LUZ DEL FUEGO E SUA NUDEZ EM ARACAJU

Luz Del Fuego era o símbolo sexual da década de 50. Nem todas as casas de espetáculos do Rio de Janeiro e São Paulo, aceitavam aquela linda vedete que se exibia nua, e tendo a envolvê-la uma jiboia que lhe encobria as partes íntimas. Era demais para os puritanos aracajuano aceitarem aquele pedaço de mau caminho realizar um show na cidade provinciana de Aracaju.

-Del Fuego que faça um show no inferno! Em Aracaju, não! – berrava um cabra besta metido a moralista que morava na colina do Santo Antônio, em Aracaju.

-Torço um dia, para vinda da minha vedete favorita em Aracaju. - salientava um devasso frequentador da boate de Tonho de Mira.

E esse dia apareceu!!!

Um empresário ousado acertou a vinda da grande estrela Luz Del Fuego para nossa cidade.

-Isso é imoralidade! – gritava um padreco.

-É bom demais! Aquele cobra enrolada nas coxas de Del Fuego e subindo até aqueles grandes peitos! – exclamava um cabra cheio de gozo.

E a nossa cidade virou um pandemônio. Uns favoráveis ao grande espetáculo e outros desfavoráveis.

-Vamos fazer uma pesquisa? – opinou um sujeito metido apaziguador.

-Vamos! – concordou uma figura influente na sociedade.

Difícil naquela época foi escolher a emissora de rádio para realizar a enquete.

-Rádio fulano de tal eu não quero por ela ser genuinamente católica.

-Eu também não quero aquela emissora por seguir uma linha libertária.

A escolha foi dura até que encontraram uma emissora independente. A pesquisa foi realizada e o empate foi o resultado.

O empresário com certeza do retumbante sucesso não esmorecia e jogava publicidade nas emissoras de rádio e nos jornais da época.

-“LUZ DEL FUEGO E SUA NUDEZ EM ARACAJU”- estampava um jornal independente em sua manchete.

Aquilo era um insulto para sociedade conservadora de Aracaju.

-Vamos quebrar o cinema REX? – Atiçou um alinhado.

-Por que tem de quebrar o cinema Rex? – questionou outro.

-Porque é lá que vai acontecer o show de nudez.

-Não vai dar certo...

-Então vamos procurar o arcebispo para dar um fim no espetáculo.

E lá se foram todos a procura da autoridade religioso que se prontificou de imediato acabar com espetáculo.

O dia do Show chegou. A fila era imensa para assistir aquele grande espetáculo de nudez. Sol escaldantes e os devassos ali na fila quilométrica sonhando em ver aquela mulherão nua enrolando-se numa cobra.

Os marmanjos se espremiam naquela imensa fila para assistir finalmente a nudez de Luz Del Fuego. De repente naquela agitação apareceu o então chefe de Polícia de Sergipe, Monteirinho e a mando do arcebispo mandou vetar o espetáculo da década.

-Vim aqui vetar o show!

-Não veta não! Gritou um político adorador da vida libertina.

-A mando do arcebispo vou vetar!

-Não veta!

Com um pelotão bem armado, a ordem de Monteirinho foi executada.

A decepção tomou conta do local. Xingamentos foram pronunciados contra a proibição do espetáculo. Pessoas protestavam contra aquela sociedade arcaica. Outras pessoas pensavam em quebrar o cinema. O ambiente era infernal. De repente apareceu um carro na esquina e a turma revoltada começou a vaiar:

-UUUUUUUUUUUUUUUUU !!!

Era o arcebispo dentro do veículo para verificar se sua ordem tinha sido cumprida. Desnorteado com as vaias, o chefe religioso acerelou o carro e desapareceu daquele ambiente encapetado.

Reri Barretto
Enviado por Reri Barretto em 04/03/2017
Reeditado em 04/03/2017
Código do texto: T5930349
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