NEM COM OS VOTOS DAS QUENGAS GANHOU
Dona do Cabaré “Minha Deusa”, Valfrida um dia cismou da vida, e se candidatou para deputada federal.
-Logo para deputada federal? Questionou uma cafetina.
-Por que não?
-É difícil.
-Difícil é tirar roupa da estátua para ver se ela está de cueca. – filosofou a velha puta e candidata a deputada federal.
-Vai deixar a vida de quenga?
-Que nada! Chegando em Brasília vou ampliar meus negócios.
-Como?
-Transformando minhas parceiras em “pastinhas”.
-Pastinhas?
-São assim chamadas as quengas dos políticos do Congresso Nacional.
-Eu vou virar uma pastinha?
-Claro.
-E eu? Berrou Sandrão o porteiro do bordel mais famoso da cidade.
-Vai ser um “Leão de Chácara”.
-Que peste é isto?
-Meu segurança!
-Vou ser um cara chique.
-E eu? – reivindicou a meiga Verônica.
-Você irá intermediar as pastinhas.
-Intermediar com quem?
-Com os políticos.
-Onde?
-Lá dentro do Congresso.
-E pode?
-Minha filha lá pode tudo.
Do bate-papo também participavam outras pessoas.
-Vamos criar um slogan. Salientou um antigo freguês do brega.
-Ou fode ou sai de cima. Berrou outro amigo da candidata
-Este não presta.
-Porque vamos perder os votos dos conservadores.
-Ou dá ou desce!
-Também não dá. É um slogan forte.
-O couro vai comer!
-Não dá!
-Estourar a boca do balão.
-Não dá!
Depois de várias ideias Valfrida entrou no assunto e ordenou:
-Achei um interessante.
-Qual?
-“Vamos gozar a vida/Votando na candidata/Chamada Valfrida.
Todos gritaram:
-Vamos gozar a vida/Votando na candidata/Chamada Valfrida.
Alegre a candidata salientou:
-Vamos brindar o slogan.
-Vamos!
Encerrado o brinde outro amigo da candidata atiçou:
-E a marca da nossa campanha, qual será?
-Uma camisa de vênus! Metralhou um cara já cheio de cachaça.
-É imoral demais.
-Um pintinho amarelo!
-Não dá!
-Por que?
-Vai parecer com a campanha da Federação da Indústria de São Paulo.
Outro mais criativo alertou:
-Ou com o pintinho amarelinho de Gugu.
-Uma flor.
-Não está certo. Aqui é lugar de macho. Flor aqui é na cama. Berrou um frequentador machão.
Novamente a quenga-mor entrou na confusão:
-Uma luz vermelha.
-Por que?
-Porque a luz vermelha identificava os antigos cabarés.
-Muito Bem – apoiaram todos.
A campanha pegou fogo. O dono do bumba aproveitando a euforia do povo criou logo a marca da “cachaça Valfrida”. A molecada gostou:
-Eu quero aquela cachaça que relaxa e goza.
-Qual? Questionava o bodegueiro com a cara envergonhada.
-A Cachaça Valfrida!
As mulheres chamadas Valfrida também não gostaram do slogan; “ Vamos gozar a vida/Votando na candidata/Chamada Valfrida”.
Deu uma confusão danada e até tentaram impugnar a candidatura. Não houve jeito!
Nos comícios da candidata as promessas eram mirabolantes.
-Se eu ganhar vou levar a cachaça Valfrida para Brasília e lá vou transformá-la em uma pinga internacional.
-Muito bem!!!
-Se eu ganhar vou fazer um projeto de lei que no ano exista o “Dia das Quengas”.
-Muito bem!
-Vou lutar para que também tenha um dia homenageando os cafetões.
-Muito bem!
-Um dia dos fuleiros.
-Fuleiros? Por quê?
-Para homenagear a fuleiragem que existe neste país.
-Muito bem!
Tudo era alegria na campanha da mariposa. O já ganhou tomou conta da campanha. Nos bares e nas feiras a candidata era a coqueluche da cidade.
Ao abrir as urnas a nossa amiga Valfrida teve poucos votos e não conseguiu chegar até Brasília para levar seus mirabolantes projetos. Decepcionada fechou seu famoso cabaré e foi relaxar e gozar seus últimas anos de vida, "onde o vento faz a curva", com seu cafetão de confiança.