OS TRÊS MENINOS

Num lugarejo, há muitos anos atrás, no tempo do zagaia ou tempo do onça (muito antigo), havia um armazém de secos e molhados, assim denominado naquele tempo, era uma loja que vendia mantimentos e muitas variedades de ferramentas e objetos para o lar. Vendia também temperos e chás e outras miudezas, denominada armarinhos. O senhor Joaquim era o dono desse estabelecimento, bastante idoso, caminhava com passos trôpegos, usando um pesado sapatão. Nesse tempo vigorava o antigo real, que existia moeda de 100 réis, 200 réis e 300 réis, cunhadas em cuproníquel e vigorou até 1942, sendo substituída pelo cruzeiro.

Numa manhã aparecerem três meninos no armazém do senhor Joaquim, um maior, outro pouco menor e o outro bem pequeno, que formaram uma fila indiana na ordem de chegada.

O proprietário foi atender o primeiro que logo pediu:

— Quero 300 réis de camomila, então o idoso com passos vagarosos, no chão de assoalho, fazendo toc, toc, toc, até o fundo da loja, pegou uma escada e foi pegar o vidro no último degrau da prateleira, serviu o freguês e colocando o vidro de camomila na alta prateleira. Foi atender o segundo menino e ele disse:

— também quero 300 réis de camomila e o dono, vagarosamente, sobe na escada, pega o vidro, separa a porção e entrega ao garoto e já pergunta para o terceiro, você também quer 300 réis de camomila? O pequenino responde não. O Sr. Joaquim volta para o fundo do armazém guarda o vidro e volta para atender o freguesinho que diz:

—Quero 1 tostão de camomila . . .(100 réis), que era conhecido como tostão, a menor moeda na época.

Imagine a cara e o desânimo do proprietário para subir de novo na escada , pela terceira vez, para servir um tostão de camomila para o garotinho.

Sãos os ossos do ofício…

Domínio Público e Miguel Toledo
Enviado por Miguel Toledo em 23/11/2016
Reeditado em 23/11/2016
Código do texto: T5832334
Classificação de conteúdo: seguro