A revolução mais pequena de sempre
Quando estava na casa dos 20 anos, fui animador/monitor num Campo de Férias.
Talvez por ser o meu primeiro campo como monitor, talvez por ser muito novo, o que é certo é que tinha uma óptima relação com a garotada, que tinha à volta de 11/12 anos, sendo que o que eu dizia eles e elas tinham a tendência para fazer, sem pensar se tal estava certo ou errado, simplesmente faziam, por muito disparatada que fosse a coisa...
Um dia, fui escolhido para entreter os 40 garotos(as) antes do jantar.
Ora o tempo passou, passou e nada, e às tantas dei comigo sem saber o que fazer dado ter esgotado o meu leque de brincadeiras.
Os miúdos estavam cada vez mais inquietos, e eu na mesma proporção aflito, até que, em desespero só me lembrei de gritar:
-REVOLTA! REVOLUÇÃO!!!
Mal me calei alguns dos inquietos levantaram-me, colocando-me sobre os seus ombros, enquanto nos dirigimos para a saída do acampamento, com a intenção de o abandonar.
Até que apareceu o director que, barrando-nos o caminho e, sem gritar mas com voz decidida, disse.
Jantar!
Em menos tempo do que leva a escrever os revolucionários estavam, em silêncio e de olhos no chão, a comer a sopa, enquanto eu, na tenda do director, levava o maior raspanete da minha vida…