O bosta do Mané
O Mané Manduca, dono de uma venda em Pitangui nos anos cinquenta, era implacável, atrás do balcão, enquanto à freguesia servia. O menino Epiphânio, que em casa, e já na escola, recebia uma educação tão primorosa, corava-se diante da incumbência de lá ir a mando de sua mãe.
Sabia que ia sair aquela pergunta embaraçadora na vista de toda a clientela;
- Ô minino, cê já cagô hoje?
E não mais que cabisbaixo, o peralvilho saía, de carreira de volta à casa, às vezes até sem cumprir a tarefa que lhe determinara a mãe.
Mas já senhor de muita leitura para a sua idade, o menino resolveu buscar uma forma de reação, e calar de vez o seu cruel inquisidor.
Assim, quando o Mané veio de novo com a pergunta, Epiphânio, cheio de coragem, e bem seguro de si, elevou o rosto e a voz e respondeu com brio:
- Sim, já caguei sim, e daí?
O que não contava era com a sequência do interrogatório, que o mandou de vez, e sem volta, para a casa:
- Mole ou duro....?