DINHEIRO BOIANDO NO MAR DA URCA
Deu um quiproquó danado quando o pescador José da Silva mergulhou no Mar da Urca e subiu com uma nota cem reais gritando:
-Achei uma nota de cem reais! Achei uma nota de cem reais!
Notando que tinha chamado atenção de todos ali presente o pescador tentou remediar:
-Não foi! Não foi! Eu não achei dinheiro nenhum. Minha gente é história de pescador
Não adiantou!
Ao ver a nota de cem reais com o pescador, algumas pessoas mergulharam e aquele local virou imediatamente um tesouro para todos.
-Olhe uma nota de cinquenta reais aqui! Vou tomar todo de cerveja com minha rapariga. – gritou um desocupado.
-Mergulhei agora e encontrei setecentos reais enrolado no elástico. –esbravejou Valdeci Bezerra, 60 anos.
Naquela altura o comércio clandestino de bebidas, comidas e até de equipamentos de mergulho já tinha sido instalado.
-Amigo me dê um equipamento completo para mergulho. Pediu um mergulhador para o novo comerciante que aproveitando-se da ocasião encareceu o produto.
-Você é um explorador! Você é um explorador.
-Ou compra, ou largar! – sem alternativa o homem do mar realizou a transação.
O mergulhador equipado, teve sorte que, ao mergulhar trouxe um malote cheio de moedas:
-Achei um malote cheio de moedas.
-Tá vendo aí que meus equipamentos dão sorte! – gritou o comerciante avarento para o mergulhador.
-Comprem meus equipamentos e mergulhe para encontrar um malote cheio de moedas. – propagandeou o vendedor.
Naquela altura o povo do Rio se dirigiu para o novo eldorado carioca. Um barqueiro sortudo conseguiu juntar num mergulho cerca de R$ 45 mil reais. Perguntado sobre o destino da quantia ele aventou:
-Vou deixar meu barco sortudo novinho com esse dinheiro encontrado aqui.
-A fonte ainda não secou! Tem dinheiro para todos! Amanhã eu volto! – gritou um sujeito conhecido como Nunes.
A mídia já se encontrava por lá e fazia ampla cobertura para saber de quem era aquela dinheirama.
-Amigo, quem era o dono do dinheiro?
-Não sei, mas fiquei contente com essa pessoa que jogou esse dinheiro para gente.
Por que?
-Porque ele deu o natal do povo do Rio de Janeiro.
-Amigo, você sabe quem jogou esse dinheiro? – indagou o repórter para um evangélico fanático.
-Foi Jesus! Foi Jesus! Jesus é milagroso e piedoso. Viva Jesus! Viva Jesus!
Com as mãos estendidas para o céu exclamou:
-Jesus está voltando! Jesus está voltando!
-Amigo, você sabe quem jogou esse dinheiro? - inquiriu o repórter para um pescador que estava bebericando no local.
-Foi um dono de uma lancha. Ele era alvo de uma operação da Polícia Federal.
-Foi a turma do PT. – gritou um tucano de uma birosca próxima.
-Foi a turma do PSDB – berrou um petista irado com acusação do tucano.
-Foi a turma do PP! - metralhou um cara decepcionado com o Partido Popular.
-Foi a turma do PSB! - censurou outro contrariado com o partido da pomba.
Todos apontavam para os partidos. De repente apareceu um nordestino e gritou:
-Eu sei quem foi? Eu sei quem foi?
Todos voltaram-se para o nordestino.
-Quem foi o dono do dinheiro?
-O dinheiro foi de um cabra que mora no Rio de Janeiro.
-Quem foi?
E precavido codifica o nome do sujeito que para ele (o nordestino) inundou o mar da Urca de dinheiro:
-Foi o cabra que governou o Estado do Rio de Janeiro.
-Foi fulano! – Esbravejou um taxista que abandonou seu carro na esquina para dar o seu mergulho na Urca e de lá sair rico.
-Foi sicrano- salientou um metalúrgico desempregado.
-Foi beltrano – aventou mais um desempregado.
De repente todos olham para o mar da Urca e de lá escutam uma voz esperançosa:
-A fonte não secou! Tem dinheiro para todos. Acabei de encontrar agora mais um malote de moedas.
Todos esquecem do malandro que jogou o dinheiro no fundo do mar da Urca e mergulham atrás da fortuna.