Diamante de amante...
Um senhor bem vestido chega a uma famosa e exclusiva joalheria com uma deslumbrante gata a tiracolo. Bem atendidos - comme il faut - a decisão é por uma gargantilha cravejada de brilhantes, de excepcional qualidade e lavor. Sem a gravação EIKE, contudo.
Os olhos da moça simplesmente fulguram. O companheiro da ocasião, saca um cheque do bolso e o preenche em letra firme, espevitada de sua Montblanc: 800 mil reais.
Como era um final de tarde de uma sexta-feira, o proprietário do estabelecimento, contrafeito e constrangido, objeta sobre a impropriedade de se receber um cheque daquele valor, justamente na véspera de um fim de semana.
O cliente não se descompõe, todavia. Com argúcia e sem se mostrar aborrecido ou desapontado, obtempera:
- Perfeitamente entendido, caro senhor. Dou plena razão à sua objeção à venda nestas circunstâncias. Sem problemas, no entanto. E como não quero em hipótese alguma correr o risco de perder essa peça, em confiança, deixo-lhe o cheque, e, na segunda-feira, quando resgatado o mesmo, aguardo telefonema seu para determinarmos onde e quando entregar a mercadoria. Que lhe parece?
O joalheiro aceitou a proposta sem pestanejar. E tampouco se desassossegou a destinatária daquele mimo, digno de uma Senhora Cabral des temps parisiens...
Feito o trato, e chegada a ansiada segunda-feira, do banco ainda, o joalheiro liga, por volta das 11:30:
- Senhor freguês, lamento informá-lo, mas o cheque de Vs Senhoria está sem fundos...
E do outro lado da linha imaginária - que ninguém agora liga pro fixo - veio a resposta, arrastada, como se estivesse se acordando, forçadamente, naquela hora do dia:
- Tem galho não meu senhor. Pode rasgar o cheque. Já comi...