A MULHER DO TOM FERA

Tom, um forasteiro que chegou à cidade e logo não agradou a ninguém. Homem de 1,85 cm de altura, com 90 quilos de peso, de puro músculo, com vasto bigode preto, cara de poucos ou nenhum amigo, sério não ria nunca e trabalhava como estivador no porto da cidade.

Nessa época não havia máquinas empilhadeiras e era feito tudo à mão e com a força física, ele era forte como um touro.

A esposa ou mulher dele era muito bonita, tinha ganho o concurso de miss na cidade litorânea onde morava e do concurso estadual e quando ia participar do concurso de miss Brasil ficou noiva de Tom e casando-se em seguida.

Tom, apelidado de Tom Fera, era ciumento demais, não deixava a mulher sair de casa sozinha e quando saia acompanhada dele, ele era um verdadeiro guardião da esposa.

Nenhum homem e coitado daquele que olhasse para ela, partia pra cima do adversário e batia ferozmente no pobre diabo, deixando marcas em todo corpo. Isso acontecia frequentemente e ele já havia sido preso várias vezes. E para prendê-lo era necessário cinco soldados para dominar a “fera” e com muita dificuldade.

Certa vez ele arrancou a grade e fugiu da prisão, que precisou ser refeita e reforçada. Nenhum homem podia nem passar na calçada onde o casal morava.

Ele já havia batido em quase meia cidade, entre homens de todas as profissões, advogados, médicos, engenheiros, vereadores e até o prefeito só não apanhou porque era velocista e fugiu rapidamente.

Uma cena interessante e engraçada aconteceu no pequeno hospital da cidade, enquanto três homens aguardavam no corredor com curativos no rosto, o médico com um riso zombeteira disse a eles:

— Foi o Tom Fera? E um deles respondeu:

—O senhor está mancando, foi o Tom Fera, o médico não respondeu e entrou em seu consultório.

E quem presenciava a briga do Tom dizia que ele parecia uma carreta em ladeira e sem freios, não havia quem o parasse.

E o curioso que para sua esposa ele era carinhoso, atencioso, cavalheiro e sempre comprava flores para ela e a tratava como uma princesa...

Depois de algum tempo a cidade voltou à normalidade, Tom e a esposa mudaram-se para lugar incerto e não sabido.

Os homens daquela localidade podiam transitar livre, tranquilamente e sem medo ...

Miguel Toledo
Enviado por Miguel Toledo em 08/03/2017
Reeditado em 28/10/2020
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