PAI, POR QUE O PATO FAZ "QUÁC"?

A menina de seis anos pergunta:

-Pai?

-Diga, minha filha.

-Por que os patos fazem “quác”?

O pai, que é gerente numa empresa de marmelada, digo que exporta marmelada (doce legítimo de goiaba) para a Europa e Ásia, responde:

-Não sei, filha.

A menina afastou meio frustrada. Depois de uns cinco minutos, voltou:

-Pai?

- O que foi, filha?

-Pai, por que as vacas fazem “múú”?

-Não sei, filha.

Ela afastou-se sem esconder a cara de decepção.

Em menos de dez minutos ela volta:

-Pai?

-Que foi, minha filha?

-Por que os patos fazem “quác”?

-Não sei, minha filha.

Novamente a menina com semblante agastado afasta-se sem nada dizer.

Porém dentro de cinco minutos está de volta:

-Pai?

-Fala, minha filha.

-Pai, por que os patos fazem “quác”?

-Como posso saber, minha filha?!

O semblante de desânimo estampa-se na fisionomia da menina novamente. Ela afasta-se, vai procurar algo de comer na cozinha.

Nem dez minutos e ela está de volta:

-Pai!

-Fala, minha filha.

-Pai, porque as vacas fazem “muu”?

-Não sei, minha filha.

A menina dessa vez, ao invés de se afastar ou para comer alguma coisa, ou para brincar com seus brinquedos espalhados pela grama, ela comenta:

-Então vou perguntar pro polícia por que os patos fazem “quác”.

-Isso, minha filha, pergunta pra ele, vai.

Antônio suspirou fundo, a menina o deixaria lendo o jornal e ia se distrair com outras coisas. Ela voltou logo depois:

-Pai!

-Que foi, minha filha. Perguntou pro polícia por que os patos fazem “quác”?

-Ele tá ocupado, pai. Ele tá do lado do seu carro lá fora, escrevendo um monte de coisas numa prancheta.

-Ahnnnn?!!

Antônio arregalou dois olhos que davam a impressão que iriam saltar das órbitas. Levantou-se correndo, esquecendo o jornal jogado e caído ao lado da cadeira, no gramado do jardim. E correndo foi até o carro na rua.

-Não é possível!! –gritou ele ao se deparar com a chegada do guincho, o seu carro seria guinchado por ter parado em frente à rampa de descarga de um supermercado onde naquele momento um caminhão de mortadela tentava estacionar para efetuar a descarga.

Mesmo Antônio tentando um diálogo com o policial, não havia como reverter a situação. Artigo do Código de Trânsito, proibido estacionar defronte garagens e passagens de veículos ou afins, causando prejuízo no fluxo dos mesmos. Antônio gesticulava, falava, por todas as maneiras procurava aliviar a situação, mas o policial permanecia impassível, rígido, sem titubear na decisão de guinchar o veículo dele.

Foi quando aproximou-se a menina e perguntou:

-Seo polícia. Meu pai não sabe por que os patos fazem “quác”. Então meu pai pediu pra perguntar ao senhor por que os patos fazem “quác”.

A cara que o policial fez para Antônio não foi uma das melhores caras desse mundo:

-Então ainda por cima, essa, heim! Então nós levamos três ou quatro anos para nos formar na escola militar, enfrentamos as mais duras penas e provas para sermos policiais, manter a ordem,, enfrentar criminosos, facínoras e assassinos sanguinários, para dar condição ao cidadão de viver com segurança e paz. Corremos perigos para que o cidadão de bem tenha ordem e progresso, como está descrito na bandeira nacional. Corremos riscos de vida para oferecermos uma vida digna e harmoniosa para todo cidadão e cidadã. Colocamos nossa vida em jogo para que o cidadão e a cidadã possam viver, ir e vir com dignidade e honestidade, como está descrito na Constituição. Trocamos tiros com bandidos dispostos a tudo, para que a sociedade fique livre deles, e para que não cometam mais crimes contra a integridade física do cidadão e a cidadã de bem. Enquanto o cidadão e a cidadã dormem estamos alertas quanto a um possível perigo proposto por um indivíduo mal intencionado contra a sociedade. E passando por tudo isso, garotinha, o seu pai, sem condições intelectuais, ou em condições intelectuais deploráveis...

-Um segundo...

-...deixa eu terminar, senhor Antônio... Vejo que o seu pai, em condições intelectuais pior que um jumento morto, não consegue dizer pra você, garotinha, porque os patos fazem “quác quác”? Garotinha, as faculdades intelectuais do seu pai, se podemos chamar de faculdades intelectuais do seu pai, estão em avançado estado de decomposição. Senhor Antônio, terei de autuá-lo em flagrante por incapacidade intelectual progressiva e preocupante, colocando em risco extremo o conhecimento de outrem.

-Filha, -Antônio ajoelhou-se no chão para ficar à altura da menina e segurou os ombros dela, -Minha querida, filha, os patos fazem “quác” porque é a forma deles se comunicar, é o linguajar deles. “Quác quác, quác quác!” Viu!?

A menina, satisfeita, olhou para o policial e piscou o olho, e o policial fez um sinal de positivo com o dedão.

Leozão Maçaroca
Enviado por Leozão Maçaroca em 13/03/2017
Código do texto: T5939256
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