A FLORZINHA E O CIPÓ
Era uma vez na sarjeta
Um florzinha bem solitária
Na rua São João com Anchieta
No bairro da famosa Cantuária
Vivia tadinha a florzinha a sentir
Nos dias de tempestades pauladas
Das folhas e galhos por ali jogadas
Sentia o seu caule nas águas o ir e vir
Num bailar penetrante que a sacudia
Quase arrancando-a do que a prendia
Foi então que um tronco nela bateu
Arrancando suas raízes q' um dia Deus te deu
E lá se foi ela boiando na enxurrada
Descendo a ladeira escorregando ligeira
Entrando e saindo dos bueiros, coitada!
Toda estropiada no meio daquela sujeira
Quando enfim, se viu no meio da rua parar
Levantou seus olhinhos e de soslaio viu um cipó
Pediu auxílio para que pudesse a ela amparar
Precisava de calor pois fria estava feito um esquimó
Cipó a levou ao seu reduto e lá lhe deu calor
Muito mais que uma manta lhe deu também abrigo
Florzinha recuperou sua aparência e ganhou um amigo
Passaram o inverno juntos na casa do seu dono, o lenhador
(Simone Medeiros)