O triplex do réu e o barraco de seus advogados - Parte II
Tentado ganhar o jogo chutando a canela do juiz
Continuação de trechos do relatório da sentença do juiz Sérgio Moro que condenou Vossa Excelência, o eterno presidente Lula:
"Juiz Federal:- São esclarecimentos do depoimento, eu ouvi, respeito, agora peço
que respeitem a posição do juízo de fazer as questões aqui também pertinentes na
forma da lei e na interpretação do juízo.
Defesa:- Tá certo, lavro o protesto porque a interpretação do juízo aberra da
constituição e da lei processual penal.
Juiz Federal:- Aí deixe então para as alegações finais, com toda aquela retórica e
tudo. Vou seguir...
Defesa:- Vossa excelência, entende então que a participação da defesa é retórica?
Juiz Federal:- Não, doutor, eu só acho que a defesa está faltando com a
educação.
Defesa:- Eu não, eu estou fazendo um questionamento, eu não fiz, eu estou
indagando a vossa excelência se a nossa participação aqui é meramente retórica?
Juiz Federal:- Não, doutor. Então, vamos prosseguir, eu posso fazer minhas
perguntas, a defesa vai permitir?
Defesa:- Se vossa excelência fizer isso na ordem processual adequada sim.
Juiz Federal:- Eu estou fazendo, doutor.
Defesa:- Seguindo o processo penal, pelo menos o código que nós conhecemos.
"Juiz Federal:- Tá, doutor, como eu presido essa audiência, então eu entendo que
eu posso fazer na minha interpretação.
Defesa:- Então fica o protesto da defesa contra o comportamento de vossa
excelência, que viola o código do processo penal.
Juiz Federal:- Certo, na sua interpretação, doutor, na interpretação correta do
código...
Defesa:- A interpretação de quem trabalha com processo penal.
Juiz Federal:- Ah, doutor.
Defesa:- Somos professores de processo penal.
Juiz Federal:- Tá ótimo, doutor. Então eu vou seguir as minhas indagações aqui,
se a defesa permitir evidentemente. Então foi mencionado, havia essa questão da
fragilidade que o senhor mencionou, mas houve daí uma necessidade então de
arrecadar mais dinheiro, é isso, de propina, não sei se isso ficou claro?"
"Ministério Público Federal:- Claro. Senhora Mariuza, naquele momento a
senhora Marisa foi tratada pelo Grupo OAS como adquirente do imóvel, como
uma pessoa que estava visitando o imóvel para ver se tinha interesse em comprar
ou como uma pessoa que já era a destinatária do imóvel?
Defesa:- Excelência, o doutor está induzindo a resposta.
Juiz Federal:- Não, não está induzindo a resposta.
Defesa:- Ele está colocando...
Juiz Federal:- Ele colocou três alternativas.
Defesa:- Sim, mas de qualquer forma...
Juiz Federal:- Está indeferido.
Defesa:- É uma opinião que ele está perguntando.
Juiz Federal:- A senhora pode responder, por gentileza, senhora Mariuza, se a
senhora tiver condições de responder?
Depoente:- Não estou ouvindo, não consegui ouvir.
Juiz Federal:- Pode refazer a pergunta?
Ministério Público Federal:- Senhora Mariuza, ficou claro, senhora Mariuza,
nessa visita a senhora Marisa Letícia estava sendo tratada pelo Grupo OAS como
uma possível compradora do imóvel ou como uma pessoa para quem esse imóvel
já tinha sido destinado?
Defesa:- Excelência...
Juiz Federal:- Não, doutora, está indeferido.
Defesa:- Não, não, excelência, pela ordem, por favor, eu tenho direito de fazer
uma intervenção.
Juiz Federal:- Sim. Não está sendo gravado nada do que a senhora, doutora, está
falando.
Defesa:- Excelência, essa pergunta já foi feita, vossa excelência consistentemente
em todas as audiências tem indeferido perguntas refeitas, inclusive pelo processo
de celeridade da audiência, a pergunta já foi feita e a testemunha respondeu, era
um potencial cliente nas palavras dela.
Juiz Federal:- Não, doutora, eu acho que não foi feita essa pergunta e está
indeferida a sua intervenção. Pode refazer a pergunta novamente, eu solicitaria
que não houvesse novas intervenções.
Ministério Público Federal:- Senhora Mariuza, nessa visita a senhora Marisa
Letícia estava sendo tratada pelo Grupo OAS como uma pessoa que poderia vir a
adquirir o imóvel ou como uma pessoa que já havia adquirido, já era proprietária
do imóvel, o imóvel já estava destinado a ela.
Defesa:- Fica o protesto aqui de novo, excelência.
Juiz Federal:- Doutor, o senhor está sendo inconveniente, doutor.
Defesa:- Ele está pedindo a opinião da testemunha, a defesa não é inconveniente
na medida em que estamos no exercício da profissão.
Juiz Federal:- Já foi indeferida a sua questão.
Defesa:- Mas eu sei, não pode...
Juiz Federal:- Já foi indeferida a sua questão, doutor.
Defesa:- Vossa excelência não pode caçar a palavra da defesa.
Juiz Federal:- Posso, doutor.
Defesa:- Não pode porque nós estamos colocando uma questão muito importante,
relevante, o ilustre procurador está pedindo a opinião da testemunha e ele não
pode pedir a opinião da testemunha.
Juiz Federal:- O doutor está sendo inconveniente, já foi indeferida a sua questão,
já está registrada e o senhor respeite o juízo!
Defesa:- Mas, escute, eu não respeito vossa excelência enquanto vossa excelência
não me respeita como defensor do acusado!
Juiz Federal:- O senhor respeite o juízo, já foi indeferido!
Defesa:- Vossa excelência tem que me respeitar como defensor do acusado, aí
vossa excelência tem o respeito que é devido a vossa excelência.
Juiz Federal:- Já foi indeferido.
Defesa:- Mas se vossa excelência atua aqui como o acusador principal, vossa
excelência perde todo o respeito.
Juiz Federal:- Sua questão já foi indeferida, o senhor não tem a palavra. O
senhor pode repetir essa questão que foi feita pelo. A senhora pode responder
essa questão, afinal ela era tratada como adquirente potencial ou uma pessoa
para a qual o imóvel já havia sido destinado?
Mariuza Marques:- Tratada como se o imóvel já tivesse sido destinado."
"Juiz Federal:- Então o senhor sabia que era uma solicitação do PMDB ao
governo?
Depoente:- Pela imprensa, mas no conselho não foi discutido isso.
Juiz Federal:- E o senhor nunca indagou, nunca...
José Gabrielli:- Não, na verdade nós não tínhamos...
Defesa:- Pela ordem, Excelência, há um limite Excelência.
Juiz Federal:- Eu estou fazendo as perguntas, doutor.
Defesa:- Vossa Excelência está insistindo.
Juiz Federal:- Eu estou fazendo as perguntas, doutor, não estou induzindo a
testemunha.
Defesa:- Está induzindo, é a quinta pergunta. Já respondeu. São perguntas já
respondidas, vão ser respondidas de novo, Excelência.
Juiz Federal:- Eu ouvi pacientemente as perguntas da defesa e do Ministério
Público, eu estou fazendo as minhas perguntas, certo?
Defesa:- Mas as suas perguntas são as perguntas de um inquisidor e não as
perguntas de um juiz que quer esclarecer um fato.
Juiz Federal:- Doutor, respeite o juízo.
Defesa:- Eu estou (ininteligível) Vossa Excelência.
Defesa:- Vossa Excelência respeite então a ordem processual.
Juiz Federal:- Respeite o juízo, doutor. O senhor não tinha nem conhecimento
então?"
A defesa de Lula fez tantas objeções que só faltou exigir que ele fosse tratado por "Vossa Excelência".