“PLIM-PLIM”-DEU NO FANTÁSTICO!

Estava eu numa conhecida rede de hipermercados de São Paulo,naqueles dias em que encaixamos as compras mais emergentes nos nossos horários já tão restritos.

Passava rapidamente pelas gôndolas, lembrei-me que estava sem água, coloquei as garrafas no carrinho e me dirigi ao caixa.

Paguei as compras, enlacei as sacolas plásticas no pulso, abri o porta-malas do carro...e puff!

Uma das sacolas arrebentou e deixou que uma das garrafas d’água explodisse sobre mim.

Lembrei da reportagem do FANTÁSTICO, a das sacolinhas de baixa resistência, olhei para o relógio, enchi o peito de ar e resolvi pleitear meu direito de consumidor, o de resgatar a minha mercadoria.

Abaixo as sacolinhas raquíticas!-pensei.

Saí do estacionamento como quem havia saído dum mergulho na piscina, com a garrafa pingando numa das mãos, e com a sacola esfarrapada na outra.

Procurei a secção de atendimento ao cliente.Pouco precisaria falar.A cena já falava por mim..Mas ainda assim...

-Pois não, senhora? O que houve?

Expliquei.O atendente, com olhar de expert no assunto argumentou:

-Senhora qual foi a carga colocada na sacola?

-Ora, sei lá, o empacotador deve saber lhe responder..

-Por que não usou duas sacolas, senhora? Isso não teria ocorrido. Bem, deixe-me ver as especificações do fabricante, vamos lá, quantas garrafas estavam na sacola, senhora? Aqui poderiam estar no máximo três!

-Mas eu só comprei duas! Quero a minha água de volta!

Alguém lá do final da fila exclamou:

-Nada disso! A culpa toda é de vocês e das “sacolinhas do fantástico”...deu lá na globo! Eu vi! E se deu na globo...é lei!

- E pelo que vejo, continuam bem fraquinhas, argumentei.

-Desculpe senhora, tenho que falar com o gerente de compras...

“Plim-plim”:

As pessoas começaram a se avolumar na confusão.E uma senhorinha, ainda em minha defesa:

-Olha só gente, a moça está toda molhada, pode até pegar pneumonia! E vocês vão ter que pagar a conta! E a multa pela má qualidade da sacola...

-Moço -disse eu- o caso é simples: devolva a minha água, que eu preciso ir embora! E não se preocupe, eu já sequei, obrigada - disse eu àquela simpática senhorinha, que mais me pareceu uma advogada engajada na minha causa...

Alguém provido de neurônios e de bom senso, finalmente me deu uma resposta.

-Aqui está senhora, sensibilizados com o ocorrido, a senhora levará estas duas garrafas.

-Moça, vê se dessa vez coloca uma garrafa em cada sacola, viu?!-gritou de longe um garotinho.

Que trabalho este negócio de direito do consumidor...por aqui...

Seca e refeita do caso das “sacolinhas do fantástico”, saí de lá com a sensação de quem saiu dum SPA, afinal, um banho de água mineral no meio do expediente do dia...não é sempre que se consegue...

“Plim-Plim”.

(Conto verídico).