Vacina de Sapo !- EC

Estava muito preocupado com sua saúde, tratamentos não rendiam os resultados esperados. Era machista, preconceituoso, e atribuía o fracasso de seus tratamentos à médica que o atendera. Acreditava que se fosse um doutor, já estaria curado. Mas em diversos consultórios não encontrou um diagnóstico diferente. Eis que alguém sugeriu uma terapia indígena, uma tal vacina Kambo. Algo totalmente natural, visto ser coletado de um sapo típico de nosso país.

Inúmeros relatos maravilhosos de cura justificavam o valor exorbitante da vacina. Na verdade, sequer se preocupou se o animal sobreviveria ou não após a coleta da substância mágica. Importava apenas curar-se. E o sapo tinha este poder!

Submeteu-se ao tal tratamento, e arrependeu-se antes de completar o primeiro minuto, não conseguia se recordar de quando havia se sentido tão mal, tão próximo da morte. Um calor, o coração mais ativo que bateria de escola de samba, o estômago revirando, os olhos ardendo entre outras esquisitices. Disseram que dois dias estaria se sentindo plenamente revitalizado, os sintomas críticos cessaram após meia hora. No entanto no dia seguinte foi internado com um pico de hipertensão jamais sentido. Investigadas as causas, o médico lhe explicou que a substância do anuro “Phyllomedusa bicolor” ainda não era de total domínio da medicina, que o paciente havia se exposto perigosamente.

- Anuro?? Sapo não é anfíbio, doutor?

- Mas não é retirada de um sapo, é de uma espécie de perereca.

Indignado, sentiu-se fraudado, ludibriado e extorquido.

- É por isso!! Tinha quer ser sapo, macho! Mulher não faz nada direito. Quase morro de perereca, a culpa é dela !!!. Paguei pela vacina de sapo!! SAPOOOOOO!!!

(Na semana dedicada às mulheres, uma forma bem-humorada de chamar a atenção para certos preconceitos com que ainda convivemos)

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Este texto faz parte do exercício criativo: O SAPO INOCENTE, veja outras composições em http://encantodasletras.50webs.com/oinocentesapo.htm