O último homem: uma contribuição para a FIFA
Todos os dias havia jogo no campinho de futebol da casa de Zé Tarzan, em São Gonçalo-PB, nos anos de 1980, nos fins de tarde. Times com três jogadores, sem goleiro, traves mirins, sem juiz, um time na espera, tempo de jogo de 10 minutos com morte súbita, em caso de empate havia cobrança de pênaltis alternados, do meio de campo (sem goleiro). Zé Tarzan, jogador extremamente temperamental, notadamente quando o seu time estava perdendo, era o dono do campo e da bola. Mandava e desmandava, mediante a indiscutível obediência de todos.
Em um dia, seu time havia perdido todas as partidas, consequentemente, quase não havia jogado, pois estava sempre na espera. No jogo seguinte, o time de Zé Tarzan puxou um contra-ataque com Bedim de Alexandre, mas este foi segurado por Junior Matos, ainda no seu próprio campo, ou seja, antes da linha central que divide o campo. De imediato, Zé Tarzan acusa (marca) pênalti(!), sob a admiração de todos, visto que até aquele momento na história do futebol mundial não se tinha conhecimento de penalidade máxima em uma falta cometida no próprio campo da equipe que sofreu a infração. Os jogadores tentaram esboçar uma reclamação, mas que foi totalmente rechaçada pelo “dono da bola”, alegando que o lance representava perigo de gol, então estaria devidamente caracterizada a marcação do pênalti. Em seguida, houve a cobrança e conversão da penalidade, ocasionado a primeira vitória do time de Zé Tarzan no dia.
Acredita-se que ao tomar conhecimento deste fato, a FIFA passou a adotar a aplicação do cartão vermelho em casos de faltas cometidas pelo último homem de marcação, pois até então não havia esta previsão nas regras do futebol internacional.