A tristeza de um candidato
Juliezio foi mais um
Que resolveu se candidatar,
Sem um centavo no bolso
Mas dizia vou ganhar,
Pois eu vendo caranguejo
E sou muito popular.
#####
Filiado ao PT
O partido do povão,
Ele batia no peito
Falava com emoção,
Dizendo vou defender
O povo da minha região.
######
Sua esposa dona Flévia
Dizia vá se aquentar,
Tu és um jumento burro
Que consegue falar,
A única coisa que tu sabes
É pegar caranguejo uçar.
######
Ele disse nada disso
Sou um homem do povão,
Conheço todos os problemas
Daqui da minha região,
E par ser vereador
Não precisa ser tabelião.
######
Sua filha muito bela
Na campanha se empenhou,
E os caras de olho nela
Dizia ele já ganhou,
Seu pai é um homem sério
Honesto e trabalhador.
#######
Mesmo sem ter o que dar
O povo ainda pedia,
Levaram um carrinho de mão
Uma enxada e uma bacia,
Um coelho e dois preás
E uma cadela vadia.
######
Levaram uma churrasqueira
E um saco de carvão,
Um machado e um martelo
E um espremedor de limão,
E ele não dizia nada
Pensando na eleição.
######
Que comprava caranguejo
Não queria nem pagar,
Dizia fique na sua
Pois no dia vou votar,
E ele muito contente
Dizia deixe pra lá.
#######
Na volta de um comício
Sua mulher lhe chifrou,
E sua muito bela
Com vários homens fez amor,
Mas ele nem percebia
Dizia: serei vereador.
#######
Na véspera da eleição
O coitado nem dormiu,
Precisa de 700 votos
Mas acreditava tirar,
Só que na hora da apuração
Os votos tomou doril.
#######
Só teve 14 votos
Ai ficou desesperado,
Devendo a todo mundo
Então disse estou lascado,
Vou trabalhar um dez anos
Para pagar o fiado.
#######
Pobre Juliezio chorou
Foi triste a situação,
Sua mulher lhe chifrou
Naquela ocasião
E sua filha engravidou
De um tal de João do caixão.
Dorgival dos Santos