A DÚVIDA DO SACRISTÃO
A DÚVIDA DO SACRISTÃO
Na igreja de Santa Maria de Nazaré do Livramento, o sacristão, Sonsildo Junior, era sempre visto de pé, atrás do padre, quando este administrava as missas. Na realidade ele se escondia; tinha medo de ser preso. Na verdade esta ocorrência era possível. Ele quase todos os dias aplicava uma surra daquelas em sua esposa Perpéstuma Plácida. É bem verdade que a causa seria traição conjugal, só que ele não tinha provas, só suspeitas; ainda assim sentava o tapa.
Sua suspeita maior recaia sobre o cabo Donato Verve, mas o padre vinha sempre em defesa deste:
- O cabo passa por sua casa em ronda policial, como passa por todas as casas.
Sonsildo ouvia, mas não engolia, até por que o padre visitava sua casa enquanto ele banhava no rio, onde suas roupas eram sempre surrupiadas; o que fazia com que ele se demorasse a chegar em casa, e quando chegava o padre já havia ido embora. Será por quê?
E quando ele chegava Perpéstuma estava sempre de banho tomado; e arredia às suas carícias.
Mas o cabo ainda continuava pelas redondezas. Sonsildo ouvia a sirene da viatura policial. O que fazia seu sangue ferver; e ele partir para as bordoadas na “santa” Plácida.
Tudo dava vaza ao ciclo das dúvidas, das traições, das suspeitas, das porradas, do medo...