Mistério na lua de mel

Casaram, depois de um longo namoro sem noivado. Na verdade, se conheceram jovens, mas só nos 20 e poucos anos foram para o altar.

Um amor intenso que mereceu uma lua de mel sonhada num local paradisíaco: um balneário baiano. Saíram de carro, curtindo o litoral que a BR 101 oferece. O planejamento incluía uma semana em uma idílica pousada remota, numa rua sossegada e próxima ao mar. A cidade era muito limpa e agradável.

Chegaram à pousada, se instalaram, foram almoçar uma bela e apetitosa feijoada. Fizeram um passeio pela cidade, foram a praia e voltaram para a pousada. O “enfim sós” do apaixonado casal acontecia... Ela numa camisola preta, curta, com todos os apetrechos que uma mulher tem direito, saiu do toillet linda e se exibindo sensual mas discretamente para o seu amado.

Ele já a esperava ao sabor de uma dose de whisk 12 anos que levaram.

Mas algo inesperado e profundamente desagradável aconteceu. O ambiente estava tomado por um pum. Alguém soltara um pum de altíssimo poder mal cheiroso, o que deixou o casal profundamente sem jeito. E só havia os dois no apartamento... Cada um deles, de modo discreto, ficou a imaginar que o outro era o responsável.

Ela, ofendida, desconcertada, decepcionada, achou que ele foi mal-educado e deselegante...Ele, por sua vez, tinha certeza que fora ela. E pensou: meu Deus, que mulher sem classe. E agora? Pensava que a conhecia.... Disfarçou como se nada tivesse acontecido... Mas aquilo criou um ambiente de mal-estar entre os dois. Ele achava que a conhecia, mas nunca havia acontecido aquilo. E ele propôs irem ao barzinho... da pousada. A noiva voltou ao banheiro, colocou um vestido decepcionada e saíram para o barzinho...O apartamento na pousada dava para a rua, com uma bela vista do mar.

O mal causado pelo pum era visível... Eles foram para o barzinho, mas não ficaram. E, sem tocar no nefasto acontecimento, saíram a pé de mãos dadas, mas sem palavras caminhando pelas ruas antigas e acolhedoras da cidade. Havia pessoas nas calçadas em cadeiras em frente de suas casas conversando...Os dois estavam sem jeito de tocar no assunto, e também queriam esquecer o incidente que os tirara do sério, pois nenhum dos dois assumira sua autoria e, pior, inferiram que o outro era o autor do explosivo pum que ameaçava detonar a lua de mel e quiçá o casamento.

Nessa ocasião, novo mal cheiro aconteceu, exatamente no momento que um caminhão cruzou em baixa velocidade com o casal. Os dois, rindo, em reação uníssona, levaram a mão ao nariz...e sorrindo muito disseram: é o caminhão do lixo! Ele estava em frente à nossa janela. Não foi você! E o abraço tomou vida, os olhos brilharam e eles voltaram correndo para a pousada.