"Haters" (Odiadores)

“Que livro ruim!”, “Como você escreve mal!”, “Você escolheu a profissão errada!”, “Se você é escritor, eu sou Machado de Assis!”, estas são algumas frases que um escritor iniciante já pode ter lido em suas redes sociais (twitter, facebook, wattpad etc.). Os “Haters” (odiadores) não ligam para sensibilidade do escritor ou para qualidade de seu texto. Eles querem ofender, diminuir, tentar ser melhores que o escritor a quem criticam, mesmo que por linhas tortas. Jonny Lija era um “hater”(odiador) dos piores que existem. Ele escrevia muito bem e tirava ótimas notas na faculdade de Letras da Uerj, onde estudava, mas usava seu talento literário para denegrir a imagem de escritores famosos. Era um misto de inveja e prepotência que o moviam. Ele queria ser reconhecido e famoso como os escritores que criticava, mas não o era, porque lhe faltava uma qualidade primordial para o sucesso: a humildade. Jonny Lija estava escrevendo um livro para conclusão de seu curso de graduação. O título era bem sugestivo: “Um autor não precisa ter qualidade literária para ser lido, basta ser famoso.” Sua crítica mordaz dirigia-se a pessoas como músicos, atores, apresentadores de TV, dentre outras celebridades, que, apesar de não serem escritores profissionais, enveredavam pelo mundo da literatura e até vendiam bem, mais por sua fama e séquito de admiradores do que pela qualidade literária do que escreviam. Jonny Lija criticava os pseudo-escritores sem piedade. Adorava entrar no facebook deles e chamá-los de “charlatães das letras”, “enganadores do povo” dentre outros adjetivos pejorativos. A maioria dos famosos simplesmente o bloqueava, mas alguns o processavam. E ele ligava? Nada. Na cabeça do “hater”, ele fazia um favor à população, pois criticava livros que não deveriam ser escritos, quanto mais lidos.

Jonny Lija cismou com o livro de Clarice Lanhães, uma famosa apresentadora de TV, que ele julgava feminista ao extremo. Segundo Jonny, o livro de Clarice, Mulher Poderosa, achincalhava os homens e, nas entrelinhas, a mensagem da apresentadora era muito clara: os homens só serviam para reproduzir e nada mais. Isto é o que o estudante de Letras interpretou ao ler o livro da famosa apresentadora, apesar dela nunca ter dito (nem escrito) tais palavras. Jonny não aguentava a prepotência da apresentadora de TV. Mesmo achando o livro dela bem escrito, o estudante de Letras não concordava com nada que ela defendia no manuscrito, e disse isto para ela, no facebook, botando a cara para bater, ou seja, sem esconder sua identidade. É claro que a apresentadora o bloqueou, mas antes lhe disse o seguinte: “Meu rapaz, a vida dá voltas. Hoje eu sou a vidraça, amanhã posso ser a pedra.” Parecia um vaticínio, uma profecia que se realizaria, pois, alguns meses depois, na bancada que aprovaria a monografia de Jonny Lija, quem estava lá? Pois é. Ela mesma! A apresentadora de TV feminista! Jonny foi reprovado? Claro que sim! Pois ela fez a “caveira” dele com os outros dois examinadores da banca. Quem mandou ser “hater”? Agora chora na cama que é lugar quente, bebê!

FIM

Luciano RF
Enviado por Luciano RF em 26/12/2017
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