Onomatopéia

Gosto de reparar em palavras. Algumas são assim... especiais. Me chamam a atenção. Fuçando em palavras e deixando de lado as que utilizo bastante, eis que dei de cara com ela: ONOMATOPÉIA. Nossa! (pensei comigo mesmo) Que achado! Ela é.. assim... digamos... digna de um tratado. Seu som é pomposo, falar é gostoso e te enche de um orgulho inexplicável. Uma tentativa xucra de explicação poderia ser talvez porque se a pessoa fala isto naturalmente deve ser feliz proprietária de uma cultura acima da média.

Pode experimentar e veja se você não concorda comigo: “o-n-o-m-a-t-o-p-é-i-a”. O som é libertador: sabe aquela sensação gostosa de soltar um palavrão. Pois é. Acho que onomatopéia vence. Não que não seja muito gostoso mandar um babaca para a ponte que partiu ou mandar comer tomate cru, mas onomatopéia é tão bom quanto, com a vantagem de você poder falar na rua ou numa reunião de negócios.

E olhe que eu tenho muita identidade com ela. Sofro até bullying familiar por utilizar além do normal esta figura de linguagem. Explico: gosto muito de contar histórias, ou falar sobre um filme e na esperança inconsciente talvez de tornar meu relato interessante vou contando pormenores e detalhes para que uma cena fique bem retratada na minha narração. O resultado disto é que um filme de uns 90 min pode durar até um pouco mais hehehe e com muito uso deste recurso. Se na minha história tem um soco eu diria “Daí (eta vício, eta muleta) ele levou um soco: POW”. O bullying está ali já com as caras de riso e perguntas irônicas e divertidas do tipo “Como foi mesmo o soco Dalton?”. “Foi um direto no queixo” me corrijo e tento me policiar para evitar, de já na próxima frase, me sair com outra.

Fui ver a etimologia da palavra e vi que ela vem do grego e significa fazer palavras. Eu sabia. Ela tinha que ser importante. Ela faz acontecer. Acho que na origem da nossa língua todos “onomatopeiávamos” (será que existe o verbo ou estou criando uma palavra? O corretor do Word está me dizendo com um tracejadinho vermelho logo abaixo da palavra que eu estou viajando e eu respondo numa hipotética conversa com ele que “Sim quando eu te utilizo é uma das coisas que eu mais faço” rsrs.) e um “mamamamam” dito por um ancentralzinho neném do homo sapiens lá numa caverna estivesse querendo dizer com o som de uma mamada que estava com fome e o brucutu pai já apontava para a dona do leite que ficou sendo a mamãe.

Vi também que tem uma variante e pode se chamar também de onomatopoese: claro para o caso de no lugar de um tratado encontrar um poeta inspirado que queira lhe fazer uma "onomatopoesia".

Como não estou inspirado para uma poesia e sem tempo para um tratado vou declinar, não que ela não mereça, mas o “tic-tac” dos ponteiros do relógio são carrascos e dizem que eu tenho que parar de ficar enchendo vocês com estas elucubrações. Nossa, “elucubração” é supimpa. Nossa, “supimpa” também. Ah deixa para lá: vocês e eu temos mais o que fazer. Um grande “SMAC” no coração de vocês. Bom dia!