Um conto de fadas que não te contaram
Antônio Almiro de Amorim Ferreira
Personagens:
-RAINHA BROCHADA:
Usa roupas extravagantes, é verde, tem seios e nádegas fartas e anda de pernas abertas. Está sempre pegando moscas com a mão para comer.
-BRANCA DELEVE: (Branca de Neve)
Mulata, tem cabelos loiros longos, brincos grandes, vestido branco, salto alto, barriga de grávida e uma bolsinha rosa pendurada no ombro.
-CHAPEUZINHO DE PALHA: (Chapeuzinho Vermelho)
Roupa de caipira vermelha, chapéu de palha, um laço vermelho no chapéu e um embornal vermelho pendurado no pescoço.
-A BELA ENTROMETIDA: (A Bela Adormecida)
Óculos fundo de garrafa, cabelo multicor (arco-íris), dorme e ronca em pé.
-A GATA BARRAQUEIRA: (A Gata Borralheira)
Falta um dente da frente, pano amarrado na cabeça.
-JOÃO E O PÉ DE BICHO: (João e o pé de feijão)
Roupa de caipira, falta um dente da frente, cabelo liso tipo vaca lambeu, embornal pendurado no pescoço.
-CHATO DE BOTAS: (Gato de Botas)
Roupa amarela, chapéu com uma pena e óculos fundo de garrafa, voz esganiçada.
-CACHINHOS QUEIMADOS: (Cachinhos Dourados)
Cabelos volumosos, pretos e arrepiados. Uma flor amarela grande bem no meio da cabeça.
-CAVACO DE UNHA:
Alto, terno preto, gravata borboleta e uma capa preta nas costas, cabelo penteado pra frente, olhos maquiados de preto bem assustador (inspirado no tropeço da família Adams)
-DRAGÃO BUNDA DE ANTA:
Bem gorda, bunda grande, excesso de batom na boca, vestido vermelho, um bigodinho bem fino, Voz rouca.
-BRUXA BAFO DE CANA:
Vestido preto, cabelos arrepiados, nariguda, uma aranha agarrada no cabelo, uma coruja de olhos arregalados no ombro e um gato preto enrolado no pescoço.
-CORCUNDA DENTE DE MULA:
Baixo com uma grande corcova nas costas e dentes estufados.
-ANÃO DA BRANCA DELEVE:
Roupa de bobo da corte.
-ESCRAVA MUCAMA:
Cabelo volumoso, rosa e partido ao meio.
-MESTRE DOS MAGROS: (Mestre dos Magos)
Barba branca e um gorro de feiticeiro na cabeça.
-TROMBETEIRO SEU COISINHA:
Voz afeminada, cabelo amarrado rabo de cavalo, roupa de bailarina, bigodinho discreto.
-TROMBETEIRO TRANCOSO:
Idoso, roupa de bailarina, bigodão tipo asa de andorinha.
-CONDE SUSPIRO NAS VENTAS:
Roupa de época, aparência séria.
-RAINHA MÃE PERERECA BROCHADA:
Cabelos brancos, corpo verde, anda com as pernas abertas, um penico rosa pendurado no pescoço, além de grandes cordões no pescoço.
I
Os tresloucados personagens dos contos de fadas estão no palco
Dois trombeteiros tocam as trombetas na entrada da rainha
TROMBETEIRO SEU COISINHA (Voz afeminada anuncia)
_A rainha Brochada, nossa faraoa, Cleópatra da maldade, Seja bem-vinda sinhá.
CAVACO DE UNHA (se curva diante da rainha)
_Curvem-se diante de nossa rainha.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (puxa o saco da rainha e dá uma risadinha)
_Tá para nascer uma rainha mais chique, a roupa de nossa majestade foi costurada por mim.
A rainha Brochada olha com rabo de olho para todos e pega moscas com a mão
TROMBETEIRO TRANCOSO (se irrita com o Trombeteiro seu Coisinha)
_Era só o que me faltava, cale-se trombeteiro puxa-saco, se já não me bastasse estar vestido igual a uma bailarina, também ser obrigado a ouvir suas asneiras.
BRANCA DELEVE (olha de cima a baixo e debocha do chefe da guarda da rainha)
_Gente, esse mordomo da rainha parece o tropeço da família Adams. (risadas)
CHATO DE BOTAS (pergunta a Cavaco de Unha sobre a costureira da rainha)
_Seu Cavaco de Unha Frankstein, o que aconteceu com a costureira da rainha? Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso que falei demais. Esse é feio com força viu.
CAVACO DE UNHA (desconcertadamente dá uma desculpa)
_Foi um pequeno acidente, a rainha a engoliu no quarto escuro quando estava a experimentar um novo vestido.
RAINHA BROCHADA (bêbada e com uma garrafa da cachaça chora dragão na mão a rainha arrota e solta puns no trono)
_Que entre o bobo da corte para nos alegrar pois vossa rainha está a se derramar em tristeza.
BRANCA DELEVE (leva uma mão até o nariz e a outra abana o rosto)
_Em tristeza e em bafo de cana com essa garrafa da cachaça “chora dragão” e podem olhar que tá toda cagada também essa desgraça dessa rainha, como fede essa batida de abacate podre. Isso é um sapo boi em decomposição.
A GATA BARRAQUEIRA (leva uma mão até o nariz e a outra abana o rosto)
_Essa rainha sapo-boi deve ter comido no chiqueiro junto com os porcos.
Bela Entrometida Dorme em pé, ronca e leva um pé na bunda de Branca Deleve
BRANCA DELEVE (devagarinho)
_Acorda que lá vem o príncipe.
A BELA ENTROMETIDA (acorda assustada)
_Independência ou morte.(expressão de dor) (esfrega a bunda) Onde eu tô? Quem foi? Quem morreu? Onde tá o príncipe? Eu quero.
BRANCA DELEVE (pergunta)
_Grita mais alto que a rainha vai te mostrar a independência.
A BELA ENTROMETIDA (responde)
_Me empolguei com o príncipe.
CACHINHOS QUEIMADOS (leva uma mão até o nariz e a outra abana o rosto)
_Olha, podem convocar outra eleição que essa rainha já era, tá morta essa praga, isso tá mais podre que meu avô Clementino que tem duas semanas que se disfarçou de leitão e se escondeu no chiqueiro do reino para comer junto com os porcos já que essa rainha faraoa, Cleópatra da maldade, perereca do brejo comedora de mosca se esqueceu de alimentar o povo.
JOÃO E O PÉ DE BICHO (abana o embornal no rosto)
_Essa rainha saiu foi da bunda de um elefante. Aí que me coça os pé de tanto bicho sô.
CHAPEUZINHO DE PALHA (puxa saco e depois debocha)
_Olha, meu irmão João dos Pé de Bicho tem as razão, quando coça os pé cheio de bicho vem verdade, ele tem essa cara de preguiça depois do atropelamento mas fala a verdade. Nóis é da roça mais nóis né besta não.
JOÃO E O PÉ DE BICHO (olha para Cavaco de Unha e fala irritado)
_Seu Cavaco de Unha com cara de Tropeço, Chapeuzinho de Palha é meu irmão mas dou na cara dele na presença dessa rainha sapo do brejo. Ai que me coça os pé de tanto bicho sô.
CAVACO DE UNHA (pede calma)
_Fique calmo João dos Pé de Bicho que a rainha sapuda lhe manda ao quarto escuro.
RAINHA BROCHADA (olha para Cavaco de Unha e aponta o dedo para Branca Deleve)
_Quem é essa traveca azeda que parece ter engolido uma de minhas leitoas? (lambe os lábios)
BRANCA DELEVE (olha para trás, levanta os sapatos e olha a sola, olha debaixo do próprio vestido e se irrita)
_Eu? (põe a mão na barriga) me larga, me larga, (ninguém a segura) dou na cara dessa rainha boca de sapo.(mostra socos e pontapés em direção a rainha) Sou mulata com muito orgulho e ganhei o estandarte do reino de Bucho Grande como melhor passista do morro da buchada. (samba e mostra o talento de passista) Sou Branca Deleve, Deleve, respeite a dona do barraco da quebrada e dos anõezinhos, ora essa. Eu sou uma princesa.
CHATO DE BOTAS (pede calma a Branca Deleve)
_Calma, calma criatura que essa rainha foi eleita pela CPI da lava prato e ela lhe manda para a cozinha mesmo com essa barriga de melancia. Ninguém precisa saber que você é gigolô dos anões. Pronto falei. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso que falei demais.
BRANCA DELEVE (se irrita e tenta agarrar Chato de Botas mas é segura por Cachinhos Queimados)
_Só podia ser o Chato de Botas, venha, venha aqui que lhe dou nessa cara de bota furada.
CACHINHOS QUEIMADOS (segura Branca Deleve e debocha)
_Calma criatura se não a melancia vaza antes da hora.
RAINHA BROCHADA (olha para Cachinhos Queimados e pergunta)
_E essa coisa aí de cabelo arrepiado feito cachorro tuberculoso com essa rosa amarela ridícula na cabeça, de onde saiu isso?
Branca Deleve tem ataque de risos
BRANCA DELEVE (debocha)
_Tomou papudo.
CACHINHOS QUEIMADOS (irritada faz cara de choro e fala de forma exaltada)
_Olha seu Cavaco de Unha cara de Tropeço, eu não vim aqui para ouvir desaforos dessa rainha com bafo de banheiro de boate em fim de madrugada. (a rainha Brochada arrota e pega moscas) Meu nome é Cachinhos Queimados, estão queimados por que eu usei o ferro em brasa para fazer uma chapinha e queimou essa porcaria toda, foi se o tempo em que eu era Cachinhos Dourados. Olha o bullying (chora)
CAVACO DE UNHA (revela o motivo da convocação da rainha)
_Vamos nos acalmar que o assunto é sério e se trata de um sequestro.
Música de suspense
todos falam ooooooooooohhhhhhhhhhhh!
RAINHA BROCHADA (chora ao lembrar do sequestro)
_Tinha que ser o Frankstein para se lembrar dessa desgraça que caíste sobre meu peito, essa dor que me esmaga a alma.
BRANCA DELEVE (debocha e da risadas)
_ A única coisa esmagada ali é o trono.
CAVACO DE UNHA (revela o nome do sequestrado)
_Nossa rainha se consome em tristeza por que sequestraram o 1º ministro de Bucho Grande o Conde Suspiro nas Ventas.
Todos ao mesmo tempo ooooohhhhh!!!!!
BRANCA DELEVE (espantada revela)
_Gente e não é que eu dei falta desse Conde cuspiro nas ventas lá no forró do cabra-cega. Cala te boca que nem sou fofoqueira mas esse Conde é conhecido por lá pela alcunha de “Barbie Solavanco”.
CHATO DE BOTAS (corrige)
_É Conde Suspiro Solavanco bunda de melancia. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso que falei demais.
BRANCA DELEVE (se irrita com Chato de Botas)
_Epaaaa!!! ninguém me segura que agora dou na cara desse Bota furada, baixou aqui a bruxa da maçã podre. Vou te mostrar a bunda de melancia. (toca a música típica de capoeira e faz os movimentos de capoeirista) Vem que lhe dou nessa cara.
JOÃO E O PÉ DE BICHO (sem nenhuma discrição revela)
_Esse tal de Conde do Suspiro é aquele mesmo que tá na delação premiada e indiciado em 11 inquéritos por corrupção? Aí que me coça os pé de tanto bicho sô.
CHAPEUZINHO DE PALHA (exalta o irmão e depois debocha)
_Olha, meu irmão João dos Pé de Bicho tem as razão, quando coça os pé cheio de bicho vem verdade, ele tem essa catinga de bode que caiu no chiqueiro mas fala a verdade. Nóis é da roça mais nóis né besta não.
JOÃO E O PÉ DE BICHO (cheira o sovaco e se irrita com o irmão Chapeuzinho de Palha)
_Seu Cavaco de Unha cara de Tropeço, Chapeuzinho de Palha é meu irmão mas dou um pé nessa bunda de “carça” rasgada. Ai que me coça os pé de tanto bicho sô.
CAVACO DE UNHA (pede calma aos exaltados)
_Acalmem-se. A sede de justiça toma a todos.
Bela Entrometida Dorme em pé, ronca e leva um pé na bunda de Branca Deleve
BRANCA DELEVE (devagarinho)
_Acorda criatura.
A BELA ENTROMETIDA (acorda assustada)
_Eu não! Eu não! Foi o Tiradentes, enforca ele. (expressão de dor) O que foi que aconteceu? (esfrega a bunda) Onde eu tô? Quem foi? Quem morreu?
BRANCA DELEVE (responde e pergunta)
_Alguns estão mortos mas nem sabem (aponta com o nariz a rainha Brochada). E esse Tiradentes, quem é? Um ex namorado também?
A BELA ENTROMETIDA (responde)
_Outro pesadelo, e o Tiradentes oh! (coloca as mãos no pescoço e aperta)
A GATA BARRAQUEIRA (reclama)
_Pois seu Cavaco do Tropeço a única sede que me tomou aqui é a de chora dragão e essa escrava Mucama eunuca que não presta nem para nos servir um cálice. Serviço aqui tá ruim hein, de quem é o bufete?
CAVACO DE UNHA (irritado)
_Cale-se que Cavaco do Tropeço é sua avó a velha Barraqueira.
A GATA BARRAQUEIRA (emite confusos golpes com as mãos e os pés)
_Me segura, me segura se não sai morte aqui que minha avó era cantora de pagode, dou na cara desse cabelo lambido. Sou faixa preta em luta medieval, ora essa.
A Gata Barraqueira se serve da cachaça chora dragão
A GATA BARRAQUEIRA (pega um cálice de cachaça servido pela escrava Mucama)
_Até que enfim hein. (bebe a cachaça, tosse e arregala os olhos)
BRANCA DELEVE (se irrita)
_Já vai a Gata Barraqueira encher a cara, não conte comigo para carregar bebum morro acima até o barraco não hein que não sou burro de carga.
CACHINHOS QUEIMADOS (debocha)
_Isso bebe igual peru em véspera de natal.
RAINHA BROCHADA (pergunta)
_Cavaco de Unha, essa cachaceira que perdeu o centro avante, parece minha tia Cotinha com essa fralda ridícula amarrada na cabeça (risadas), de onde saiu essa pinguça?
A GATA BARRAQUEIRA (coloca o dedo no buraco do dente, se irrita e emite confusos golpes mas é segura por cachinhos Queimados)
_Epa!!! Baixou aqui a pomba gira tia Cotinha, me segura que eu luto dou na cara dessa rainha com cara de sapo atropelado, barraco é comigo mesmo.
A rainha Brochada arrota e dá golpes no ar pegando moscas
CACHINHOS QUEIMADOS (pede calma a Gata Barraqueira)
_Calma criatura que essa rainha é a malvada Cleópatra, a torturadora.
BRANCA DELEVE (debocha)
_Tomou papudo.
Tocam-se as trombetas
Entra o bobo da corte, um dos anões da Branca Deleve que faz uns bicos no palácio de Bucho Grande
TROMBETEIRO SEU COISINHA (após a entrada do Anão da Branca Deleve revela)
_ Esse anão da Branca Deleve é conhecido lá no forró do cabra-cega como toco de braúna (põe a mão na boca e ri) cala te boca que o negócio é grosso.
RAINHA BROCHADA (ordena que o Trombeteiro seu Coisinha se cale)
_Cale-se trombeteiro entrometido que as grossuras não são de sua conta.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (faz galanteios a rainha)
_Aqui estou minha amada faraoa, Cleópatra da maldade, ao passar pelo bosque das flores risonhas colhi esse lindo buquê para minha rainha.
Gargalhadas são ouvidas vindas do buquê de flores
CHATO DE BOTAS (opina sobre as gargalhadas das flores serem em referência ao galanteio do anão a rainha)
_Nem as flores acreditam nas palavras de amor desse anão para a rainha sapo-boi. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso em um anão mais besta.
A BELA ENTROMETIDA (opina e ri)
_Pra mim essas flores estão é rindo da cara de sapo dessa rainha.
BRANCA DELEVE (se irrita com o anão e dá uns tapas na cabeça dele)
_Mas era só o que me faltava, quem mandou você sair lá do barraco, você deixou nosso filho Judiscreyson sozinho? Eu sou sua princesa e não lhe autorizei a fazer bicos aqui no palácio seu estropício. Olha essa barriga, é mais um para você pagar pensão.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (se defende)
_Olha o respeito aos direitos humanos, isso é bullying com o bobo da corte. Eu fui escravizado por essa mulata enlouquecida aí. Pronto falei.
CHATO DE BOTAS (se irrita com o anão da Branca Deleve)
_Olha aqui meio quilo de bagaço da rainha, esse bordão já é meu e ninguém tasca. Pronto falei. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando me roubam o bordão.
BRANCA DELEVE (se irrita com o anão)
_Vou te mostrar quem é mulata enlouquecida, deixa que depois eu te pego lá no barraco, deixa queto.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (se desculpa e põe a culpa na crise)
_É a crise, três meses que não recebo meu salário de anão, tenho que pagar a pensão do Judiscreyson, que desconfio que nem meu filho é, Judiscreyson dorme tanto que pra mim é filho do soneca.
BRANCA DELEVE (se irrita e corre atrás do anão)
_Vem aqui que vou lhe mostrar quem é o pai do Judiscreyson. Bobo da corte e amante da rainha, era só o que me faltava. (para e pensa alto) Filho do soneca, será?
ANÃO DA BRANCA DELEVE (se irrita)
_Olha a violência contra os anões nessa história gente.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (acaricia a barriga de Branca Deleve)
_Meu amor, tive que aceitar esse bico e o beiço de sapo gelado da rainha, (aponta com o dedo a rainha Brochada que arrota e levanta uma das mãos pegando moscas) você não tem ideia como é beijar esse trambolho, é a visão do inferno.
A GATA BARRAQUEIRA (pergunta sobre o Bobo da corte anterior)
_E o que terá acontecido ao outro Bobo da corte?
CACHINHOS QUEIMADOS (acusa a rainha)
_Esse sapo-boi deve ter engolido o coitado.
CHATO DE BOTAS (opina sobre a avantajada barriga da rainha)
_Se engoliu ainda não digeriu pois na pança dessa rainha tem é uns 3 bobo da corte, esse anão que se cuide. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso que falei demais da avantajada pança da rainha.
CAVACO DE UNHA (se desculpa em nome da rainha)
_O bobo da corte foi acidentalmente engolido pela rainha no quarto escuro depois de uma piada sem graça.
BRANCA DELEVE (se irrita e dá cascudos no anão) (A Bela entrometida e a Gata Barraqueira a seguram)
-Viu seu idiota aonde você foi se meter sua tranqueira. Me larga, me larga que dou na cara desse anão.
As gargalhadas aumentam, todos riem inclusive a rainha Brochada
RAINHA BROCHADA (dispara a gargalhar no trono e a soltar puns)
_(risadas) Me contaram essa semana passada, já ouviu aquela do papagaio e a vizinha de baixo? (risadas)
Todos abanam a mão no rosto devido os gases mal cheirosos da rainha Brochada
CHATO DE BOTAS (opina sobre a saúde mental e intestinal da rainha)
_Essa rainha tem graves problemas mentais e intestinais. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso que fedeu demais.
RAINHA BROCHADA (a rainha Brochada olha para as flores e continua a rir e de repente se irrita)
_(risadas) Parem de rir. (bate nas flores risonhas)
As gargalhadas continuam...
RAINHA BROCHADA (irritada levanta do trono e ameaça)
_Quem continuar a rir será levado para o quarto escuro e torturado com a “tromba negra de saracura”.
Todos param de rir assustados com a ameaça da rainha, somente Mestre dos Magros continua as gargalhadas, as flores são destroçadas pela rainha, todos saem da frente e Mestre dos Magros é descoberto
RAINHA BROCHADA (enfurecida aponta o dedo para Mestre dos Magros)
_Cavaco de Unha, prenda esse ancião e o leve ao quarto escuro.
BRANCA DELEVE (espantada aponta para Mestre dos Magros)
_Mas é Mestre dos Magros, Coitado do véio, vai sentir o bafo de masmorra e de pocilga mal lavada na cara.
A GATA BARRAQUEIRA (opina)
_Vai vê o velhote se cansou da caverna do dragão e tava precisando de um sacolejo na boca do canhão.
A BELA ENTROMETIDA (intercede por Mestre dos Magros)
_Senhora, grande “faraoa”, Cleópatra da maldade, tenha misericórdia desse pobre ancião, a tromba negra de saracura é demasiado um castigo grande demais para nosso querido Mestre dos Magros, ele não foi o culpado pelas crianças não saírem da caverna do dragão.
CACHINHOS QUEIMADOS (revela a situação de Mestre dos Magros na caverna do dragão)
_Esse véio tá mais sujo lá na caverna do dragão do que pau de galinheiro.
CHATO DE BOTAS (questiona)
_Ninguém mais para clamar por essa pobre criatura. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso em tamanha maldade.
RAINHA BROCHADA (irritada põe fim a discussão)
_Basta, leve logo essa tranqueira para o quarto escuro que vou lhe mostrar quem é a rainha de Bucho Grande.
BELA ENTROMETIDA (pede que a escrava Mucama a sirva mais um gole da chora dragão)
_Bota mais uma chora dragão aqui escrava Mucama eunuca que a coisa começou a esquentar nessa história. Agora só falta aparecer um belo príncipe para me dar umas encochadas.
BRANCA DELEVE (irritada reclama da bebedeira de Bela Entrometida)
_Já está de fogo a Bela Entrometida, olha que te coloco pra fora do meu barraco, to ficando cheia de gente com bafo de cana na minha casa. (ironiza) Belo príncipe, o que vai aparecer na sua frente é um gambá reumático para você se casar.
BELA ENTROMETIDA (emite confusos golpes)
_Olha aqui! Eu pago em dia o aluguel para morar naquele muquifo daquele barraco e ainda sou obrigada a dormir em um amontoado de capim no corredor junto com 3 anões que me encocham a noite inteira, ora essa, vem que lhe dou na cara. (dá golpes no ar)
CHAPEUZINHO DE PALHA (pede calma para não acender ainda mais a fúria da rainha)
_Vamo “acarmá” que daqui a pouco a faraoa, Cleópatra da maldade, essa praga dessa rainha boca de sapo manda todo mundo enfrentar a tromba negra de saracura. Eu é que não sou bobo. (levanta uma placa escrito “Viva a rainha boca de sapo”, aplausos e assobios são ouvidos)
BELA ENTROMETIDA (aborrecida)
_Pois eu prefiro enfrentar a tromba negra de saracura do que ser bolinada a noite inteira pelos anões gogo boys da Branca Deleve.
A GATA BARRAQUEIRA (acusa o Anão da Branca Deleve)
_Hoje eu cheguei daquele bico que faço de garçonete na taberna do dragão e este anão da Branca Deleve estava cozinhando no fogão de Lenha. (chora) Sabem quem? O meu ex-namorado o sapo do brejo que é sobrinho da rainha boca de sapo aí.
BRANCA DELEVE (Ninguém a segura)
_Olha a acusação hein, dou na cara dessa Barraqueira, me segura, me segura que a ofensa tá demais aqui hoje. O problema minha filha é que a fome tá aí, foi o que deu para cozinhar e todo mundo comeu que eu vi lambendo os dedos inclusive a Barraqueira. Me segura, me segura que dou na cara dela. (imita um capoeirista, a música de roda de capoeira toca) Vem que lhe dou um golpe de pé de poeira na cara.
CHATO DE BOTAS (debocha de Branca Deleve)
_Isso aí tá mais para pé de porco de tão sujo que tá. Aí que me gela até os calo nas bota furada quando penso que falei demais.
A GATA BARRAQUEIRA (ameaça Branca Deleve com um golpe, ninguém a segura)
_Vem que lhe acerto uma rasteira bem no pé do ouvido, me larga, me larga que baixou aqui o caboclo capoeira. (imita um capoeirista, a música de roda de capoeira toca)
CHATO DE BOTAS (debocha do sobrenome da Gata Barraqueira)
_Não é a toa que tem Barraqueira no sobrenome. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso que falei demais.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (se desculpa)
_Não tenho culpa do sapo ter entrado no beco errado e parar lá no barraco da Branca Deleve procurando uma tal de Alice do país das margaridas. Virou sopa minha querida.
A GATA BARRAQUEIRA (chora desolada)
_Ai se aquele traste daquele sapo tivesse vivo eu (bate no peito) ia fazer sopa dele de novo, aquele filho de uma régua.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (relata o acidente que levou a morte o Sapo do Brejo)
_Pois é, aí o Sapo do Brejo escorregou em uma casca de banana jogada propositalmente por Branca Deleve, caiu e bateu a boca na canela do Lobo Biruta e morreu de infecção generalizada, carne fresca minha querida não se joga fora em tempos de fome.
BRANCA DELEVE (irritada dá uns tapas no anão que corre)
_Volta aqui seu safado. Ai que dou um murro na cara desse anão traíra, se eu pego esse estropício. Me espera lá no barraco, me espera, você vai ver a “muquifa” que vou lhe dar na cara. Tô grávida mas num tô morta não.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (se defende dos tapas e corre)
_Olha o bullyng, me respeite, sou um servo da rainha.
A GATA BARRAQUEIRA (chora desolada)
_A minha chance de beijar o sapo e ele virar príncipe e nos casarmos se acabou. Nunca mais sairei daquele barraco no morro da buchada e deixarei de ser pobre. (se ajoelha e toca a música do filme “E o vento levou” ) Jamais sentirei a boca de cachaça do príncipe encantado novamente, boca azeda tinha aquele estropício gente.
BRANCA DELEVE (irritada defende seu barraco)
_Olha o respeito a meu cafofo que vai ficar famoso depois do puxadinho que eu fiz para o príncipe encalhado morar.
CHATO DE BOTAS (debocha)
_O príncipe encalhado? Aquele que foi pego roubando a merenda das crianças órfãs do palácio? Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso que falei demais.
CACHINHOS QUEIMADOS (irritada)
_Parem com essa confusão antes que o abacate podre nos mande também para esse maldito quarto escuro enfrentar a temida tromba negra de saracura.
RAINHA BROCHADA (irritada grita)
_Chega de bafafá. Cavaco de Unha com cara de Tropeço, leve o ancião para o quarto escuro.
CAVACO DE UNHA (Mestre dos Magros é levado pelo colarinho por Cavaco de Unha até o quarto escuro)
_Que se cumpra a ordem de nossa majestade a rainha Brochada.
II
Tocam-se as trombetas enquanto Mestre dos Magros é levado
A rainha Brochada vai para o quarto escuro e fecha a porta, todos olham apreensivos e logo sons estridentes são ouvidos (galinhas cacarejando, bode berrando, jumento relinchando, elefante bramindo, leão rugindo, cachorro latindo, gatos brigando, vidro quebrando e Uiiii Aiiiii, aí! Não, aí! não)
CHATO DE BOTAS (opina sobre a infelicidade de Mestre dos Magros)
_Com essa esfrega Mestre dos Magros entrega a saída da caverna do dragão. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso em tamanha desgraça.
BRANCA DELEVE (ouve o barulho que vem do quarto escuro e opina)
_Gente, o lazarento do veio tá é se esbaldando.
A GATA BARRAQUEIRA (olha pelo buraco da fechadura e fica chocada)
_Misericórdia, vocês nem imaginam onde a rainha enfiou a tromba negra de saracura no Mestre dos Magros.
BELA ENTROMETIDA (olha pelo buraco da fechadura e se espanta)
_Meu pai eterno, eu vi, eu vi, Mestre dos Magros não suportará tamanha maldade.
CACHINHOS QUEIMADOS (olha pelo buraco da fechadura e se assusta)
_O velhote arregalou os olhos é o fim de Mestre dos Magros.
Profundo silêncio, todos se aproximam do quarto escuro e colocam o ouvido na porta, de repente a rainha Brochada abre a porta e esfrega as mãos, todos correm, a escrava Mucama não percebe e coloca o ouvido na barriga da rainha, a rainha manda Cavaco de Unha levar a escrava Mucama para o quarto escuro.
CAVACO DE UNHA (se preocupa com o silêncio no quarto escuro)
_Alguém consegue ouvir alguma coisa?
ANÃO DA BRANCA DELEVE (o anão pula querendo ver pelo buraco da fechadura)
_Ei! Ei! Deixa eu ver também pô.
BRANCA DELEVE (dá um pé na bunda do anão e abre caminho até a porta do quarto escuro)
_Cai fora desafeto de princesa, não serve nem para história da carochinha, dedo-duro. Deixa eu ver! Vá se lascar!
ANÃO DA BRANCA DELEVE (avisa a Branca Deleve sobre o bullying)
_Olha o bullying com os anões, estou avisando hein, depois não reclama.
BRANCA DELEVE (olha no buraco da fechadura e opina sobre a esfrega tomada por Mestre dos Magros)
__A rainha com essa esfrega deve é ter matado o velho com a tromba negra de saracura.
A GATA BARRAQUEIRA (se espanta com o silêncio)
_Um silêncio amedrontador.
A BELA ENTROMETIDA (ar de desânimo)
_Perdemos Mestre dos Magros para sempre.
CACHINHOS QUEIMADOS (desacredita das piores notícias)
_Acredito não, esse véio é porreta.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (com ar de superioridade se encaminha para a porta do quarto escuro)
_Deixa eu olhar que tenho intimidades com a rainha(sorri)(se assusta ao ver a rainha Brochada na porta do quarto escuro e volta a seu posto), olha eu aqui de volta com a minha trombeta que é meu lugar.
CHATO DE BOTAS (aponta o dedo para a rainha Brochada)
_Eu acho… Ai que me gela até os calo nas bota furada se não é a rainha boca de sapo.
Todos correm, apenas a escrava Mucama permanece parada
ESCRAVA MUCAMA (encosta o ouvido na barriga da rainha Brochada, a rainha coloca as mãos na cintura)
_Espera, calem-se, estou ouvindo, parece o triste canto da cotovia a beira da morte.
BRANCA DELEVE (debocha)
_Gente, e que cotovia pra lá de gorda é esse sapo boi.
ESCRAVA MUCAMA (irritada pede que se calem)
_Calem-se, agora parece o gemido desesperado de uma coruja sendo engolida por uma serpente.
CHATO DE BOTAS (debocha)
_Isso tá mais para uma leitoa com as dores do parto. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso que falei demais.
ESCRAVA MUCAMA (se espanta com os sons mas continua com o ouvido colado na barriga da rainha)
_Silêncio! Agora é o som dos penicos da rainha sendo esvaziados no córrego no fundo do palácio mas quem faz esse serviço sou eu.
CACHINHOS QUEIMADOS (debocha)
_E haja penico para tanta merda.
BELA ENTROMETIDA (debocha)
_Cuidado que vai descer até uma capivara nesse penico.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (elogia a rainha)
_É minha amada rainha.
BRANCA DELEVE (se irrita com o anão e lhe dá uns tapas na cabeça)
-Cale-se e não se entrometa nessa confusão.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (reclama de Branca Deleve)
_Olha o bullying aqui hein, to sentindo cheiro de bullying nessa história. Estão desrespeitando o direito do anão aqui.
A rainha Brochada arreganha os dentes, fecha os olhos e solta uma carreira de puns, um estrondoso som é ouvido no final, uma fumaça verde sai de trás da rainha
ESCRAVA MUCAMA (ouve o estrondo e opina)
_Ouçam, agora parece o som de porcos selvagens correndo enfurecidos.
CHATO DE BOTAS (debocha e coloca os dedos no nariz)
_É, e a porca acabou de dar a luz a uma estrondosa carreira de puns. Tá é morta essa praga dessa rainha, catinga de masmorra abandonada. Pronto falei. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso no tamanho da catinga.
RAINHA BROCHADA (a rainha segura a escrava Macuma pelos cabelos, a escrava Mucama abana a mão no nariz)
_Minha escrava Mucama eunuca, você irá ouvir a cotovia, a coruja, os penicos e os porcos selvagens, eu lhe garanto. Cavaco de Unha, leve essa impertinente escrava lavadeira de penico para o quarto escuro.
ESCRAVA MUCAMA (implora de joelhos e mostra o espanador de penas) (ao ser levada por Cavaco de Unha arregala os olhos)
_Não, não, perdoe vossa escrava Mucama oh! Misericordiosa rainha faranhuda, Cleópatra da maldade, estava eu aqui a limpar a casa sem nenhum interesse nos assuntos do reino. Fofoca é com Seu Coisinha ali oh!
TROMBETEIRO SEU COISINHA (se irrita e se defende)
_Epa! Fui citado nessa delação pela escrava eunuca mas sou inocente da cabeça aos pé oh! Cleópatra da maldade.
RAINHA BROCHADA (acusa a escrava Mucama de enxerida)
_E de linguaruda que é foi ao quarto escuro ouvir o que não é de sua conta.
CHATO DE BOTAS (invoca por clemência para a escrava Mucama)
_Ninguém para pedir clemência por essa pobre infeliz? Ai que me gela até os calo nas bota furada quando não vejo piedade.
BRANCA DELEVE (se irrita com Chato de Botas)
_Cale-se e vá você sua tranqueira no lugar dela enfrentar a pavorosa tromba negra de saracura.
CHATO DE BOTAS (se esconde atrás de Branca Deleve e olha assustado para a rainha Brochada)
_Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso em uma desgraça dessas.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (debocha)
_Se lascou em Mucama.
Cavaco de Unha segura a escrava Mucama pelo vestido
ESCRAVA MUCAMA (dá tapas e chuta a bunda do anão)
_Dá um tempo aí Tropeço... tome essa e mais essa para não perder o costume.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (reclama do bullying)
_Olha, isso tá saindo do controle, olha o bullying com o coitado do anão, quem é que escreveu essa história, tá querendo apanhar do anão aqui hein. Dou golpe de luta medieval na cara de um aqui. Até a personagem que é escrava deixaram me bater.
Mestre dos Magros sai todo descabelado, um olho roxo, a roupa amassada, arrastando a perna direita, a mão direita apoiada na coluna e tremendo o braço esquerdo.
BRANCA DELEVE (repreende Mestre dos Magros)
_Tomou uma surra em véio, vamos ver se agora aprende a não manter mais crianças em cárcere privado na caverna do dragão.
CAVACO DE UNHA (pega a escrava Mucama pelo vestido novamente e a leva para o quarto escuro)
_Que se cumpra a ordem de nossa majestade a rainha Brochada.
Tocam-se as trombetas enquanto a escrava Mucama é levada para o quarto escuro
ESCRAVA MUCAMA (se irrita)
_Vão todos o....(faz gesto da banana) aí que estão querendo ver a desgraça da escrava Mucama que eu sei.
A rainha Brochada vai para o quarto escuro e fecha a porta, todos olham apreensivos e logo sons estridentes são ouvidos (galinhas cacarejando, bode berrando, jumento relinchando, elefante bramindo, leão rugindo, cachorro latindo, gatos brigando, vidros quebrando e Uiiii Aiiiii, aí! Não, aí! não)
BRANCA DELEVE (olha pelo buraco da fechadura e fica espantada)
_Gente, olha a esfrega que a escrava Mucama tá tomando.
A GATA BARRAQUEIRA (olha pelo buraco da fechadura, olhos arregalados, abana o rosto com uma das mãos)
_Uapo! Nem conto onde a rainha sapão enfiou a tromba negra de saracura.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (pula querendo ver pelo buraco da fechadura)
_Agora eu, agora eu, quero ver também.
BRANCA DELEVE (bate no anão)
_Toma o que você merece. (irritada) Quero ver também, era só o que me faltava.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (se irrita)
_Olha, isso tá saindo do controle. Diretor vai ser assim até o fim da peça? Quero um troco a mais hein.
A escrava Mucama sai do quarto escuro gemendo, descabelada, olhos arregalados, um olho roxo, a roupa amassada, arrastando a perna direita, a mão direita apoiada na coluna e tremendo o braço esquerdo.
A BELA ENTROMETIDA (espantada pede socorro para a escrava Mucama)
_Um gole de água que a escrava Mucama está engasgada.
CACHINHOS QUEIMADOS (opina)
_Parece até que viu o lobisomem.
A GATA BARRAQUEIRA (Pede rapidez)
_Dá logo um gole da chora dragão que a escrava Mucama desengasga.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (coloca a caneca com a chora dragão na boca da escrava Mucama)
_Toma eunuca. (ri) Cruzes, eunucos não sabem de nada.
ESCRAVA MUCAMA (fala em voz grossa, olhos girando para cima, rodopia e arrebita a bunda)
_Hum! Hum! Hum! (gargalhadas) Galinha choca cacarejou Cunta Cuntê cantou saravá, voa pra lá. Eita! (gargalhadas)
BRANCA DELEVE (se espanta)
_Que isso, Baixou uma galinha choca na escrava entrometida.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (se espanta ao ver que a chora dragão livrou a escrava Mucama da pomba gira)
_Gente a pomba gira da escrava Mucama voou, não suportou nem a chora dragão goela abaixo.
A pomba gira baixa no Trombeteiro seu Coisinha
CHATO DE BOTAS (se espanta com a troca de possuído)
_ E a pomba gira baixou em seu Coisinha. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando o medo me faz sujar até as calça.
A GATA BARRAQUEIRA (debocha)
_O seu Coisinha já era uma perua agora ficou tomado pela galinha choca.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (fala em voz grossa, olhos girando para cima, rodopia e arrebita a bunda)
_Hum! Hum! Hum! Eita! (gargalhadas) Galinha choca cacarejou Cunta Cuntê cantou saravá, voa pra lá. Hum! Hum! Hum!
A pomba gira baixa na rainha Brochada que dá um gemido, treme o corpo e arregala os olhos
JOÃO E O PÉ DE BICHO (se espanta ao ver a rainha possuída pela pomba gira)
_Meu pai do céu a pomba gira baixou na rainha boca de sapo, agora lascou. Aí que me coça os pé de tanto bicho sô.
CHAPEUZINHO DE PALHA (exalta o irmão e depois debocha)
_Meu irmão João dos pé de bicho tem as razão, quando coça os pé cheio de bicho vem verdade, ele tem essa cara de maracujá de fim de feira mas fala a verdade. Nóis é da roça mais nóis né besta não.
RAINHA BROCHADA (fala em voz grossa, olhos girando para cima, rodopia e arrebita a bunda)
_Hum! Hum! Hum! Cunta Cuntê cantou saravá, voa pra lá e bem pra lá e não volta mais aqui que vai apanhar mais. Galinha choca! Sai pra lá que te mando ao quarto escuro pra enfrentar a “perneta zaroia”.
BRANCA DELEVE (se espanta com o feito da rainha Brochada ao expulsar a pomba gira)
_Gente e não é que a rainha sapuda deu um coro na pomba gira galinha choca e pois ela pra correr.
A BELA ENTROMETIDA (opina)
_Também com a ameaça da perneta zaroia quem não daria no pé.
CHATO DE BOTAS (questiona a presença de todos no palácio)
_E eu que ainda nem sei qual o propósito de nossa vinda até o castelo da rainha. Pronto falei. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso que falei demais.
RAINHA BROCHADA (responde)
_O Tropeço dirá o propósito de terem sido convocados por mim.
CAVACO DE UNHA (revela)
_Não estou achando graça nessa história de tropeço mas vamos lá. A rainha desconfia que o traidor esteja entre nós.
CHATO DE BOTAS (surpreso)
_Um traidor, aqui? Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso em tamanho perigo.
CAVACO DE UNHA (relata)
_Sim, um traidor, um conspirador, o mesmo que sequestrou o Conde Suspiro nas Ventas e quer o trono da rainha Brochada.
BRANCA DELEVE (pergunta)
_E quem em todo o reino de Bucho Grande pensaria em tamanha maldade?
CAVACO DE UNHA (responde)
_Não sabemos mas estamos aqui reunidos diante de nossa amada rainha para descobrirmos.
A BELA ENTROMETIDA (pergunta com olhos arregalados)
_E o traidor está entre nós, aqui e agora?
CAVACO DE UNHA (responde)
_Sim, o traidor está aqui, agora e entre nós. E não me façam repetir novamente pois está ficando enfadonho e já tem uma vovozinha ali na plateia querendo ir embora.
CHATO DE BOTAS (reflete)
_Pode ser qualquer um de nós. Ai que me gela até os calo nas bota furada.
CAVACO DE UNHA (reforça e acusa)
_É um de vocês e vamos descobrir, ninguém sai do castelo até o traidor ser preso e levado a masmorra.
CACHINHOS QUEIMADOS (se irrita)
_Então danou-se, eu tinha marcado salão para fazer uma chapinha hoje.
A GATA BARRAQUEIRA (debocha do cabelo de Cachinhos Queimados)
_Só se for chapinha pra fritar ovo que isso tem salvação não minha filha.
CACHINHOS QUEIMADOS (se irrita)
_Epa! Dou na cara dessa Barraqueira, olha a rasteira e o golpe de kafundô que lhe dou pela cara, bullying comigo não hein.
A GATA BARRAQUEIRA (ensaia golpes de luta, enverga para trás e cai)
Toca a música de capoeira
_Vem, vem, me segura, me segura, me segura se não eu caio aqui povo imprestável, não servem nem para segurar uma princesa. Ninguém aí para levantar uma princesa do chão desse palácio, tá ficando difícil as coisa aqui pô, onde estão os cavalheiros e os príncipes?
ANÃO DA BRANCA DELEVE (debocha)
_Caiu feito jaca podre a Barraqueira.
BRANCA DELEVE (ironiza)
_Cavalheiros e príncipes minha filha faz tempo que se foram desse reino, foram lá para a Disney onde se paga mais, aqui ficaram só os cacos e cavacos.
CAVACO DE UNHA (se defende)
_Olha o respeito ao chefe da guarda da rainha.
BRANCA DELEVE (acusa a escrava Mucama)
_Isso é coisa de mordomo, a culpa é sempre do mordomo, vasculhem os bolsos da escrava Mucama. A eunuca é a culpada.
ESCRAVA MUCAMA (se irrita e se defende)
_Mas o que é isso, enlouqueceu? Sou fiel a minha rainha faraoa, Cleópatra da maldade.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (se defende diante da rainha)
_Sinhá, minha poderosa rainha faraoa, sabe que eu sou fidelidade pura. Te amo oh! Minha Cleópatra da maldade.
TROMBETEIRO TRANCOSO (se irrita com o Trombeteiro seu Coisinha)
_Coloque-se no seu lugar que aqui trombeteiro não opina, seu puxa saco. Não pense que escapará da fúria da rainha.
Trombeteiro seu Coisinha faz caretas para o trombeteiro Trancoso.
A rainha Brochada olha para seus súditos, o silêncio e o temor toma a todos, Mestre dos Magros quebra o silêncio com um estrondoso pum
RAINHA BROCHADA (levanta do trono e questiona a ousadia do saltador de puns)
_Quem teve a ousadia de soltar esse estrondoso pum antes da rainha?
BRANCA DELEVE (aponta para a escrava Mucama)
_Foi ela, a fedorenta, a escrava Mucama é sempre a culpada, a eunuca sem coito.
RAINHA BROCHADA (pergunta)
_Que isso eunuca sem coito?
BRANCA DELEVE (responde)
_Vai saber, tá aqui no texto, mandou falar eu to falando.
ESCRAVA MUCAMA (reclama de Branca Deleve)
_Tá de marcação comigo a barriga de melancia, olha o preconceito sobre as escravas Mucamas, o bullying aqui tá demais com as escravas mucamas. Eunuca, mas não burra.
CHATO DE BOTAS (aponta para a Gata Barraqueira)
_Foi ela, a Barraqueira ao estabacar-se no chão agora a pouco, despertou a ira dos gases ocultos. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso em tamanha fedentina.
A GATA BARRAQUEIRA (aponta para o Anão da Branca Deleve)
_Fui eu coisa nenhuma, foi o Anão da Branca Deleve, o bolinador.
Todos abanam as mãos no rosto e tapam o nariz e se afastam de perto de Mestre dos Magros por causa do fedor
RAINHA BROCHADA (aponta o dedo para Mestre dos Magros)
_Você de novo guardião da boca do dragão?
CACHINHOS QUEIMADOS (leva os dedos de uma das mãos no nariz e com a outra mão abana o rosto)
_Só não guarda fechada a boca podre de trás. Esse véio deve ter comido as cinco cabeças de Tiamat da caverna do dragão.
BRANCA DELEVE (abana a mão no rosto e coloca os dedos no nariz)
_Meu pai eterno, é Mestre dos Magros novamente. Guardou a boca do dragão mas esqueceu de guardar a boca do bufão.
JOÃO É O PÉ DE BICHO (abana a mão e o embornal)
_Tá cagando podre hein véio, comeu urubu essa desgraça. Ai que me coça os pé de tanto bicho sô.
CHAPEUZINHO DE PALHA (abana a mão no rosto e coloca os dedos no nariz)
_Essa criatura deve ter parente lá no chiqueiro. Nóis é da roça mas nóis né podre não.
BRANCA DELEVE (relata a infelicidade de Mestre dos Magros)
_E mais uma vez Mestre dos Magros será colocado frente a frente com a tromba negra de saracura.
A GATA BARRAQUEIRA (opina sobre o destino de Mestre dos Magros no quarto escuro)
_E desta vez o veio não escapa.
A BELA ENTROMETIDA (opina sobre o destino de Mestre dos Magros no quarto escuro)
_E agora enfrentará também a perneta zaroia.
CACHINHOS QUEIMADOS (opina sobre o destino de Mestre dos Magros no quarto escuro)
_O doce velhinho não suportará tamanha maldade.
CHATO DE BOTAS (opina sobre o destino de Mestre dos Magros no quarto escuro)
_O véio se lascou de novo, vai ser besta assim lá na caverna do dragão. Ai que me gela até os calos nas bota furada.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (pede pela absolvição de Mestre dos Magros)
_Oh! Misericordiosa rainha faranhuda, Cleópatra da maldade, tenha piedade desse velho peidorreiro.
RAINHA BROCHADA (irritada grita)
_Chegaaaa. Cavaco de Unha, irmão do Tropeço leve logo essa tranqueira para o quarto escuro.
CAVACO DE UNHA (pega Mestre dos Magros pela roupa e o leva para o quarto escuro)
_Que se cumpra a ordem de nossa majestade a rainha Brochada.
III
Tocam-se as trombetas enquanto Mestre dos Magros é levado para o quarto escuro.
Quando Cavaco de Unha leva Mestre dos Magros para o quarto escuro, as trombetas tocam e param, a rainha Brochada os segue, outro pum estrondoso é ouvido em meio a parada das trombetas. Todos saem de perto da escrava Macuma por causa do fedor. A rainha Brochada se vira e vê a escrava Mucama sozinha no meio da roda dos tresloucados moradores do reino de Bucho Grande, a escrava Mucama também é levada para o quarto escuro.
RAINHA BROCHADA (irritada ordenada a Cavaco de Unha que leve a escrava Mucama também ao quarto escuro)
_Cavaco de Unha, leve também essa impertinente dessa escrava Mucama peidorreira para o quarto escuro. Ela irá conhecer a infalível “perneta zaroia”.
ESCRAVA MUCAMA (reclama e se irrita com os trombeteiros)
_Gente mais é só um peidinho de nada. Povo miserável não aguenta nem um peido, fedorento, mas um sorrateiro e discreto peidinho. (se irrita com os trombeteiros) Canalhas, pararam as trombetas só para que eu fosse pega em flagrante flatulência.
CHATO DE BOTAS (repreende a escrava Mucama)
_Em flagrante e em flatulências bem mau cheirosas. Ai que me gela até os calos nas bota furada quando penso em tamanho catingueiro.
BRANCA DELEVE (repreende a escrava Mucama)
_Vá peidar no chiqueiro que escrava não se peida.
CACHINHOS QUEIMADOS (repreende a escrava Mucama)
_Escravos não exalam gases ocultos. Sua escrava Mucama desalmada e de bucho podre.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (opina)
_É nisso que dá deixar que escravos eunucos comam talos de repolho junto com os porcos minha amada rainha. Nós que somos da alta não devemos...
ESCRAVA MUCAMA (dá cascudos e um pé na bunda do anão da Branca Deleve)
_Só um minuto Tropeço...(ajeita a roupa e esfrega as mãos) Tome esse, esse e mais esse.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (irritado)
_Olha, agora eu vou falar, pegaram o anão aqui para dar cascudo, quero saber quem foi que escreveu esse negócio de cascudo aqui hein diretor, olha o bullying com o anão, dou na cara de um aqui hein e eu ainda tinha texto pra falar e vieram logo me batendo.
CAVACO DE UNHA (pega a escrava Mucama pelo vestido e a leva para o quarto escuro)
__Que se cumpra a ordem de nossa majestade a rainha Brochada.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (debocha e se esconde atrás de Branca Deleve)
_Vai lá, vai lá se lascar.
Tocam-se as trombetas enquanto a escrava Mucama é levada para o quarto escuro
ESCRAVA MUCAMA (fala irritada aos trombeteiros)
_Vamos, parem de tocar agora, quero ver.
A rainha Brochada vai para o quarto escuro e fecha a porta, todos olham apreensivos e logo sons estridentes são ouvidos (galinhas cacarejando, bode berrando, jumento relinchando, elefante bramindo, leão rugindo, cachorro latindo, gatos brigando, vidros quebrando e Uiiii Aiiiii, aí! Não, aí! não)
Mestre dos Magros sai todo descabelado, olho roxo, a roupa amassada, arrastando a perna esquerda, a mão esquerda apoiada na coluna e tremendo o braço direito. (Ai! Ui! aiaiaiai)
A escrava Mucama sai descabelada, olho roxo, vestido rasgado, arrastando a perna esquerda, a mão esquerda apoiada na coluna e tremendo o braço direito. (Ai! Ui! aiaiaiai)
JOÃO É O PÉ DE BICHO (opina debochadamente da escrava Mucama)
_A escrava Mucama parece àqueles zumbis do The walking dead. Ai que me coça os pé de tanto bicho sô.
CHAPEUZINHO DE PALHA (exalta o irmão e depois debocha e se esconde atrás de Cavaco de Unha)
_Olha, meu irmão João dos Pé de Bicho tem as razão, quando coça os pé cheio de bicho vem verdade, ele parece um orango tango de realejo mas tem as verdade. Nóis é da roça mais nóis né besta não.
JOÃO É O PÉ DE BICHO (se irrita com o irmão Chapeuzinho de Palha)
_Olha seu Cavaco de Unha com cara de Tropeço eu não dou uns tabefe na cara de meu irmão Chapeuzinho de Palha por que se não vai acabar sobrando quarto escuro pra eu nessa história.
BRANCA DELEVE (debocha da escrava Mucama)
_A tromba negra de saracura não foi suficiente e a perneta zaroia deu um jeito nessa escrava Mucama.
A GATA BARRAQUEIRA (debocha da escrava Mucama)
_A escrava Mucama tá parecendo aqueles cotonete que se usa para limpar ouvido de elefante. (risadas) Tá igualzinho.
A BELA ENTROMETIDA (manda que seja servido um gole da chora dragão)
_Dá um gole da chora dragão que a escrava Mucama se apruma.
CACHINHOS QUEIMADOS (dá o cálice com a chora dragão para a escrava Mucama)
_Eita! Bebeu de um gole só. Desceu feito fogo saindo da boca do dragão.
ESCRAVA MUCAMA (entorta a boca e fala em voz grossa, olhos girando para cima, rodopia e arrebita a bunda)
_Hum! Hum! Hum! Cabeça de bode, dente de surucucu, deste trono eu não saio nem a peido de
urubu.
CHATO DE BOTAS (se espanta)
_Que isso? Baixou o encosto do tranca-trono na escrava Mucama.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (põe a mão na cabeça e opina)
_E rapaiz, a escrava Mucama agora se lascou, quando a rainha sair vai ser aquele salve-se quem puder.
CAVACO DE UNHA (opina assustado)
_A escrava Mucama perdeu foi o juízo.
A rainha Brochada sai do quarto escuro com um papel colado na bunda escrito “chute minha bunda” e as gargalhadas são generalizadas, a rainha irritada questiona as gargalhadas e percebe o papel colado em sua bunda, a rainha grita mandando que o autor de tal proeza se manifeste levantando um dedo, todos param de rir, menos Mestre dos Magros que levanta o dedo, o trombeteiro seu Coisinha tem uma crise de risos devido ao papel pregado na bunda da rainha Brochada.
Seu Coisinha e a escrava Mucama são levados para o quarto escuro juntamente com Mestre dos Magros.
RAINHA BROCHADA (irritada questiona)
_Quem ousa debochar da rainha, qual o motivo das gargalhadas?
BRANCA DELEVE (aponta e ri)
_Gente, pregaram um “chute minha bunda” na traseira da rainha. (risos discretos)
RAINHA BROCHADA (a rainha olha para a bunda, vê o papel pregado, aponta com o dedo o cartaz e ordena que o autor da proeza levante o dedo)
_O culpado por essa afronta levante o dedo.
Mestre dos Magros levanta o dedo e continua as gargalhadas, olha em seu redor, olha para o dedo levantado, para de rir, arregala os olhos, abaixa lentamente o dedo, olha para a furiosa rainha Brochada.
JOÃO E O PÉ DE BICHO (se preocupa com o destino de Mestre dos Magros)
_E rapaiz, agora lascou tudo, é Mestre dos Magros novamente e levantou o dedo e com o apoio do trombeteiro Seu Coisinha que rola no chão de tanto rir. Ai que me coça os pé de tanto bicho sô.
CHAPEUZINHO DE PALHA (exalta o irmão e depois debocha)
_Olha, meu irmão João dos Pé de Bicho tem as razão. Quando coça os pé cheio de bicho vem verdade, ele tem essa cara de fuinha magricela mas fala a verdade. Nóis é da roça mais nóis né besta não.
JOÃO E O PÉ DE BICHO (se irrita com o irmão Chapeuzinho de Palha)
_Não dou uma rasteira nas fuça de meu irmão Chapeuzinho de Palha porque essa rainha boca de sapo tá mandando gente demais para esse quarto escuro.
CACHINHOS QUEIMADOS (opina)
_Agora a coisa fedeu de vez.
BRANCA DELEVE (se irrita com Mestre dos Magros)
_Essa disgrameira desse véio não toma vergonha, não vê que a situação está se agravando no reinado da sapuda e fica a enlouquecer a faranhuda.
A GATA BARRAQUEIRA (se irrita com Mestre dos Magros)
_E ainda levanta o dedo o mardito do véio.
A BELA ENTROMETIDA (revela sua preocupação com a comida)
_Eu quero é saber que hora essa rainha doida vai servir a boia.
A rainha senta no trono no colo da escrava Mucama, solta puns e arrota e o encosto tranca-trono canta.
CACHINHOS QUEIMADOS (se preocupa com a situação)
_Sei não mas isso aqui não vai terminar bem.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (coloca o dedo no nariz e com a outra mão abana o rosto)
_Gente, a rainha com aquele bundão azedo sentou na escrava Mucama e soltou todos os gases do mundo.
BRANCA DELEVE (se apavora)
_Meu pai eterno, é o encosto tranca-trono que tá lá e arregalou o zoio, vai ser briga de cachorro grande.
ESCRAVA MUCAMA (o encosto tranca-trono ameaça a rainha)
Hum! Hum! Hum! Cabeça de bode, dente de surucucu, deste trono eu não saio nem a peido de
urubu.
CHATO DE BOTAS (põe as mãos na cabeça)
_O tranca-trono se atracou na rainha que nada solta. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando vejo a desgraça se aproximar.
Toca-se a trombeta do trombeteiro Trancoso
A Dragão Bunda de Anta chega acompanhada da Bruxa Bafo de Cana e do Corcunda dente de Mula
BRUXA BAFO DE CANA (com uma varinha na mão aponta para a escrava Mucama)
_Dente de cotovia, olho de coruja, cuspe de jacaré com o espirro de uma fada eu livro a escrava do encosto que pegou no seu pé.
Trombeteiro seu Coisinha continua no chão dando gargalhadas e apontando o dedo para a rainha
RAINHA BROCHADA (a rainha tira a escrava Mucama do trono e lhe dá um pé na bunda)
_Esses três desafiaram a rainha, além de enfrentarem a “tromba negra de saracura”, a “perneta zaroia” também sofrerão o pavoroso “coice da jabiraca barbuda”.
BRANCA DELEVE (debocha da escrava Mucama)
_O coice da rainha a escrava Mucama já tomou.
ESCRAVA MUCAMA (ajoelhada implora o perdão da rainha Brochada)
_Nãooooo, tudo, menos o “coice da jabiraca barbuda”, oh! Grande faranhuda, Cleópatra da maldade, rainha das entranhas expostas, perdoe essa vossa humilde escrava e serva.
RAINHA BROCHADA (ordena a Cavaco de Unha que leve os condenados ao quarto escuro)
_Cavaco de Unha, leve esses três impertinentes para o quarto escuro, veja se sou dessas de entranhas expostas, no muito os peitos fogem em busca de ar puro.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (clama a rainha sua absolvição)
_Sinhá, sou Trombeteiro diplomado, registrado e de carteira assinada, não sou desses desavergonhados para dar de frente com o coice da jabiraca barbuda, perdoa oh! Magnífica faranhuda, Cleópatra da maldade. Escuta aí o Tropeço de unha encravada em memória a vossa falecida mãe a rainha Perereca Brochada.
CAVACO DE UNHA (clama a rainha pelos condenados ao quarto escuro)
_Senhora, eu clamo vossa piedade, o “coice da jabiraca barbuda” é demasiado um castigo grande demais para esses pobres coitados, menos para o Trombeteiro seu Coisinha que unha encravada tem é vossa mãe.
A rainha Brochada vai para o quarto escuro e fecha a porta, todos olham apreensivos e logo sons estridentes são ouvidos (galinhas cacarejando, bode berrando, jumento relinchando, elefante bramindo, leão rugindo, cachorro latindo, gatos brigando e Uiiii Aiiiii, aí! Não, aí! não)
Mestre dos Magros sai todo descabelado, a roupa rasgada, olho roxo, arrastando as duas pernas e ambas as mãos apoiadas na coluna.
A escrava Mucama sai descabelada, olho roxo, vestido rasgado, arrastando as duas pernas e ambas as mãos apoiadas na coluna.
Trombeteiro seu Coisinha sai descabelado, olho roxo, roupa rasgada, cai, desmaia e é arrastado pelo Trombeteiro Trancoso.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (olhos arregalados fala e desmaia)
_Ai gente que grande era aquilo.
BRANCA DELEVE (se preocupa com o desmaio do Trombeteiro seu Coisinha)
_Jogue logo um cálice de água na cara dessa marmota.
TROMBETEIRO TRANCOSO (joga água no rosto do Trombeteiro seu Coisinha)
_Levante logo criatura antes que essa rainha resolva lhe mandar para a masmorra.
ESCRAVA MUCAMA (reclama das dores)
_Ai! Ai! Ai! Como dói, acho que quebrou alguma coisa na bunda e deslocou o beiço aqui.
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (suspeita da escrava Mucama)
_Essa escrava com cara de rolha mastigada já andou trabalhando lá na minha caverna que tô me lembrando dessa catinga.
A escrava Mucama cheira o sovaco
RAINHA BROCHADA (recompensa a Bruxa Bafo de Cana)
_Eu ofereço um saco de farinha de sogra selvagem dos campos verdejantes de Bucho Grande para a Bruxa Bafo de Cana que me livrou do encosto e do abraço da fedida escrava Mucama eunuca.
A escrava Mucama cheira o sovaco e abana a mão no rosto
IV
ESCRAVA MUCAMA (com uma bandeja pendurada no pescoço oferece produtos)
_Pipoca, chora dragão para esquentar a goela, pirulito de baba de morcego, espetinho de centopéia, farinha de sogra selvagem, são apenas dois dobrões de ouro, quem vai querer...
RAINHA BROCHADA (a rainha Brochada joga o pacote de farinha de sogra selvagem na cabeça da escrava Mucama)
_Mas era só o que me faltava, aqui está sua escrava trambiqueira, quem lhe ordenou vender minha farinha de sogra selvagem dos campos verdejantes do reino de Bucho Grande?
ESCRAVA MUCAMA (reclama)
_Eita! Que nessa peça eu entrei somente para tomar pancada, tem coisa errada aqui, onde tá os direitos romanos. Nem uns trocados se pode ganhar em meio a essa crise pô.
BRANCA DELEVE (reclama da escrava Mucama)
_Chama a “puliça” seu Cavaco de Unha irmão do Tropeço que essa camelô tá vendendo aqui no palácio sem licença da Prefeitura.
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (grita)
_Parem, estamos com o Conde Cuspiro nas Ventas.
BRUXA BAFO DE CANA (tenta corrigir a Dragão Bunda de Anta)
_Mais oh! Encardida, o nome...
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (se irrita com a Bruxa Bafo de Cana)
_Cale-se seu estorvo.
BRUXA BAFO DE CANA (tenta falar novamente mas é impedida pela Dragão Bunda de Anta)
_Eu acho...
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (se irrita novamente com a Bruxa Bafo de Cana)
_Cale-se espantalho da floresta encalhada, olhe que lhe mando para lá e nunca se casará. Eu sou a Dragão Bunda de Anta, a feroz.
BRUXA BAFO DE CANA (fecha um soco e ameaça)
_Ainda dou na cara desse dragão pestilento.
CORCUNDA DENTE DE MULA (geme alto)
_ Hiiiiiiaaaaaaaa.
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (pergunta a Bruxa Bafo de Cana)
_O que o Leonardo Di Caprio está falando?
BRUXA BAFO DE CANA (grita com o Corcunda Dente de Mula)
_Repete coisa ruim.
CORCUNDA DENTE DE MULA (geme alto)
_ Hiiiiiiaaaaaaaa.
BRANCA DELEVE (debocha)
_Isso aí é o Leonardo das cabras? Só se for depois de morrer afogado quando o navio tico-tico afundou.
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (pergunta irritada a Bruxa Bafo de Cana)
_Então? O que o coisa ruim disse?
BRUXA BAFO DE CANA (repete o gemido do Corcunda Dente de Mula)
_Hiiiiiiaaaaaaaa.
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (dá socos no ar e reclama)
_Me segura, me segura, ninguém pra segurar um dragão aqui não pô. Dou na cara dessa Bruxa mequetrefe.
A Bruxa Bafo de Cana se esconde atrás do Corcunda Dente de Mula
CHATO DE BOTAS (pede calma e debocha)
_Calma criatura que a coisa tá ficando é feia por aqui. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando penso que estou no meio de tanta gente feia.
ESCRAVA MUCAMA (revela conhecer a língua do Corcunda Dente de Mula)
_Eu nasci nas montanhas do povo Dente de Mula e conheço o dialeto falado por eles.
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (pede pressa a escrava Mucama)
_Então diga logo escrava cabeça de farinha.
RAINHA BROCHADA (pede silêncio)
_Calem-se, eu sou a rainha e quero ouvir o que o Corcunda tem a dizer.
CORCUNDA DENTE DE MULA (geme alto)
_Hiiiiiiaaaaaaaa.
ESCRAVA MUCAMA (traduz)
_Eu sei de um segredo.
CORCUNDA DENTE DE MULA (geme alto)
_Hiiiiiiaaaaaaaa.
ESCRAVA MUCAMA (traduz)
_Eu vou revelar o segredo.
CORCUNDA DENTE DE MULA (geme alto)
_Hiiiiiiaaaaaaaa.
RAINHA BROCHADA (irritada pergunta)
_Diga logo desgraça do que se trata, coisa ruim, coisa feia dos infernos. Isso parece final de novela quando vão revelar o assassino.
BRANCA DELEVE (prevê o segredo do Corcunda Dente de Mula)
_O corcunda deve saber quem é o conspirador.
O Dragão Bunda de Anta faz ameaça ao Corcunda Dente de Mula com as mãos mostra um soco e diz que vai quebrar a cara dele
CORCUNDA DENTE DE MULA (geme alto)
_Hiiiiiiaaaaaaaa.
ESCRAVA MUCAMA (traduz e revela o segredo do Corcunda Dente de Mula)
_Eu peidei e vai feder barbaridade foi o que ele disse.
RAINHA BROCHADA (decepcionada)
_Mas esse é o segredo que essa praga tinha a revelar?
BRUXA BAFO DE CANA (revela sua fome)
_Além desse peido coloque no pacote 2 sacos de taturanas venenosas untadas com cera de ouvido que eu tô varada de fome.
BRANCA DELEVE (faz cara de nojo)
_Cruzes, que bicho mais porco.
CHATO DE BOTAS (faz cara de nojo)
_Chamem o exorcista, a Bruxa Bafo de Cana tragou o peido do Corcunda até a última gota.
A GATA BARRAQUEIRA (faz cara de nojo)
_Que nojo, essa bruxa é mais porca que os porco do reino.
A Bela Entrometida dorme em pé, ronca e leva um pé na bunda do Dragão Bunda de Anta
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (devagarinho)
_Acorda fundo de garrafa.
A BELA ENTROMETIDA (se desperta gritando)
_É penta, é penta. Ai! Ui! (esfrega a bunda) onde eu tô, quem morreu?
BRANCA DELEVE (pergunta)
_Essa Bela Entrometida tá é ficando doida.
A BELA ENTROMETIDA (responde)
_Que venha logo um príncipe que a coisa tá ficando feia pro meu lado.
Entra o Conde Suspiro nas Ventas e traz a carta de impeachment da rainha Brochada, a carta é lida, o Dragão Bunda de Anta é nomeada nova rainha, a rainha Brochada tem um ataque e morre mas a Bruxa Bafo de Cana a ressuscita.
Tocam-se as trombetas na entrada do Conde Suspiro nas Ventas
TROMBETEIRO SEU COISINHA (anuncia)
_Anunciamos a chegada do Conde Suspiro nas Ventas.
Todos dizem ooooooooooooh! Quando entra o Conde Suspiro nas Ventas
CONDE SUSPIRO NAS VENTAS (lê a carta que destitui a rainha Brochada e nomeia a Dragão Bunda de Anta a nova rainha)(tira a coroa da rainha Brochada e coloca na cabeça da Dragão Bunda de Anta)
_Eu, como 1º ministro do reino de Bucho Grande destituo do trono nossa majestade a rainha Brochada pelo crime de oferecer a ralé farinha de sogra selvagem e nomeio como nova rainha a Dragão Bunda de Anta.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (debocha e dá gargalhadas)
_Eu sabia que essa rainha sapuda ainda ia tomar um pé nessa bunda de perereca.
ESCRAVA MUCAMA (debocha da rainha)
_Se lascou a boca de sapo.
BRANCA DELEVE (revela sua dedução)
_O traidor, o conspirador é o Conde Suspiro nas Ventas e a Dragão Bunda de Anta.
CONDE SUSPIRO NAS VENTAS (revela a verdade)
_Por que as caras de surpresa, eu escapei do cativeiro, essa rainha, boca de sapo descobriu minha delação premiada e mandou me sequestrar para que ninguém no reino de Bucho Grande descobrisse que ela desviou milhões de sacos de farinha de sogra selvagem mas aqui estou, fui libertado pela Dragão Bunda de Anta.
CHATO DE BOTAS (revela sua dedução)
_A própria rainha é o traidor. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando me deparo com tamanha confusão.
A rainha Brochada arregala os olhos, empina a bunda, gira, pula, estica uma das pernas e cai no chão
RAINHA BROCHADA (tem um ataque esquizofrênico)
_Iiiiiih! Uuuuuuh!
A GATA BARRAQUEIRA (se assusta com o ataque esquizofrênico da rainha)
_Acode gente que baixou uma pomba gira sem coroa na rainha.
A BELA ENTROMETIDA (debocha)
_Baixou aí foi o caboclo encruzilhada.
BRANCA DELEVE (debocha)
_Morreu o sapão, escafedeu, foi para o beleléu.
CHATO DE BOTAS (debocha)
_Morta essa criatura já tava que fedendo a defunto nunca vi igual. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando vejo defunto morto.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (se oferece)
_Deixa comigo que eu arranjo a rainha defunta, vai ficar linda sinhá.
BRUXA BAFO DE CANA (ordena)
_Arranquem o dente de ouro da rainha, valerá uma fortuna.
CONDE SUSPIRO NAS VENTAS (toma a frente)
_Deem me o boticão, eu arrancarei o dente, ele será confiscado e servirá para pagar pelos atos de corrupção dessa rainha.
A rainha Brochada é colocada no trono já sem o dente de ouro e fica de boca arreganhada, seu Coisinha coloca uma coroa de flores em seu pescoço.
CAVACO DE UNHA (pede ajuda)
_Ajuda aqui seu Coisinha que o bicho tá pesado.
BRANCA DELEVE (debocha)
_Eu falei para ninguém comer antes da peça, tá aí o resultado.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (coloca a coroa no pescoço da rainha e debocha)
_Ficou linda sinhá, vá feder assim lá no quinto dos inferno essa rainha, coisa feia, horrorosa.
BRUXA BAFO DE CANA (discretamente com a varinha mágica na mão toca na rainha Brochada)
_Dente de surucucu, cuspe de tuiuiú, traga de volta a vida a rainha catinga de urubu.
RAINHA BROCHADA (a rainha Brochada arregala os olhos e geme)
_Iiiihhhhh!
BRUXA BAFO DE CANA (fala no ouvido da rainha Brochada)
_Finge que tá morta que eu tenho um trunfo para destituir essa rainha dragão.
A Bruxa Bafo de Cana sai de cena
A escrava Mucama chama para que todos se fartem com o banquete em homenagem a nova rainha Dragão Bunda de Anta
BRANCA DELEVE (vê a rainha Brochada piscar para o Anão)
_Eita que bebi foi demais nessa festa velório, eu vi a rainha faranhuda defunta a piscar para o anão.
A rainha Brochada levanta do trono e prega o pé na bunda da Dragão Bunda de Anta sem que ninguém veja pois estão distraídos comendo.
RAINHA BROCHADA (devagarinho)
_Tome essa e mais essa para não perder o freguês.
A Dragão Bunda de Anta levanta os braços, grita e solta puns
TROMBETEIRO SEU COISINHA (se assusta)
_Gente acode que a rainha Dragão Bunda de Anta está possuída e tendo um orgasmo de fogo.
BRANCA DELEVE (debocha)
_Essa praga tá é com diarreia, comeu e bebeu feito louca nesta festa velório. Só eu vi esse traste comendo 30 ratazanas das bem gorda e 28 aranhas venenosas.
A BELA ENTROMETIDA (comenta)
_Baixou foi uma pomba gira no dragão.
JOÃO E O PÉ DE BICHO (opina e debocha)
_Esse dragão deu foi o último suspiro, tá é morta essa praga, perdemos foi mais uma rainha, urubu não demora descer com tanta rainha defunta. Aí que me coça os pé de tanto bicho sô.
CHAPEUZINHO DE PALHA (exalta o irmão e debocha)
_Meu irmão, João dos pé de bicho tem as razão, quando coça os pé cheio de bicho vem verdade, morta esse dragão já tá faz tempo, agora fedendo merda é a primeira vez. Nóis é da roça mas nóis né besta não.
CACHINHOS QUEIMADOS (dá dois tapão nas costas da rainha Dragão Bunda de Anta)
_Tá engasgada a coitada.
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (levanta e reclama)
_Aí que deram o pé no meu furúnculo e ele explodiu de vez.
Todos olham espantados e gargalhadas são ouvidas, é Mestre dos Magros, a escrava Mucama, o Trombeteiro Trancoso e Conde Suspiro nas Ventas. A Rainha Dragão Bunda de Anta manda Cavaco de Unha levá-los ao quarto escuro.
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (pergunta)
_Quem está a debochar da nova Rainha?
BRANCA DELEVE (olhos arregalados aponta)
_É Mestre dos Magros, isso que é um véio besta.
A BELA ENTROMETIDA (conclui)
_Não tem escrava Mucama mais idiota.
ESCRAVA MUCAMA (reclama)
_Comecei a rir no embalo, povo sem graça, miseráveis, assumam vossas gargalhadas, ali mesmo na plateia seu dragão bunda cagada tem um que tá rindo desde o começo.
Trombeteiro Trancoso tenta fugir mas é seguro pela roupa por Cavaco de Unha
TROMBETEIRO TRANCOSO (sai de fininho mas é seguro por Cavaco de Unha)
_Eu que não entro naquele quarto escuro é nunca, picando a mula, rasgando a taioba… ficando né seu Tropeço da Unha.
RAINHA DRAGÃO BUNDA DE ANTA (esfrega as mãos e ordena a Cavaco de Unha que leve os insubordinados ao quarto escuro)
_Cavaco de Unha, leve os ao quarto escuro, eles conhecerão o “pescoço da girafa ensebada” e a “vareta de virar tripa de bode”.
ESCRAVA MUCAMA (ajoelhada implora a rainha Dragão Bunda de Anta)
_Oh! Senhora, grande rainha bunda de elefanta, faraoa de nosso reino, Cleópatra da maldade, perdoe vossa escrava Mucama, o pescoço da girafa ensebada é um castigo demasiado pavoroso demais.
RAINHA DRAGÃO BUNDA DE ANTA (irritada)
_Cale-se sua impertinente, veja se tenho bunda de elefanta, é de anta, de elefanta é a da sua avó.
CONDE SUSPIRO NAS VENTAS (arrogante)
_Eu como a mais alta autoridade de Bucho Grande me nego a entrar no quarto escuro.
RAINHA DRAGÃO BUNDA DE ANTA (se impõe)
_A mais alta autoridade do reino de Bucho Grande sou eu a rainha e decido que o Conde Suspiro nas Ventas está condenado a entrar no quarto escuro.
CONDE SUSPIRO NAS VENTAS (revela)
_Não pense que aqueles sacos de farinha de sogra selvagem foram suficiente para comprar meu silêncio, na delação premiada eu lhe entrego.
BRANCA DELEVE (debocha)
_Gente, até o Conde vento na cara se lascou.
RAINHA DRAGÃO BUNDA DE ANTA (ordena)
_Chega, leve esses impertinentes agora Cavaco de mula.
CORCUNDA DENTE DE MULA (geme alto)
_ Hiiiiiiaaaaaa.
RAINHA DRAGÃO BUNDA DE ANTA (pergunta)
_O que essa peste feia tá querendo?
ESCRAVA MUCAMA (se apresenta)
_Eu, eu, eu, a tradutora sou eu.
RAINHA DRAGÃO BUNDA DE ANTA (pede pressa a escrava Mucama)
_Então responda logo o que essa porqueira está tentando dizer.
CORCUNDA DENTE DE MULA (geme alto)
_ Hiiiiiiaaaaa.
ESCRAVA MUCAMA (traduz)
_Ele disse que voltou a peidar e que agora não tem a Bruxa Bafo de Cana para nos salvar da carniça maldita.
Todos tapam o nariz e abanam a mão no rosto
TROMBETEIRO TRANCOSO (vai para sua posição como trombeteiro)
_Espera aí seu casco de unha que tenho que cumprir primeiro minha obrigação de trombeteiro.
CAVACO DE UNHA (corrige o Trombeteiro Trancoso)
_É cavaco de tropeço seu idiota… digo Cavaco de Unha. Eu já nem sei mais o meu nome nessa história.
Tocam-se as trombetas enquanto os condenados ao quarto escuro são levados um a um por Cavaco de Unha.
A rainha Dragão Bunda de Anta se encaminha para o quarto escuro.
Todos ficam de olhos arregalados quando a rainha Brochada levanta do trono e chuta a rainha Dragão Bunda de Anta.
RAINHA BROCHADA (chuta a bunda da rainha Dragão Bunda de Anta)
_Tome esse e mais esse para não perder o freguês.
RAINHA DRAGÃO BUNDA DE ANTA (pergunta)
_Quem foi, quem foi, quem foi que chutou a bunda da rainha? Entregue-se e não será torturado no quarto escuro
BRANCA DELEVE (reflete)
_E alguém aí é doido de entregar o verdadeiro chutador? Eu é que não me meto nessa história de zumbi.
A rainha Brochada passa por trás da rainha Dragão Bunda de Anta e entra escondida no quarto escuro
RAINHA DRAGÃO BUNDA DE ANTA (ameaça)
_Depois eu pego quem foi o chutador.
A rainha Dragão Bunda de Anta vai para o quarto escuro e fecha a porta, todos olham apreensivos e logo sons estridentes são ouvidos (galinha cacarejando, bode berrando, jumento relinchando, elefante bramindo, leão rugindo, cachorro latindo, gatos brigando e Uiiii Aiiiii. Ai! Não Ai! Não)
RAINHA DRAGÃO BUNDA DE ANTA (sai mancando e toda estropiada com um olho roxo)
_Ai! Ui! Ai! Até eu tomei mais um pé na bunda, um coice no olho e alguém me deu uma joelhada bem no queixo e enfiou os dedos nos meus buracos do nariz. Se eu descobrir quem foi mandarei para a guilhotina.
RAINHA BROCHADA (sai toda rasgada, descabelada e com um olho roxo e com a coroa novamente na cabeça)
_Ai! Ui! Ai! Que dói até o rabo, me deram uma gravata que eu cuspi 50 ratazanas e 3 quilos de moscas varejeiras que eu tinha comido ontem.
RAINHA DRAGÃO BUNDA DE ANTA (põe a mão na cabeça procurando a coroa e se assusta)
_O fantasma do sapão veio me assombrar.
CHATO DE BOTAS (revela)
_Que fantasma que nada, essa rainha tá mais viva que todo nóis tudo aqui. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando falo a verdade.
TROMBETEIRO TRANCOSO (sai com seu bigodão pregado na testa e com um olho roxo)
_Ai! Ui! Ai! Como dói minha cabeça coitadinha. Que desculpa eu vou dá pra Creusa lá em casa, também quem mandou aceitar esse emprego.
ESCRAVA MUCAMA (reclama)
_Eu já nem sei onde dói mais, desde o início dessa peça que eu to levando sopapo na cara.
CONDE SUSPIRO NAS VENTAS (roupa rasgada, olho roxo, cabelo vassourado, boca suja de batom mas mantendo a pose)
_Gente fraca, não servem para esse reino, vejam, eu estou com a mesma classe de sempre, não suportam nem um quarto escuro que dirá a guerra.
RAINHA DRAGÃO BUNDA DE ANTA (questiona)
_Essa praga não tava morta até agora mesmo, desmorreu foi?
RAINHA BROCHADA (irritada)
_Não dou uma nessa sua cara porque dói tudo aqui viu.
Tocam-se as trombetas que anunciam a entrada da Rainha mãe Perereca Brochada, Trombeteiro Trancoso continua com o bigodão na testa.
A rainha-mãe Perereca Brochada entra no palácio e surpreende a todos, roupa rasgada, um penico de plástico rosa pendurado no pescoço, ela toma uma garrafa da chora dragão das mãos da Bruxa Bafo de cana, bebe e balança o corpo.
BRANCA DELEVE (Levanta o pé e olha a sola do calçado)
_Parece que alguém pisou em alguma coisa, olha esse fedor.
A GATA BARRAQUEIRA (Levanta o pé e olha a sola do calçado)
_Onde está o cachorro que fez a obra?
CHATO DE BOTAS (debocha)
_Pisaram foi na rainha-mãe Perereca Brochada, olha o bagaço que virou a velhota.
A BELA ENTROMETIDA (se assusta)
_Gente, Mestre dos Magros teve um ataque esquizofrênico.
CACHINHOS QUEIMADOS (avisa)
_Fiquem longe dele, parece estar com a peste do rabo queimado, olha como esfrega a bunda no chão o infeliz desalmado.
CAVACO DE UNHA (informa)
_Essa doença, a peste do rabo queimado foi erradicada do reino de Bucho Grande na idade média.
A GATA BARRAQUEIRA (pergunta)
_Mas nós não estamos na idade média Tropeço da rainha?
CAVACO DE UNHA (informa)
_A rainha Brochada decretou o fim da idade média a duas semanas.
BRANCA DELEVE (repreende a Gata Barraqueira)
_Isso que dá em não ler jornal, fica só paquerando no palácio, um sapo aqui, um sapo ali, achando que um deles vai virar príncipe encantado.
RAINHA MÃE PERERECA BROCHADA (ordena)
_Cavaco de Unha leve esse insubordinado ao quarto escuro, ele aprenderá a debochar da rainha ao enfrentar a abominável boca de burro. (uma voz em off fala “boca de burro”)
ESCRAVA MUCAMA (se desespera e pede clemência)
_Oh! Grande rainha faraoa de nosso reino, Cleópatra da maldade, ex-defunta, ex-peidorreira, perdoe Mestre dos Magros, a abominável boca de burro(uma voz em off fala “boca de burro”) é um castigo demasiado grande demais para um pobre ancião.
RAINHA MÃE PERERECA BROCHADA (se irrita)
_Eu fiquei na masmorra presa por 300 anos e consegui me libertar, quando eu volto, essa bagunça, meu reino tomado por ladrões.
BRANCA DELEVE (questiona)
_Mas a rainha mãe Perereca do Brejo não tinha era morrido gente, todo nós vimos a velhota ser enterrada no mausoléu do reino.
RAINHA MÃE PERERECA BROCHADA (pergunta)
_Eu morri? Mas ninguém me avisou pô, agora não vem ao caso, aqui estou para ocupar novamente o trono e colocar na masmorra os traidores.
BRUXA BAFO DE CANA (revela)
_Eu truxe a velhota do mundo dos mortos com o poder da varinha mágica, a 200 anos que a véia tá viva na masmorra do reino.
JOÃO E O PÉ DE BICHO (opina)
_Morta com certeza tá que o fedor de carniça tá de enlouquecer. Ai que me coça os pé de tanto bicho sô.
CHAPEUZINHO DE PALHA (exalta a verdade do irmão e debocha)
_Olha, meu irmão João dos Pé de Bicho tem as razão, quando coça os pé cheio de bicho vem verdade, ele tem essa cara de fuinha com fome mas fala a verdade. Nóis é da roça mais nóis né besta não.
JOÃO E O PÉ DE BICHO (reclama)
_Ainda enfio o pé bichento nas fuças desse meu irmão Chapeuzinho de Palha.
RAINHA MÃE PERERECA BROCHADA (a rainha mãe tira da meia da perna um papel)
_Trombeteiro seu Coisinha leia a carta do meu retorno ao trono.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (faz cara de nojo ao ver a perna peluda da rainha mãe)
_Me encontre lá no brejo atrás da moita de sogra selvagem, assinado Mestre dos Magros.
RAINHA MÃE PERERECA BROCHADA (se irrita)
_Assuntos do reino, maldição, me dá aqui essa porcaria.
BRANCA DELEVE (debocha)
_Bem assanhado o senhor hein seu Mestre dos Magros.
RAINHA MÃE PERERECA BROCHADA (a rainha mãe tira do peito esquerdo outro papel)
_Aqui está, leia bem alto para que todos no reino de Bucho Grande possam ouvir.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (pega o papel com dois dedos fazendo cara de nojo e lê)
_Trago de volta a pessoa amada, jogo búzios, tarô, tiro a carta da sorte, leio a mão, despacho na encruzilhada e tiro pomba gira do caminho. Vidente e curandeira rainha mãe Perereca Brochada. Mas o que é isso sinhá? Eu tô precisando mesmo de um despacho na encruzilhada é que um bofe…
TROMBETEIRO TRANCOSO (se irrita)
_Cale-se criatura, não vê que essa não é a carta de retorno da rainha.
RAINHA MÃE PERERECA BROCHADA (a rainha mãe tira do peito direito outro papel)
_Maldição, é que com a situação caótica no reino eu tive que me virar na masmorra e fazer uns bicos, trabalho é trabalho meu filho. Essa é a carta de retorno ao trono, leia para que todo o reino saiba que a rainha está de volta.
BRANCA DELEVE (opina)
_Deu para perceber que não se tratava da carta de retorno ao trono.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (pega o papel com dois dedos fazendo cara de nojo)
_Meio quilo de toicinho, 2 quilos de bucho de bode, 1 quilo de papada de porco e 2 litros de xixi perfumado da mula sem cabeça. Cruzes em credo sinhá.
RAINHA MÃE PERERECA BROCHADA (a rainha mãe tira da bunda a carta de posse do trono, seu Coisinha faz cara de nojo)
_Me dá isso aqui que é para um despacho de um importante político do reino de Bucho Grande.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (coloca dois dedos no nariz e abana a outra mão no rosto)
_Cruzes em credo, 300 anos que essa rainha não lava essa bunda nem urubu baixa aí mais, misericórdia meu pai eterno como fede essa desgraça dessa véia defunta.
RAINHA MÃE PERERECA BROCHADA (entrega a carta a seu Coisinha)
_Aqui está a bendita carta, leia em voz alta meu rapaz.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (ainda com os dedos no nariz lê a carta)
_Eu, rainha mãe, tomo posse do trono que me é de direito e condeno a todos ao quarto escuro. O quê?
RAINHA MÃE PERERECA BROCHADA (ordena)
_Cavaco de Unha leve todos para o quarto escuro e depois se entre, o castigo mais cruel do reino de Bucho Grande cairá sobre vossas cabeças, a abominável boca de burro. (uma voz em off fala “boca de burro”)
e não tem trombeta dessa vez não, entra todo mundo
TROMBETEIRO SEU COISINHA (reclama)
_Até eu sinhá que lhe sou fiel.
RAINHA BROCHADA (questiona)
_ Eu também mamãe?
RAINHA MÃE PERERECA BROCHADA (irritada)
_Eu falei todo mundo.
BRANCA DELEVE (ri e coloca a mão na boca)
_Até que enfim vou conhecer esse tal de quarto escuro e me lascar toda.
A rainha mãe Perereca Brochada vai para o quarto escuro e fecha a porta, logo sons estridentes são ouvidos (galinha cacarejando, bode berrando, jumento relinchando, elefante bramindo, leão rugindo, cachorro latindo, gatos brigando, vidros quebrando e Uiiii Aiiiii, aí! Não, aí! não)
BRANCA DELEVE (sai do quarto escuro descabelada, arrastando a bolsinha rosa no pé, olho roxo e sem a barriga de grávida, ouve-se um bebê chorando ao fundo é Judicéia que nasceu)
_Ai! Ui! Ai! Como dói minha cacunda gente, tomei um coice bem no zóio da cara, Ai! perdi a bunda e a barriga, (coloca a mão na bunda e na barriga) espera, a bunda tá aqui, cadê a barriga? (um bebê chora ao fundo) meu pai eterno nasceu Judicéia, filha de minhas entranhas (corre ao quarto escuro e pega o bebê)
A GATA BARRAQUEIRA (sai do quarto escuro descabelada, olho roxo, o pano que estava na cabeça amarrado no pescoço, pega uma garrafa da chora dragão e bebe um gole)
_Ai! Ui! Ai! Gente me lasquei toda, tomei uma voadora que me deslocou o queixo e trincou os dente da frente.
CACHINHOS QUEIMADOS (sai do quarto escuro descabelada, olho roxo e a flor amarela ficou roxa)
_Ai! Ui! Ai! Como dói, Jogaram um elefante na minha cabeça, como dói coitadinha, se bem que aquela bunda que veio sobre mim era de anta, fiquei com aquele trambolho agarrado na cabeça, nem sei como consegui escapara viva.
CHATO DE BOTAS (sai do quarto escuro descabelado, olho roxo e sem uma das botas)
_Ai! Ui! Ai! Eu tomei uma fungada e uma mordida bem aqui no pescoço mas me vinguei, dei um pé na bunda do fungador descarado. E a bota? Cadê a bota? Ai que me gela até os calo na perna pelada quando penso onde estará minha bota furada.
Chapeuzinho de Palha sai do quarto escuro montado nas costas de seu irmão João e o Pé de Bicho.
JOÃO E O PÉ DE BICHO (sai do quarto escuro descabelado, olho roxo, embornal amarrado na cabeça e sem um dente)
_Ai! Ui! Ai! Eu tenho a leve impressão que estou a carregar em minhas costas um jumento. Aí que me coça os pé de tanto bicho sô.
CHAPEUZINHO DE PALHA (sai do quarto escuro nas costas do irmão descabelado, olho roxo, chapéu de palha substituído pelo penico da rainha mãe)
_Ai! Ui! Ai! Olha, meu irmão João dos Pé de Bicho tem as razão, quando coça os pé cheio de bicho vem verdade, espera, que verdade nada que jumento é vosso irmão. Epa! Tem coisa errada aí, quem é o irmão do João? Não respondam. Nóis é da roça mas nóis né besta não.
TROMBETEIRO TRANCOSO (sai do quarto escuro descabelado, olho roxo, bigodão continua na testa)
_Ai! Ui! Ai! Que dói até o bigode, como eu vou explicar lá em casa uma situação dessas, maldito dia em que aceitei esse emprego de trombeteiro.
CAVACO DE UNHA (sai do quarto escuro descabelado, olho roxo e boca suja de batom)
_Um tarado me atacou, o pior foi sentir o bafo de cana e de chiqueiro. Aquilo não era uma boca, aquilo era uma fossa transbordando.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (sai do quarto escuro descabelado, olho roxo e mancando, cabeça enfaixada)
_Ai! Ui! Ai! Se eu pego quem me encheu a cabeça de cascudo, ah! Se eu pego.
BRUXA BAFO DE CANA (sai do quarto escuro descabelada, olho roxo e faltando um dente, varinha mágica quebrada, gato enrolado no pescoço com a língua de fora e um curativo na cabeça)
_Ai! Ui! Ai! Me deram uma voadora que se foram quatro dentes aqui do fundo (olha para a varinha quebrada e arregala os olhos) maldito reino de Bucho Grande, ainda faltavam dez prestações do carnê das casas Bahia pra terminar de pagar a bendita varinha mágica.
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (sai do quarto escuro cabeça enfaixada, olho roxo e mancando)
_Ai! Ui! Ai! O que tinha de furúnculo estourou gente, vomitei 40 ratazanas e 20 escorpiões que comi.
A bota de Chato de Botas está grudada na bunda da Dragão Bunda de Anta
CHATO DE BOTAS (irritado)
_Devolve minha bota que essa bunda ela não calça. Ajuda arrancar gente que a bota garrou bem no meio do olho do furacão.
CORCUNDA DENTE DE MULA (descabelado com a cabeça enfaixada e a corcunda na bunda)
(sai do quarto escuro reclamando) _Vou te contar, me deram uma rasteira ali que eu vi foi estrela(entra no palco, arregala os olhos e geme) _Hiiiiaaaa.
ESCRAVA MUCAMA (sai do quarto escuro descabelada, olho roxo e um cartaz no pescoço escrito “batam aqui na orelha que o resto se acabou”)
_Ai! Ui! Ai! Se tiver mais quarto escuro gente batam aqui nessa orelha que o resto se acabou.
RAINHA BROCHADA (sai do quarto escuro descabelada, olho roxo, perna enfaixada, boca suja de batom)
_Ai! Ui! Ai! Me lasquei toda mas um eu beijei.
CONDE SUSPIRO NAS VENTAS (sai do quarto escuro descabelado, olho roxo e boca suja de batom)
_Ai como era comprido, grosso e quente, o milho cozido que comi na masmorra e eu não me lembro onde foi que enfiei o sabugo, não respondam, estou a precisar dele pois aqui na idade média papel higiênico é o que não tem.
TROMBETEIRO SEU COISINHA (sai do quarto escuro descabelado, olho roxo, boca suja de batom)
_Ai! Ui! Ai! Que me dói tudo até a unha do dedão. Bem que eu desconfiei, foi o senhor né seu cuspiro, o tarado que me atacou.
A BELA ENTROMETIDA (sai do quarto escuro descabelada, óculos fundo de garrafa com uma perna caída, olho roxo)
_Ai! Ui! Ai! Minha cacunda, como dói gente. Quebraram-se aqui umas três costelas. (cai no chão e começa a roncar)
Branca Deleve pega uma jarra de água e joga no rosto da Bela Entrometida
BRANCA DELEVE (devagarinho)
_Acorda minha filha que isso aqui não é conto de fadas não, bora ralar.
A BELA ENTROMETIDA (acorda assustada)
_Quem matou Odete Roitman foi a Leila, eu vi a novela. (expressão de dor) O que foi que aconteceu? (esfrega a bunda) Onde eu tô? Quem foi? Quem morreu?
BRANCA DELEVE (responde)
_A rainha mãe e a rainha filha, essas morreram mas já voltaram.
CORCUNDA DENTE DE MULA (geme)
_Hiiiiaaaa.
ESCRAVA MUCAMA (se apressa)
_Eu traduzo, somente eu conheço a língua “dente de mula”
CORCUNDA DENTE DE MULA (geme)
_Hiiiiaaaa.
ESCRAVA MUCAMA (traduz)
_Eu tenho um segredo a revelar.
BRANCA DELEVE (balança a mão no rosto e faz cara de nojo)
_E, peidou de novo o lobisomem? Essa criatura tem um jumento morto dentro dessa pança.
CORCUNDA DENTE DE MULA (geme)
_Hiiiiaaaa.
ESCRAVA MUCAMA (traduz)
_isso também, mas o segredo mais grande é outro.
CORCUNDA DENTE DE MULA (geme)
_Hiiiiaaaa.
ESCRAVA MUCAMA (olha o Corcunda Dente de Mula de cima abaixo e traduz)
_Coisa ridícula. Eu sou o príncipe encantado, me dei mal quando aceitei 20 sacos de farinha de sogra selvagem para beijar de língua a Bruxa Bafo de Cana e ela me transformou no Corcunda Dente de Mula.
Ooooooohhhhhhhhhhh! A Bruxa Bafo de Cana arregala os olhos
A GATA BARRAQUEIRA (puxa o Corcunda Dente de Mula pelo braço direito)
_Bruxa safada, o corcunda é meu, digo o príncipe e ninguém rela nele.
BRANCA DELEVE (entrega Judicéia ao anão)
_Toma que a filha é sua.
BRANCA DELEVE (puxa o Corcunda Dente de Mula pelo braço esquerdo)
_Quem disse? A boca de mula é minha e ninguém tasca.
CHATO DE BOTAS (debocha)
_E rapaiz, virou briga de foice. Ai que me gela até os calo nas bota furada quando vejo um lobisomem em disputa.
BRUXA BAFO DE CANA (por trás coloca o rosto paralelo ao rosto do Corcunda e o trava com as mãos pela barriga)
_Epa! O corcunda na bunda é meu, vem cá amor, me dá mais uma beijoca aqui vai. (faz biquinho)
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (puxa o Corcunda e o gruda junto ao corpo, Corcunda faz cara de nojo)
_Para acabar com a confusão quem fica com o boca maldita sou eu.
CONDE SUSPIRO NAS VENTAS (irritado grita)
_Parem com essa palhaçada, eu me declaro rei de Bucho Grande e condeno a todos a sofrerem a “linguada da mariposa febril”.
BRANCA DELEVE (grita)
_Corre cambada...
Todos saem do palco e fecham-se as cortinas.
FINAL
Abrem-se as cortinas, o cenário é o quarto escuro.
CONDE SUSPIRO NAS VENTAS (olha para todos os lados)
_Eu sei que estão todos escondidos no palácio, eu os encontrarei e todos serão torturados com a infalível “linguada da mariposa febril”. (solta uma estrondosa gargalhada)
Todos estão deitados e escondidos, o Conde Suspiro nas Ventas entra no quarto escuro, Mestre dos Magros solta um estrondoso pum, a escrava Mucama dispara a rir e eles são descobertos.
A escrava Mucama começa a rir baixinho e dispara a gargalhar alto.
RAINHA MÃE PERERECA BROCHADA (debocha)
_E, agora fedeu que nem meu penico socorre.
ESCRAVA MUCAMA (se levanta)
_Não fui eu nem o Mestre dos Magros, foi judicéia.
BRANCA DELEVE (rebate a acusação)
_Foi nada, Judicéia nasceu de minhas entranhas e tem quem a defenda. Peidar ela não peidou não, mas tá toda cagada (coloca a mão no nariz e com a outra abana o rosto) ah isso tá. Toma que a filha é sua(entrega Judicéia ao Anão) vá trocar a gambá, digo a filha de suas entranhas.
ANÃO DA BRANCA DELEVE (com a mão no nariz e sai de cena)
_Tudo eu, tudo eu…
CONDE SUSPIRO NAS VENTAS (coloca os dedos no nariz e balança a mão)
_Eu ouvi bem, foi o velhote da caverna do dragão que se aproveitou do bebê cagão para lhe imputar culpa e escapar da fúria da lambida da mariposa febril.
MESTRE DOS MAGROS (se rebela e desabafa)
_Chegaaaaaaaaaa, eu passei a peça inteira calado, levando trombada de saracura, coice de jararaca barbada, pescoçada de girafa ensebada, vareta de virar tripa de bode, perneta zaroia e ainda tive que me submeter a abominável boca de burro (uma voz em off fala “boca de burro”), não aguento mais, agora eu vou falar. Aqui oh! (dá uma banana com o braço) para quem escreveu isso, me lascou a peça inteira rapaiz. Me culparam o tempo todo pelas crianças ficarem presas na caverna do dragão, eu não sou o culpado. Aqui oh! (dá uma banana com o braço e corre)
CAVACO DE UNHA (acusa e aponta o dedo)
_O peidorreiro é Mestre dos Magros, pega ele.
Todos correm
ESCRAVA MUCAMA (corre)
_Me espera Mestre dos Peidorreiros.
DRAGÃO BUNDA DE ANTA (corre)
_Pica a mula gente…
CONDE SUSPIRO NAS VENTAS (grita e sai correndo)
_Ninguém foge, chegou a minha vez de torturar, esperem a linguada da mariposa febril.
FIM