A tristeza de um candidato

Juliezio foi mais um

Que resolveu se candidatar,

Sem um centavo no bolso

Mas dizia vou ganhar,

Pois eu vendo caranguejo

E sou muito popular.

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Filiado ao PT

O partido do povão,

Ele batia no peito

Falava com emoção,

Dizendo vou defender

O povo da minha região.

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Sua esposa dona Flévia

Dizia vá se aquentar,

Tu és um jumento burro

Que consegue falar,

A única coisa que tu sabes

É pegar caranguejo uçar.

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Ele disse nada disso

Sou um homem do povão,

Conheço todos os problemas

Daqui da minha região,

E par ser vereador

Não precisa ser tabelião.

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Sua filha muito bela

Na campanha se empenhou,

E os caras de olho nela

Dizia ele já ganhou,

Seu pai é um homem sério

Honesto e trabalhador.

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Mesmo sem ter o que dar

O povo ainda pedia,

Levaram um carrinho de mão

Uma enxada e uma bacia,

Um coelho e dois preás

E uma cadela vadia.

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Levaram uma churrasqueira

E um saco de carvão,

Um machado e um martelo

E um espremedor de limão,

E ele não dizia nada

Pensando na eleição.

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Que comprava caranguejo

Não queria nem pagar,

Dizia fique na sua

Pois no dia vou votar,

E ele muito contente

Dizia deixe pra lá.

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Na volta de um comício

Sua mulher lhe chifrou,

E sua muito bela

Com vários homens fez amor,

Mas ele nem percebia

Dizia: serei vereador.

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Na véspera da eleição

O coitado nem dormiu,

Precisa de 700 votos

Mas acreditava tirar,

Só que na hora da apuração

Os votos tomou doril.

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Só teve 14 votos

Ai ficou desesperado,

Devendo a todo mundo

Então disse estou lascado,

Vou trabalhar um dez anos

Para pagar o fiado.

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Pobre Juliezio chorou

Foi triste a situação,

Sua mulher lhe chifrou

Naquela ocasião

E sua filha engravidou

De um tal de João do caixão.

Dorgival dos Santos

Dorgival poeta
Enviado por Dorgival poeta em 15/10/2016
Reeditado em 15/10/2016
Código do texto: T5792860
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