Pescador contrito
O Nélson foi o cara. Até na ponta da vara. Figura rara. Já no outono da existência, em primaveril impertinência, baiano da gema, saiu a pescar, sem pobrema, na piracema.
Saiu do seu Brumado e se mandou, légua à frente pra beira do rio Pará que de piscoso melhor não houve, nem haverá. Tanto, que encheu o samburá. Com as cachaças na cabeça chegou até a tirar um bom cochilo. Mas antes não tivesse feito aquilo. A Polícia Ambiental apareceu e até algemas nele meteu.
Eram evidentes demais as provas do crime. Botado no camburão, com os pertences que o incriminava, lágrimas lhe rolavam. Iam pra Pitangui, sede do município para a autuação perante um reconhecidamente inclemente feroz delegado.
Quando se avizinhavam do Brumado, que a meio caminho ficava, o pescador contrito já não mais chorava. Apenas lamuriou:
- Cês é mesmo uns covarde, uns sem coração, nem pra morfético cês
dão perdão...
Foi o quanto bastou para os atarantados vigilantes da ordem florestal. Tremendo e sem remendo pararam a viatura e aos gritos e impudentes ritos apearam, com toda sua tranqueira, aquela repulsiva figura. Que ainda lhes ofereceu uns mandizim di dá água na boca...