Com a sacola cheia até as alças
Joguei pro meu amor,
Um prego, então, rasgou as minhas calças,
Que raiva! Que furor!...
A minha amada só ficou sorrindo,
Dei-lhe flor dourada,
Mas uma abelha veio, então, zumbindo,
E deu-lhe uma picada.
Olhei pro seu nariz – vermelho, inchado...
Fiquei com pena dela,
Mas achei tudo aquilo engraçado
Brinquei: “Ficou tão bela!...”
E passeamos muito pela vila
Até não poder mais,
A tarde estava terna e tão tranqüilo
Trazendo-nos só paz...
Foi muito agradável passear
Deixou-nos mui contente.
Foi mais que agradável, apesar
De todos incidentes.
Ela me disse, então, que adorou
Uma alegria veio
E de repente ela me beijou
Marquei outro passeio...
12/03/99