GRIFE “MALA DA HORA”

O assunto da hora é: as malas.

Que mala, hein?

Costumo dizer que, se quisermos fazer um documentário compacto do mundo, temos que observar um aeroporto por alguns segundos.

Observem mesmo, e vejam como é divertido!

Ali acontece de tudo e mil crônicas circulam naquele vaivém sem fim.

Os aeroportos são um inequívoco laboratório de gente, e se alguém quiser saber quais as tendências das modas de todas as “tribos” universais , preste bastante atenção nos detalhes.

Por ali desfilam dos arquétipos mais excêntricos, exóticos melhor dizendo, até aos mais comportados e nurds, aliás, se preparem para se sentir rechaçados do mundo primordial, super mala aliás, dado que há alguns tipos sempre prestes a lhe colocarem no quintal do mundo fashion e descolado.

Mas...se você se interessar pelo assunto e quiser saber mesmo quem é aquele ser a fundo que cruzou a sua frente, conhecer seu “ ID” mais íntimo que nem Freud conseguiria acessar com precisão, não será pelo sapato, nem pela cor dos cabelos, nem pelo perfume, nem pela expressão corporal, ou pelo sorriso, ou pelo olhar; nada disso!- ara, mas é super fácil, analisem “un passant” as suas malas!

Elas contam tudo!

A começar pelas grifes.

Um ser importante, chique, descolado, de vanguarda, JAMAIS se presta a viajar sem uma mala da grife “mala da hora”.

Tem quer ser grife grife mesmo! Nada de grifes falsificadas dessas que bombam por aí...em todas as malas!

Aliás, me incomoda certo cenário mala repetitivo.

Se a mala for grife mala falsificada, tal compromete, logo de cara, o “status quo” da mala dos malas.

E tal 'ser tipo" mala não pode carregar apenas uma mala...de mão. Imaginem!

Para ser um ser mala que se preze tem que ser um ser...de muitas malas e malas despacháveis!

Infindáveis malas, uma montanha delas!

Malas a se perder de vista do condicionamento aeróbico do ego da vida e aerodinâmico da aeronave, o que é preocupante!

E como SÃO SUPER malas de grife, têm que ser enroladas naquele papel filme PROTETOR, sempre discreto e brilhante , A CUSTO DE INFINITAS MALAS GRIFES DA HORA, que é para se valorizar ao MUNDO o conteúdo egóico esvaziado dos e das malas.

Vou explicar melhor:

Eu não sou psicóloga, mas vou arriscar uma projeção diagnóstica: a mala, para alguns seres, funciona como um espaço, digamos, “tipo” um buraco narcísico, cujo preenchimento, por mais que se avolume nos aeroportos do mundo, NUNCA satisfaz o ego mala; um ego sem fundo...aonde sempre cabe mais uma...compulsiva mala.

Deu para entender minha sensação?

Claro que já tive minha experiência COMO e COM MALAS, afinal sou mulher.

A doença começa com o seguinte pensamento; ” vou levar isso para combinar com aquilo”.

E para se curar do obssessivo pensamento de contagem de malas...só com um grande susto!

Assim...desde que certa vez me vi do outro lado do mundo com minhas malas despacháveis extraviadas(e sem mala de mão!) e que só apareceram no aeroporto da partida quando a viagem acabou...me curei dessa patologia extremamente paralisante do ego ofendido e destruído.

Descobri e desenvolvi a criatividade fashion, e informo que dá para se fazer um montão de combinações de moda-tipo fashion mesmo!- com quatro peças de básicas roupas por um bom tempo...e sem grife alguma!

Eu até acho que é em nome dessa doença “ T.O.C das malas da modernidade” que as empresas aéreas mudaram seu jeito de enxergar o EGO das malas dos malas.

Perfeito! Salutar!

O MUNDO todo não paga para fazer terapia para enxugar o ego?

Então.

Para se tratar da doença de grife “MALA DA HORA”...vamos ter que pagar mais, inclusive por sermos uma multidão de malas pelos aeroportos do planeta.

Fui, super feliz, com uma malinha de mão.

E faz tempo, viu?