Dor de dente
Dezessete anos. Já extraíra três dentes por dores. Uma ignorância, mas não para quem não tem grana para um dentista. O tratamento era caro...A extração uma pechincha. O dente lhe impunha uma dor lancinante. Estava sofrendo, estava doendo. Os remédios não fizeram o efeito desejado. Dizem que o tempo cura, que é o senhor das feridas do corpo e da alma, as mais profundas. Mas, a dor era real e AGORA. Decidiu que ele mesmo iria resolver seu problema, até porque aquele “sofrimento era opcional” emendava ele nos seus pensamentos. Resolveu ser senhor de si, encontrar uma força, mesmo que apenas naquele momento. Afinal, nunca viu na natureza um animal reclamar da própria dor.
Depois de perder três dentes ele concluiu que há muitas “fórmulas” para esquecer ou diminuir o sofrimento, por momentos, in loco. Mas não é que aquela velha máxima de ocupar o tempo funciona? Oferecer ao corpo uma sensação mais gratificante que a sensação lancinante de dor. Não dar tempo para a dor. Mas não é se ocupar de qualquer coisa! É se ocupar de gente, se ocupar de sorrisos, se ocupar de carinho, se ocupar de conhecimento, amar. Porque aí, quando a dor aparecer, ela não vai ter espaço.
Chamou a namoradinha...E namorou a tarde toda...
Casou mais cedo, no entanto.