O PAGADOR DE PROMESSA DA COLINA DO SANTO ANTÔNIO EM ARACAJU
Um repórter apostou que se o candidato dele, ganhasse o pleito ele subiria de joelho a ladeira da colina do Santo Antônio, em Aracaju.
-Olha que você não sobe! – atiçava um amigo “meia boca’” para ver o apostador enrascado.
-Eu subo! Basta meu candidato ganhar para você ver um macho subindo aquele ladeira de joelho.
Eufórico o repórter da promessa desafiou:
-Eu aposto com você que subo a ladeira da Colina do Santo Antônio de joelho.
-Você não sobe!
Eu subo!
-Então vamos apostar!
-Está apostado!
O repórter propagandeou a promessa. Para isso ele procurou a imprensa e divulgou sua aventura. Contratou até um carro de som para espalhar pela cidade o seu grande desafio.
-O cara está doido! Tá vendo que ele não consegue? - salientou um sujeito não acreditando nas forças do apostador.
-Ele sobe! A fé move a montanha. – Filosofou o outro acreditando no potencial físico do aventureiro.
Uma enquete foi realizada numa emissora de rádio e o povo votou maciçamente a favor do repórter:
-Tá vendo aí, que o povo acredita em mim. Gabava euforicamente o apostador.
Com a divulgação maciça do evento, o cara se encheu logo de patrocinadores.
-Vou distribuir água mineral de minha empresa lá no dia do evento.
-Quero que minha marca de tênis patrocine sua façanha.
-Quero que você vista no dia a marca da minha camisa.
O repórter virou a “noiva da cidade”.
-Quero uma entrevista exclusiva! – falou um jornalista chorando piedosamente
-Quero que você batize minha filha. Implorou outro sujeito para o figurão em evidência.
-Quero um autógrafo amigo!
-Eu quero um retrato com você!
As eleições chegaram e o candidato do apostador ganhou. A promessa agora era questão de honra para nosso herói.
-Vou cumprir tudo! – salientou o homem da promessa.
E o dia chegou!
A bandinha patrocinado por um amigo começou a tocar a música de campanha do político. O roteiro da façanha estava completamente lotado por pessoas que queriam assistir a tal subida de joelho. Os moradores da rua de Muribeca criaram uma enorme placa apoiando o sujeito. O pessoal da rua do Carmo também deu um forte apoio. As pessoas dos bairros Santo Antônio, Industrial, Porto Dantas, 18 do Forte, Mané Preto, Palestina e adjacências também compareceram. Crianças seguravam bandeiras. Mocinhas com shorts curtinhos gritavam enlouquecidamente pelo nome do apostador. O Estado mantinha a logística com policiais, bombeiros e até uma equipe médica que apareceu para acompanhar o desfecho.
-Buuuuuummmmm. – atirou um soldado para realizar a contagem.
O homem da promessa se armou ficando de quatro para começar a subida.
Buuuuuuuuuummmm! – mais outro tiro foi dado para alegrar o ambiente:
Com o ambiente alegre, homem da promessa voltou a ficar em pé e metendo a mão no bolso da bermuda tirou uma joelheira.
Espantado alguns revoltosos gritaram:
-O que é isso?
-É uma joelheira!
-Para que vai servir?
-Para colocar nos meus joelhos- aventou com a cara cínica o homem da aventura.
-Isso não vale!
-Vale!
-Não vale!
E com a cara debochada o sujeito da promessa retrucou:
-Quando fiz a promessa não disse que iria fazer com joelheira ou sem joelheira.
-Não vale!
-Vale. Na hora da aposta eu disse que iria subir de joelho. Não posso subir a ladeira sem os meus joelhos.
-Você é um trapaceiro!
-Vou dar uma colher-de chá?
-Como?
-Subindo a ladeira ajoelhado.
Argumentou sarcasticamente o aventureiro cumprindo com folga sua promessa.