O CANDIDATO BANGUELO

João de Ventura (candidato banguelo), mandou o amigo Paulino confeccionar um tipo de dentadura boa e barata para ofertar seus eleitores desdentados.

-Não tenho condições de realizar esse tipo de dentadura.

-Como?

-Boa tem um preço e barata tem outro. Ou barata ou boa?

- Dê seus pulos. – avisou João de Ventura saindo logo em seguida para tocar sua campanha.

-Vou colocar dentadura na minha boca e também nas bocas dos meus eleitores. – avisou o candidato lambanceiro para todos os seus eleitores.

Nos bares, feiras, barbearias e até nas esquinas da cidade o assunto era a dentadura de João Ventura.

Um marqueteiro da cidade aproveitando da ocasião juntou-se ao pleiteante com intuito de faturar também e criou um slogan: “Vote em João de Ventura/ E ganhe uma dentadura”. O esquema pegou e o publicitário criou um jingle. Do jingle, o profissional também criou uma camisa de cor branca com uma grande dentadura exposta na frente.

Era João de Ventura passar na rua que seu eleitor gritava:

-Vote em João de Ventura

-E ganhe uma dentadura.

Outros mais antigos berravam lembrando a campanha de Jânio Quadros:

-O homem da dentadura vem aí...

Nos bares, feiras, barbearia e até nas esquinas da cidade o assunto era a dentadura de João de Ventura.

O povo adotou o candidato farofeiro. A música de João de Ventura era a mais tocada. A camisa com a dentadura estampada era a mais usada. Faltava somente a entrega da dentadura.

-João, quando vai entregar a chapa. - salientou um inocente para o candidato que respondeu na bucha encabulado:

-Chapa Não! Vou entregar DENTADURA no dia do grande comício.

No dia do grande comício, o candidato João de Ventura com o marqueteiro realizou um festa para entregar a tal dentadura ao seu povo:

-Aqui há não sorteio! Aqui todos ganham! Vote em João Ventura e ganhe uma dentadura.

O candidato e sua equipe compostas por mulheres bonitas e sensuais distribuíram dentaduras boas e baratas confeccionadas pelo amigo Paulino para todas as pessoas presentes no evento político.

Depois da entrega, João de Ventura foi até o palanque. No tablado foi vaiado quando teve sua dentadura boa e barata confeccionada pelo amigo Paulino, caída ao chão e pisada por todos, quando abriu sua bocarra num discurso inflamado.