FRAGMENTOS DE "BUTECO" de LECO - A VIDA QUE A GENTE LEVA!!
A VIDA QUE A GENTE LEVA - FRAGMENTOS DE “BUTECOS”.
LECO
Ouvindo uma música no rádio o refrão dizia:"O que se leva dessa vida é a vida que a gente leva". Comecei a pensar na minha vida, nas coisas boas que já vivi, nos amigos que fiz nesse caminho, nos que ficaram por aí, nos novos que venho fazendo a cada dia e que
me aparecem quando menos espero.
Ai, lembrei-me das conversas de buteco, dos planos e promessas que fazíamos e que muitas vezes ficaram ali mesmo, junto com o último gole de chopp, abandonado, quente no copo ou no restinho de tira-gosto levado pelo garçon e jogado em algum lixo.
Como é bom jogar conversa fora, cercado de amigos... como é bom ter histórias para lembrar, sem nostalgias, mas com alegria de tê-las vivido... como é bom ter amigos!
Lembrei-me de Ana Cristina, amiga querida, mãe responsável, mulher liberada, livre e independente, minha eterna namorada... Estudava História e sempre nos brindava com "gotas" de curiosidades históricas, contadas de forma bem humorada e dinâmica. Augusto, outro amigo querido,também eterno namorado de Ana, adorava essas curiosidades, as mais picantes - coisas do tipo:"quem era bicha?Ricardo II ou Eduardo II ? quem comia quem naquela época!?... e por aí à fora. Ana sabia essas coisas todas e nada ficava sem resposta, acredito que o que ela não sabia, ela inventava... enganava a gente direitinho.
Na área da Biologia, tínhamos a nossa amiga Sônia que sempre falando alto,rápido e num ritmo alucinante, nos brindava com várias informações sobre "a vida sexual dos frutos do mar", com riqueza de detalhes, ela contava tudo... A sua melhor performance era imitar a "dança do acasalamento" das Anêmonas no mar. Quem tivesse por fora da conversa e olhasse aquela cena, iria imaginar que a coitada estivesse tendo um ataque, ou convulsão. Era de deixar todos com cólicas, de tanto rir...
Às sextas-feiras era certo irmos todos ao encontro de Rose e,sua fiel escudeira, Marize, que cantavam lindamente nos bares da vida... nós sempre lá, fiéis como platéia, incentivando e participando do show.
Por conta delas nos metíamos em cada lugar que até Deus duvida... todos os tipos de bares, dos mais arrumadinhos e caretas aos mais suspeitos, onde as Marias parecem João e os Joões se parecem com Marias... Elas cantavam até em Praças de Alimentação de Shopping Centers de subúrbio, e nós lá, fiéis... numa dessas noites fomos parar além ponte Rio-Niterói, noite chuvosa, fria, triste e desanimadora, parecia que seria mais uma noite como outra qualquer, e ao som de boa música, muita MPB e muita Bossa-Nova, o destino me reservou uma grata surpresa, conheci uma das grandes paixões da minha vida... mas isso, é outra história, fica pra próxima...
Há também, o meu amigo Roberto, quanta saudade, a vida nos separou geograficamente, porém graças às modernas tecnologias estamos próximos, sempre juntos. Pela força da alma e do coração nunca nos separamos... Grande figura! grande amigo!... Ele tinha um jeito ótimo de não se aborrecer com a divisão de conta de bar, ele abandonava a cena antes do capítulo final. Saía "à francesa", mesmo, simplesmente, sumia!!!... No dia seguinte éramos "brindados" com telefonemas dele, logo cedo,querendo saber quanto ele devia, quem havia pago a conta e, como ele ia acertar. Aquilo era insuportável logo pela manhã, muitas vezes ele se livrou do acerto, por conta da falta de paciência de alguns para atendê-lo assim tão cedo. Depois de algum tempo, o grupo, em comum acordo, resolveu instituir a "cota Bob", a gente fazia com que ele "depositasse" sua cota da despesa antes de começar a noitada. Conseguimos resolver dois problemas: pegar a grana dele,finalmente, e nos livrarmos daquele telefone insuportável na manhã seguinte. - grande figuraça esse Bob!!!
Outra figuraça era o Paulo César, nosso querido PC, o bonitão da turma, sempre cobiçado pela mulherada; todos diziam que era ótimo sair com ele, pois sempre sobrava a amiga feia da
mulher com a qual ele ficava , afinal toda mulher gostosa tem uma amiga feia pra apresentar, né?...
Paulinho adorava "tomar todas", era aquele que começava cedo e não queria parar nunca... A melhor história de "pifa" dele, foi na saída de um bar em Vila Isabel, no caminho para o carro, ele resolveu "encarar" um cachorro no portão de uma casa. Colocou-se de quatro no chão e encarando fixamente o cachorro, danou a latir e rosnar. Cena hilária, às 4 hs da manhã, numa rua residencial do bairro boêmio. A disputa de latidos foi interrompida pelo dono da casa que muito mal humorado, recolheu seu animal para dentro de casa, sem antes xingar todos os nomes feios que ele sabia. A nós, só restou colocar a coleira no nosso cachorro e levá-lo para o carro... Se não me engano, já que a minha "memória etílica" não é lá essas coisas, acho que Paulinho fez xixi de quatro em algum poste, antes de entrar no carro... Nunca tive certeza sobre isso, mas algum tempo depois Andyara me confirmou essa história... porém Andyara mente muito bem...
Sobre Andyara, mulher com alma de guerreira, freqüentadora dos tribunais por profissão
e dos balcões de bares por opção, eu falo depois... as histórias dela dão um livro. Guardo dessa amiga uma frase ótima:"quando o garçom do bar começar a lhe chamar pelo nome, está na hora de mudar de bar, pois ali você já esta manjado demais!"
Também há o Rogério, outra figura inesquecível, que depois de alguns goles, era comum
querer dormir no carro, como ele dizia: "tirar uma pestana". Certa vez numa churrascaria, ele
alguns graus a mais do que o normal, pediu ao manobrista para ir dormir no meu carro. Foi maior
confusão pois não permitiam que os clientes fossem à garagem. Depois de muita conversa, ficou acertado que ele poderia ir dormir no carro, o citado veículo foi trazido à porta da churrascaria; Rogério deitou-se no banco de trás, e... eu recebi 2 tickets:um que dava direito a reaver meu carro e o outro que garantia que o Rogério viria junto.... era o "ticket resgate". Grande figura esse Rogério, espero que lá no céu ele esteja fazendo uma festa e esteja tão feliz quanto ele vivia aqui na Terra. Foi levado prematuramente, por sua irresponsabilidade sexual. Eu prefiro acreditar que tenha sido por amar demais.
Muitos amigos, muitas histórias e cada dia mais, a certeza que viver vale muito a pena
e que a gente só leva dessa vida, a vida que a gente leva!!!