BOM PARA A TOSSE
Tosse não é uma coisa ruim, tem muitas utilidades. Isso é, tirando os casos dramáticos, quando se tosse em situações inconvenientes.
Veja as vantagens. Você chega no dentista, a porta do consultório está fechada. Será de bom-tom bater palmas, bater á porta? Nada disso! Dê apenas uma discreta tossida. Aguarde um pouco. Se não surtir efeito, tussa mais forte. Sem ser inconveniente, você acabará sendo atendido. Outra: você se encontra em um local público, rodeado de pessoas. Acabou de almoçar faz pouco tempo, excelente aquele charutinho de repolho. De repente, os gases do repolho começam a passear no interior de seu ventre. Vem aquela vontade urgente de.... digamos, aliviar o incômodo. Que situação, não é mesmo? O que você faz? Conte até três, e dê uma tossida forte. Pronto, matou dois coelhos de uma só paulada. E ninguém percebeu.
Outra situação: você atende o telefone, e é aquele credor insistente que conseguiu achá-lo em casa. Não é mais possível disfarçar a voz e dizer que é o seu filho. Só há um remédio, simule um ataque de tosse. Entre duas tossidas, peça desculpas ao credor, sugira que telefone mais tarde. Cuide dessa tosse – dirá ele, fingindo-se preocupado.
Um sujeito tinha uma tossezinha irritante há anos. A tosse era uma companhia, quase um ente querido. Apesar disso, resolveu dar um jeito nela. Procurou um especialista na capital. Deram-lhe, então, um questionário para responder. O questionário devassava a vida de sua pobre tosse, queria saber tudo, até quem tinha sido a bisavó da tosse.
Depois, umas moças fizeram-lhe todo tipo de exame. Recebeu a receita e uma conta meio salgada, nem viu o tal especialista. Não se conformou. “Trouxe minha tosse de longe, e o médico nem viu a cara dela. Exijo que pelo menos me ouça tossir.” Não adiantou. O médico detestava tosse, dava o diagnóstico pelo questionário.
Jogou a receita no lixo. Que fossem fazer questionário da tosse da mãe. E continuou com a dele pelo resto da vida.