A DÚVIDA
Ronaldo José de Almeida
Altair era o tipo boa praça, muitos amigos, sempre convidado para as farras, aonde chegava era bem saudado.
Era casado com Milene, uma linda morena cor de jambo, olhos verdes com quem tinha quatro filhos, três bonitos, fortes e saudáveis e um, o mais novo, que se chamava Josias e era franzino, raquítico mesmo.
Altair embora não falasse passou a vida toda, desconfiando da mulher, mas nunca teve coragem de tocar no assunto.
Certo dia o marido adoeceu e após uma série de exames o Dr. Adolfo, medico de confiança da família, embora muito jovem, chamou os parentes do paciente em uma sala do hospital aos quais revelou ser aquela doença incurável.
Altair foi piorando e, em seu leito de morte, desabafou com Milene:
- Milene, meu amor, quero lhe fazer uma pergunta e espero de você uma resposta bem sincera.
- Pois não Altair. Pergunte o que quiser meu amor.
- Sinceramente, minha paixão, eu gostaria de saber se o Josias é realmente meu filho? Eu sempre tive esta dúvida. Ele e tão magrinho, tão diferente dos outros!...
-Querido... eu nunca...
- Por favor, Milene não minta pra mim, se não for, não tem problema, eu te perdôo desde já, eu só quero saber a verdade.
- Sim, querido. Com certeza você é o pai de Josias, sim. Juro por tudo o que é mais sagrado.
- Puxa, que bom ouvir isso meu amor. Você não sabe como estou aliviado.
Ato seguinte, o enfermo deu seu último suspiro e morreu.
Milene respirou fundo e olhou para o Dr. Adolfo. Exibiu um leve cinismo em seu sorriso. Ele retribuiu-o da mesma maneira. Ambos saíram do quarto, momento em que a agora viúva frisou para o médico:
- E se ele perguntasse dos outros três, hein?
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