O DESCOBRIMENTO
     Vez por outra, ainda me surpreendo com certas observações que faço. Por mais que o tempo passe, não tem jeito, sou encantada pelas possibilidades.
     Possibilidade já é uma palavra mágica,extraordinária!
     Ela não responde a qualquer limite.Pensa:
     - Se houver possibilidade...
     Trate de se precaver, porque nada impedirá que aconteça!
     Possibilidade é uma palavra transcendental, tanto positiva quanto negativamente. Em sendo assim,exige cautela. Porém, não é sobre ela que quero me "debruçar"...Talvez, ela até interfira no tema, mas por absoluta razão expressiva.
     Hoje o que me trouxe aqui foram dois vocábulos comuns, até corriqueiros, porém de um poder ilimitado e isto me causou pânico!
     O primeiro é "burrice"  e o segundo "corrupção"!
     Não creia que  quero fazer considerações fonéticas, semiológicas, psicológicas ou escatológicas... Não!!!
     A "coisa" é de uma simplicidade estúpida, como convém o momento. Acabo de descobrir o poder da burrice.Simples assim.
     Se você considera que a burrice tem tamanho, que é mensurável, que pode ser contida, engana-se.
     A burrice é capaz de atingir dimensões consideráveis que se dilatam e ultrapassam quaisquer limites. Nunca tente se interpor a seus efeitos maléficos porque correrá o risco de ser abduzido.
     Daqui para frente quando me deparar com alguém que mereça o crachá:
-BURRO!
    Tomarei todas as precauções. Não estou brincando. O Burro já vem com a licença pra cometer todas as asneiras e ainda ser considerado inocente.Fique atento! Você não imagina o alcance da burrice! O estúpido é uma besta, mas o burro tem incomensuráveis possibilidades de prejuízos e ele é incapaz de prever as consequências ou atentar para a capacidade da estupidez que se tornou detentor.Desta forma a burrice deve ser considerada uma inimiga a ser combatida, sem tréguas.
     Quanto ao vocábulo Corrupçâo... Ele tem na sonoridade um certo encantamento.
     Repita: CORRUPÇÃO!
     Perceba que ao emitir esta palavra, ela soa como quem soluça, dá a impressão que está a esconder alguma intenção, algo que provavelmente não iria soar bem. Esta palavra  agrega intenção à ação. Se você começa sua emissão não dá tempo de contê-la. Parece haver uma espécie de transgressão fonética.
     Presta atenção.Veja se percebe a diferença na emissão:
      BURRO> BURRICE
   O vocábulo burrice é quase doce.
   E "burro" ao ser emitido soa como se dissolvesse no ar.
- Ele é burro!
   Percebeu?
   Agora diga: CORRUPÇÃO
   Sinta que a palavra exige um fôlego maior, um certo impulso.
   Fale agora: CORRUPTO
   Percebeu? Houve a necessidade de um impulso maior.
   Assim, chego a seguinte conclusão:
   -O indivíduo nasce burro. É uma possibilidade natural do existir.
   Agora, para ser corrupto, precisa ter fôlego.Veja, que desde a forma escrita já falta letra, como se a sonoridade da palavra já sofresse a supressão que resulta na emissão bruta.
    Você  não diz cor-ru-pi-to...
    Você diz CORRUPTO!
    Da forma abrupta, como se fosse uma ofensa.
    Bem, para concluir, quero deixar claro que meu fascínio pela observação mais acurada dos vocábulos, nada tem de filológico.
     Não tenho a menor intenção pedagógica, entretanto, se você chegou até aqui, tenho a certeza que nunca mais olhará um Burro com sua antiga ótica, mas saberá diante de um Corrupto que ali está alguém capaz de roubar até uma vogal!
Da Costa






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dacosta
Enviado por dacosta em 18/03/2018
Reeditado em 18/03/2018
Código do texto: T6283738
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