CADA LOUCO COM SUA MANIA
 
Manicômio lotado de pacientes que poderiam receber alta não fosse a burocracia que norteia o prontuário de indivíduos nessas condições.

Médicos psiquiatras sedentos de vontade para ver alguns desses clientes deixarem as dependências daquele hospício para em seguida receberem outros que estavam há meses na fila de espera.

Um desses médicos, irrequieto com a morosidade do processo, resolveu andar a esmo nas dependências do hospital à procura de eventuais pacientes em condições de receberem alta.

Como num passe de mágica, logo se deparou com o paciente XYZ que estava ali, no pátio, segurando um caderno, um envelope de carta e uma caneta, dando a entender que estava escrevendo uma carta e ao vir seu médico predileto se aproximar o cumprimentou dizendo:

- Tudo bem, doutor? O que faz agora, aqui fora?

O doutor respondeu que estava espairecendo um pouco e aproveitou para perguntar o que seu paciente estava fazendo com aquele caderno, envelope e caneta em punho e ele prontamente respondeu:

- Doutor, estou redigindo uma carta para mim.

Surpreso, o doutor quis saber de mais detalhes acerca daquela carta redigida por seu cliente e fez outra pergunta:

- O senhor poderia revelar o que está escrito nessa sua carta?

Sem muita parcimônia, o paciente respondeu:

- Doutor, infelizmente eu desconheço o teor dessa minha carta, justamente porque os Correios estão em greve e o carteiro ainda não me fez a entrega dela.

Em seguida o paciente redator daquela missiva sui generis tratou de mudar para um local menos movimentado onde ele pudesse se concentrar um pouco mais, longe de pessoas curiosas.