O PAIOL-COMÉDIA
«A ode da culpa»
Era uma vez um muito célebre País –
Aonde dizem que é difícil governar –
No qual, sem se esperar, estalou o verniz
Num local onde nunca devia estalar.
Não foi propriamente um assalto aos bancos,
Nos quais habita o dinheiro convencional,
Mas sim de um assalto a um paiol de Tancos
Do qual sumiu um armamento monumental.
Quem foi, ou quem não foi, todos querem saber:
Vedações degradadas, lamúrias em derrame,
Cortes nos orçamentos e rondas por fazer
E, mais que tudo, a sempre culpa do dinheirame.
Aqui não há gato, mas há um paiol esburacado,
Há envolvências, tanto de fora como de dentro,
As armas assinaladas é assunto já arrumado
Mas a triste encenação vai rodando em catavento.
Brincar com as armas não é mais que simples jogo:
Trocam-se peças, põem-se peças e a miséria,
Que dá corpo ao negócio, ameaça com o fogo
Palpitando, hora a hora, neste paiol-comédia…
Como diria o Almirante, em tom de chalaça:
“Deixai passar a banda porque é só fumaça!”
Frassino Machado
In ODIRONIAS