O SONHO DO BAZÓFIAS

“Réplica a Armando David,

acerca dos poetas de meia-tigela”

Cada pessoa é como é

Nunca se vê ao espelho

Quer seja novo ou velho

Quer seja Maria ou Zé.

Para atingir o seu sonho

Bazófias, em bicos de pé,

Fez chinfrim e até banzé

Num arremedo medonho…

Um dia sonhou ser cantor

Mas sentiu-se paralítico;

Tentou também ser político

Mas passou de mal a pior.

Como não dava resultado

Ensaiou, estilo opereta,

Tentando fazer-se poeta

Mas… saiu desafinado.

O Bazófias, numa entrevista:

- Não ando cá a fazer nada

Na próxima madrugada

Vou-me virar em turista.

Foi para a terra dos cegos

E, apesar de fora-da-lei,

Conseguiu ter vida de rei

Numa noite de morcegos.

O Bazófias, sem destoar

Concluiu pra si, então:

-“Antes um pássaro na mão

Que dois por aí a voar!”

Frassino Machado

In RODA-VIVA POESIA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 11/06/2018
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